Tenshi no 3P! – ep 6 – Laços de Família
Fazia tempo que eu não chorava tanto com um episódio de anime. Se querem saber o porquê, leiam essa análise do sexto ep de Tenshi no 3P!
Antes de mais nada gostaria de deixar claro meu apreço a histórias divididas por episódios onde algo apresentado no começo acaba sendo de suma importância no final, claro que acho melhor quando isso é feito de forma a não parecer muito conveniente e forçado. E foi exatamente isso o que ocorreu dessa vez em Tenshi, já que o episódio começa com um senhor olhando uma foto de uma mulher e um homem, logo pensei que essa mulher seria a mãe de alguma das órfãs e não poderia estar mais certo!
Sim, dessa vez o anime deixou suas piadas de duplo sentido de lado para apresentar um enredo mais sério focado na pequena baixista Nozomi e em seu avô materno, um senhor inglês que havia rejeitado sua mãe que fugiu para viver com um japonês e com a qual aparentemente só tinha contato por fotos. De quebra, com isso conhecemos mais da história da garota, o fato de que ela se lembra da mãe e sofreu com a morte dela – o pai faleceu assim que ela nasceu – e a bela forma como suas irmãs e o Master a acolheram em seu novo lar.
Uma coisa legal disso tudo, para mim, foi ver como as coisas se encaixaram bem já que por consequência da repercussão do PV o avô da garota foi capaz de encontrar sua neta – que só conhecia por fotos de quando era bebê – e então ir ao seu encontro. Acho algo meio estranho a mãe não ter um contato maior com o próprio pai, mas pensando nas mágoas que ela devia ter por ter sido rejeitada, acho que podemos dar um desconto, além de que, por ele morar em outro país acredito que isso deve dificultar o processo de adoção de uma criança por N motivos que não acho necessário tentar debater agora. No fim das contas esse “desencontro” entre avô e neta acaba por parecer não tão incoerente – apesar de meio escasso de detalhes.
O importante mesmo é que apesar de explicações simples para coisas que ficariam melhores se fossem mais detalhadas, tivemos um episódio onde o anime manteve a sua essência de simplicidade e ainda assim conseguiu trabalhar bem o drama da criança que do nada vê sua vida virar de cabeça para baixo ao ter que escolher entre ir morar com o avô em outro país ou ficar com aqueles que não são seus parentes de sangue, mas sua família de coração.
Quanto a isso o protagonista desempenhou um papel importante, já que ele ao colocar a decisão sobre os ombros da Nozomi acabou por levá-la a pensar que as pessoas a sua volta – as garotas, o Master e ele – ficariam bem mesmo sem ela, quando na verdade ele pensava que seria egoísta da parte dele pedi-la para ficar e privá-la de outra possível forma de ser feliz. No final ela acaba escolhendo ir para a Inglaterra e em meio a um clima triste de despedida aparece uma loli para salvar o dia!
Sim, é sério kkk, falo da Imouto do Nukui, pois ao sair com ela para se divertir – em uma tentativa de “fugir” de toda essa situação – a garota lhe dá um puxão de orelha mostrando que maturidade muitas vezes não tem nada a ver com a idade e sim com ter a capacidade de encarar os problemas de frente e ser honesto consigo mesmo e com o próximo, tentando encontrar uma solução que satisfaça da melhor maneira possível a todas as partes. É seu conselho que o faz acordar, mais ou menos o que ocorreu quando a Sakura o falou que não poderia dizer para as garotas se enturmarem quando ela mesma não fazia isso.
Okay, podemos dizer que o protagonista não tem lá muito carisma natural – o que é verdade – e que ele precisar, de novo, levar um safanão para se tocar de como deveria agir o torna meio idiota? Sim, talvez o torne, mas acho que o importante aqui é que ele age, ele pode errar por ponderar demais na tentativa de preservar os outros, mas ao menos se dá a chance da dúvida, se presta a ouvir o próximo para assim tentar ver algo de errado em si e tentar melhorar a partir daí. Acho que isso o torna um bom personagem, até porque ele novamente teve coragem para agir – mesmo que aos 45 do segundo tempo! – e colocar tudo em pratos limpos.
No final foi isso o que aconteceu, ele mostrou na prática que às vezes é bom ser egoísta, às vezes deixar claro para a pessoa o quanto você gosta e precisa dela é bom, pois se essa pessoa sente o mesmo ela pode pôr na balança o que realmente a faz feliz, e foi o que ele fez, já que deixou claro que na verdade queria que ela ficasse e assim a Gotou e a Sora se sentiram livres para fazer o mesmo, protagonizando uma cena linda onde a inocência e a sinceridade da infância se destacaram em meio às lágrimas e aos pedidos para que alguém que se ama continuasse por perto.
A segunda coisa mostrada no começo que teria importância no final foi a música composta pelo Nukui, a qual ele pediu para as garotas escreverem uma letra pondo seus sentimentos nisso. É de se pensar que garotas de 10 anos não teriam lá muito o que escrever em uma letra de música, mas se a vida de uma delas passa por uma reviravolta inesperada que a faz chorar e sofrer, ficando incerta quanto aos seus próprios sentimentos e o seu futuro, escrever uma letra não parece mais algo tão difícil e é isso o que ocorre. Mais uma vez rendendo uma ED especial onde a nova música tocada foi letrada pelas garotas – principalmente pela Nozomi, creio eu.
ED especial essa que para mim foi a “cereja do bolo” – o momento no qual minhas lágrimas desataram a sair –, pois fiquei tocado com as imagens dela com sua nova família, encontrando um lugar para chamar de seu ao se deparar mais uma vez com a felicidade.
Acho que sou fraco para chorar, pois meus olhos estão marejando agora mesmo enquanto escrevo isso, e acredito que isso se deva ao fato de que o anime conseguiu fazer com que eu me envolvesse emocionalmente com os personagens ao ponto de sofrer e ficar feliz se um deles for embora ou ficar. Para mim uma história já é minimamente bem-sucedida a partir do momento em que consegue cativar o telespectador ao ponto de fazê-lo chorar, se sensibilizando com problemas de personagens fictícios, se sentindo ligado a eles.
Gostaria só de falar de mais uma coisa importante – talvez a mais importante de todas – antes de acabar o artigo. Sabe o que me deixou mais feliz com esse episódio? Foi ter visto que os laços de uma família não têm nada a ver com sangue, mas sim com o tempo que você passa com aquelas pessoas. Rindo e brigando, conversando e se “aturando”, sendo gentil e raivoso, acertando e errando, amando sem pedir nada em troca. Isso é amor, isso é família de verdade! E foi por isso que a Nozomi ficou com sua família adotiva, pai e irmãs que nem têm a mesma genética que ela, mas a amam e se tornaram um porto seguro que ela pode chamar de lar.
Acho lindo o fato das órfãs serem personagens principais nesse anime e de elas não serem estereotipadas como “coitadinhas infelizes”, mas sim como pessoas que apesar de terem sofrido conseguiram reencontrar a felicidade. Esse anime – mesmo que não tenha essa intenção – mostra o quão lindo e incrível é o ato da adoção e acho que esse é um fato a ser celebrado por quem acompanha a obra.
Ademais só gostaria de falar – lá vou eu me alongando de novo kkk – que o nome da banda sugerido logo pelo avô “rejeitado” foi uma ótima sacada da história, pois deu para perceber que ele não nutria mágoas pelo acontecido e que na verdade acreditava que o que presenciava ali eram verdadeiros laços de família compartilhados entre aquelas pessoas. “Lien de famille”, “Kazoku no Kizuna” ou “Laços de Família”; não importa a língua, o que importa é que o amor é uma linguagem universal e que uma família deve sim ser uma representação genuína disso.
Esse episódio foi simples, ótimo e tocante! Me desculpem o textão, mas é que eu precisava falar tudo isso sobre ele e até gostaria de falar mais, mas acho que devo tentar ser um pouco mais como o próprio anime: simples e objetivo, mas sem deixar de passar uma mensagem.
Até a próxima, fãs da Kazoku no Kizuna!