Jojo’s Part 4: Diamond is Unbreakable, Kuma Miko, My Hero Academia – Primeiras impressões
Estou tão atrasado nas primeiras impressões que tem anime que já tá no segundo episódio, né? Mas bom, eu acho sempre interessante saber a opinião dos outros, e tem ainda quem não assistiu, então não é como se esse artigo fosse inútil, não é?
No primeiro artigo de primeiras impressões dessa temporada eu comentei o que achei de Mayoiga, Terra Formars Revenge e Re:Zero Kara Hajimeru Isekai Seikatsu, dá uma lida lá se ainda não tiver visto!
Nesse artigo falo sobre minha experiência com o quarto arco de Jojo’s Bizarre Adventure, a comédia slice of life Kuma Miko, e o candidato a próximo battle shounen queridinho My Hero Academia.
Jojo’s Part 4: Diamond is Unbreakable, episódio 1 – Gostei do Josuke
No começo de Stardust Crusaders uma coisa me chamou atenção: o Joutarou era chato. De poucas palavras, de pouco movimento, ele era como um móvel presente em todas as cenas, um armário grande e ocupando o espaço de um personagem. Entenda: eu tinha acabado de assistir Battle Tendency, com o irascível Joseph Joeastar como protagonista, personagens e combates cada vez mais intensos um atrás do outro, várias reviravoltas no enredo. E daí eu sou apresentado ao Joutarou. Tá bom, a ameaça era até boa, eu tinha alguma esperança na história embora ela não tenha começado assim tão incrível. O Joutarou lutou contra seus primeiros aliados, assim como Joseph lutou contra o Caesar Zeppeli, mas enquanto em Battle Tendency o relacionamento entre Joseph e Caesar permaneceu tenso até o final, o Kakyoin e o Polnareff não tiveram mais grandes problemas com o Joutarou ou mesmo entre si. Haviam rusgas aqui e ali, mas era sempre bobagem, e era sempre apenas piada. E o pecado inominável: o Joseph, aquele Joseph que eu tanto admirava, virou um velho gagá fazendo cosplay de Indiana Jones. Mas eu gostei bastante do final, minha avaliação de Stardust Crusaders é no geral positiva graças ao arco do Egito.
Tudo isso para contextualizar e explicar porque eu estava bastante cismado com a quarta parte. Diamond is Unbreakable seria igual a Stardust Crusaders, com um protagonista sem graça e uma história em grande parte inconsequente? Ou será que conseguiria ser ainda pior? Para o meu alívio, pelo menos nesse primeiro episódio não parece ser o caso. O Josuke ainda não é tão legal quanto o Joseph foi, em seu auge, mas ele é bastante interessante a seu próprio modo. Criado apenas pela mãe, sem conhecer seu pai, possuidor de um poder que ele não deve entender mas já consegue usá-lo ao seu bel-prazer, Josuke é um adolescente normal, bem educado até, preocupado com os outros e em não causar problemas. E seu stand é parte definidora de sua personalidade. Mesmo provocado fisicamente ele não reage, ainda que saiba que pode acabar com qualquer um num piscar de olhos. Para quê fazer isso, para quê criar mais confusão, mais estrago, mais ressentimento, se ele pode afinal consertar todo o estrago depois? Após descobrir ser herdeiro de uma fortuna ele fica a um passo de rejeitar apenas por descobrir que sua própria existência causou uma baita confusão na família de seu até então desconhecido pai. Josuke é um bom menino. Não no sentido de menino bonzinho, domadinho, mas no real sentido da palavra: ele é de verdade uma boa pessoa.
O que talvez tenha a ver com sua família e sua criação: seu avô materno é um policial. Criado apenas pela mãe é provável que ele tenha enxergado no avô o exemplo masculino que faltou para ele enquanto crescia. De sua mãe ele provavelmente herdou a tendência a estourar de raiva de vez em quando. No caso dele, quando falam mal ou quando ele entende que falam mal de seu penteado. Que aqui entre nós, parece um bife, um hambúrguer ou uma sola de sapato, não é?
Kuma Miko, episódio 1 – Tudo muito lindo, tudo muito fofo, mas…
Esse é um dos animes que eu estava mais ansioso. Sério, eu sou desses. Gosto de slice of life, animes com garotas fofinhas e cenários bucólicos. E de comédia de absurdo. E Kuma Miko prometia (e cumpriu) ser tudo isso! Trailers há meses já anunciavam o anime. Estava tudo no esquema, eu estava preparado, eu estava animado, eu estava ansioso.
E começou o episódio. A Machi era bonitinha, fofinha e desajeitada na medida certa, e Natsu, o urso, era uma piada ambulante. Quero dizer, não tão ambulante assim porque ele fica parado a maior parte do tempo, e isso é parte da graça quando a Machi por razão nenhuma derruba ele no chão e ele continua imóvel deitado falando e falando. Os diálogos entre os dois foram bastante engraçados, não no nível de melhor comédia de todos os tempos, mas eu ri aqui e ali e estive o tempo todo com um sorriso no rosto. Mas então…
O que diabos foi aquela piada estúpida no final? Quero dizer, vá lá que a lenda de origem do vilarejo envolva zoofilia, em termos estritamente folclóricos isso faz sentido. Mas eu achei bem estúpido para começo de conversa que isso tenha sido contado dessa forma para crianças. E daí foi ladeira abaixo quando a Machi entrou em cena e as crianças logo a imaginaram, bem, você sabe, com o urso. Para não perder a chance de piorar o anime ainda mostra uma representação gráfica da imaginação dessas crianças precoces, com uma Machi nua, apenas suas partes cobertas, e o Natsu por cima. Desnecessário, sem graça, ofensivo.
A minha esperança é que, dado que isso foi iniciado por um personagem coadjuvante, piadas desse tipo não se repitam mais. Caso sejam uma constante no anime ele será uma das minhas maiores frustrações da temporada.
My Hero Academia, episódio 1 – Por enquanto nada novo
Realmente não há nada para falar sobre episódio que já não esteja na sinopse. Se você conhece a sinopse de My Hero Academia, você não tem com o que se impressionar nesse episódio. Izuku, o protagonista, quer ser um herói em um mundo onde boa parte da humanidade nasce com super-poderes. O problema: ele não é um desses. Mesmo assim ele está determinado a ser um herói e … é isso que vemos nesse episódio. Ele ficou super-chateado quando descobriu que não desenvolveria nenhum super-poder ainda criança, chegou a parecer até mesmo traumatizado mas assumo que ou sua mãe contratou um psicólogo para ajudá-lo a superar isso ou como é anime mesmo ninguém liga, era engraçado vê-lo querer assistir de novo e de novo o vídeo do All Might salvando pessoas e era triste vê-lo chorar e continuar assistindo esse vídeo depois de descobrir que ele não teria poder nenhum. Essa parte do episódio foi isso, muita emoção para pouca história.
E aí tem a parte em que Izuku, já determinado a ser um herói apesar de não ter poderes, ajuda a mostrar para o espectador o que está errado no mundo atualmente. E essa parte é onde My Hero Academia audaciosamente vai aonde vários outros animes já foram antes. Existe um esquema básico para animes e mangás com super-heróis estilo ocidental como tema: os super-heróis em sua maioria (ou pelo menos os mais relevantes para o enredo) são egoístas e usam seus poderes para aumentar sua fama e prestígio, ou dinheiro, ou em casos extremos para se vingar de alguém, existe uma organização governamental ou não à qual os super-heróis devem se filiar (e não é incomum que ela esteja envolvida nos grandes malfeitos da história), e o protagonista mostra indiretamente, pelo seu exemplo altruísta, o que é ser um herói de verdade.
Tiger & Bunny foi assim. One Punch Man foi assim. Concrete Revolutio, em que pese seu tema ser mais amplo do que apenas super-heroísmo, no que diz respeito à super-heróis é em grande parte assim. Ratman, um bom mangá que eu duvido que alguém conheça, é assim. Adoro todos eles porque cada um deles tem características próprias construídas em cima dessa fórmula básica que os tornam interessantes. Usando os termos do próprio anime, eu ainda não sei qual é a “individualidade” de My Hero Academia.
Uber
Ou os japoneses são muito fãs de Watchmen ou eles não gostam de heróis americanos!
É curioso isso, talvez seja causado pela diferença cultural.
E aí eles aproveitam para mostrar o seu jeito certo de ser herói.
Mas o que eu queria entender sobre os japoneses é como eles acham aceitável que um personagem como aquele moleque que persegue o protagonista pode ter a pretensão de se tornar um herói se age como um vilão!
Fábio "Mexicano" Godoy
Eu tenho outra teoria: eles estão apenas reduzindo muito todas as possibilidades de um elemento cultural (o super-herói) a apenas uma, que é a que vemos retratada. Mais ou menos o que fazemos aqui no ocidente com ninjas e samurais.