Você está passando pela rua e, de repente, vê uma revista pornô no chão – páginas ao vento e afins. Você olha para os lados na esperança de não encontrar ninguém. Hesita algum tempo parado e, quando finalmente decide seguir o caminho da felicidade, elas (como o esperado) surgem – as famosas opções: comer ou esfregar na sua cara. Bem, eu sou Luiz Henrique, isso é Noucome e eu ainda quero saber o que você faria!

O anime, na verdade chamado de Ore no Nounai Sentakushi ga, Gakuen Love Comedy wo Zenryoku de Jama Shiteiru (algo como: Minhas Escolhas Mentais Estão Atrapalhando Completamente Minha Comédia Romântica Escolar), foi produzido em 2013 a partir de uma série de light novels e tem uma capacidade de me fazer achar graça das grotescas situações que o jovem Kanade Amasuka (ensino médio; chefe do harém; sim, padrãozão mesmo) é colocado pela artimanha (dando um ar de realismo mágico ou algo do tipo) da “escolha absoluta”.

Esse recurso, apregoado a todo (até o mais improvável) momento como uma maldição, força o jovem a decidir entre normalmente duas ou três escolhas, sem nunca dar-lhe a chance de decidir quais sejam essas. Mas tudo estava destinado a mudar quando, a partir de uma escolha (sim, elas movem a história e as pessoas), Kanade se vê diante de uma enviada por uma divindade que os uniu na tentativa de completar várias missões. Seu nome é Chocolat (loira; peituda; comilona; sim, padrão também).

 

Começou burlando empresas telefônicas…

 

“A vida é feita de escolhas”.

 

“Todo Homem é o arquiteto de seu próprio destino”.

 

Além dela, a presença de Ouka Yuouji só torna a série em algo mais louco ainda. Ela é filha de um CEO de uma empresa que fabrica mais coisas do que você vai poder contar ao assistir. Sua hiperatividade e estilo “não tem nada na cabeça” (mas na maioria das vezes vai ter só merda naquela cuca mesmo…) ajuda a construir esse harém que, apesar de todos as mesmices, é diferente, em seu próprio jeito.

Para te ajudar a acreditar nisso, vejamos: tem uma amiga de infância do protagonista? É claro! Mas não para ai. Ela é a garotinha mais viciada em nee e nii-chans que eu já vi (mas sinceramente nem eu sei se já vi outras…). Tem uma professora infantil que nunca deu sinais de superdotação, mas está lá apenas por algum capricho doentio do autor? Q-que!? Peraí, tem sim! Há outro personagem masculino só pra dizer que não existe apenas o protagonista? Sim! E ele não poderia cumprir melhor o seu papel:

 

Típico caso de concorrência desleal ou asfixia programada. Você decide.

 

Outra característica interessante de Noucome é que ele distribui os principais personagens. Se os que eu descreverei em seguida são os populares, os descritos eram (pelo menos alguns) o grupinho dos…? (você decide, ou veja o anime. De qualquer forma você é quem decide, né?). As principais (por que sim, ainda faltam alguns clichês serem reformulados, ou não) dessa “classe” são: a típica presidente do conselho (dos sádicos de plantão) estudantil, com seu papel mais improvável do que a média delas em outros animes; a convidada pura, inocente e idolatrada; outra que (com toda certeza não…) abusa de cirurgias estéticas e um cara bonitão que aparece alguns segundos ao longo dos dez episódios e da OVA (acho justo).

 

Um pouco mais (ou um pouco menos) do mesmo. Você decide.

 

Bem, após todas as descrições feitas, esse anime ainda nos permite ir um pouco além. Nele, você não vai apenas ouvir erabe! 50 vezes por episódio como, também, tenho certeza de que vai rir muito com todos os contrassensos e todas as possibilidades muito bem aproveitadas e trabalhadas por um roteiro pouco monótono. Uma capacidade que eu considero interessante para analisar os animes os quais eu assisto é tanto o diálogo que a obra faz com o real (comigo, com você, com nossas ações…) como a mudança do antigo em prol de um novo bom. Essas duas características estão presentes nessa animação que (eu não faço ideia do porquê) infelizmente não é muito divulgada.

A proposta de reflexão da obra me parece clara (e se faz assim) desde o início e soa mais ou menos assim: até onde somos obrigados a escolher entre opções que não controlamos? A despeito de toda a comicidade e bizarrice das situações, essa semente é plantada na cabeça de quem o assiste com certo impacto. Se você quiser descobrir algo mais a respeito disso, você tem algumas opções: assistir ao anime, rir e tirar suas próprias conclusões; assistir ao anime, rir e tirar suas próprias conclusões ou assistir ao anime, rir e tirar suas próprias conclusões; 選べ!

E é isso! Espero que tenham gostado da resenha (ou pelo menos desse plot insano – você decide). Pelo conjunto da obra eu vou de 3,5 estrelas – afinal, nem tudo são flores né? Mas de qualquer forma, recomendo. Diferente, leve, engraçado…

 

Revista ao vento. Particularmente, não curto comer papel… Mas você decide.

  1. Pelo contexto de venda da obra, quantidade de material original e tempo decorrido, sem outros indicadores de interesse de produtoras ou estúdios, a chance de uma segunda temporada beira a impossibilidade.

Comentários