Logo no início, um pouco do passado da Chuka é revelado e essa é uma tendência bastante influente na obra: mostrar pedaços específicos e de maneira rápida e funcional pra manter quem assiste interligado. Ao longo das interações e das peripécias que o protagonista vai colecionando e adicionando ao seu arsenal, nós ficamos com algumas perguntas em mente, sobretudo: onde tudo isso vai acabar!? Essa é a segunda parte da análise de GATE e você está convidado para acompanhar as aventuras bem reflexivas sobre os limites entre humanidade e estado de natureza.


Ao longo desses episódios, uma máxima que ainda tinha sido pouco explorada pela obra se evidenciou com mais força: os motivos – em ermos específicos e declarados – para a incursão militar. Além disso, a forma utilizada pelo autor para exprimir essa perspectiva foi ainda mais impactante ao escolher outro integrante do exército e elencá-lo como um possível promovedor de tretas… outro aspecto que nos é mostrado nessa cena é como tudo ocorreu de forma tão brusca e inesperada que acabou comprometendo uma possível “lógica” que deveria nortear todas as intenções dos chefes de Estado ao redor do mundo, mas acabou em algum tipo estranho de pega-pega diplomático em busca de minérios e com altas chances de guerras do nosso lado para alcançar esses recursos .

Analisando a estrutura narrativa dos episódios, não é difícil perceber um padrão de alternância entre o que seria a história corrente e vital para o progresso da trama e os trechos que estão mais voltados para o desenvolvimento, principalmente das heroínas, e de suas personalidades, através se interações cotidianas e exprimem relevância quase nula para a passagem temporal. Diante disso, pode-se ter uma ideia de como essa interessante obra consegue tratar de problemas tão maduros ao mesmo tempo em que nos banha com excelentes momentos de alívio cômico de alta qualidade e ainda integrado ao desenvolvimento de personagens centrais do anime. Isso é GATE.


Com o avançar da trama e o aumento das possibilidades do encontro entre as duas principais linhas da obra: a princesa da capital e sua trupe Vs o protagonista e sua trupe. E tudo isso se concretiza em uma das cidades agrárias daquela região: Itálica. Contudo, as diferentes posições e propósitos dos personagens naquele contexto só colocam o expectador em uma circunstância muito interessante e por que não reveladora – aspecto que essa obra trabalha muito bem, diga-se de passagem.

Outro aspecto tratado ao longo dessa parte mais construtiva, digamos assim: o background da princesa e alguns aspectos relacionados à trupe dela. Além disso, também nos é revelado como o pai ajudou a moldar a trajetória militar e pessoal da sua filha.

Na exata metade dessa parte ocorre o momento que todos estavam esperando: a interação de fato entre as duas linhas narrativas e as circunstâncias e intenções particulares interagindo e tentando se sobrepujar umas as outras. Porém, o timing cômico do diretor falou mais alto: e acabou em porta na cara! E sobrou para o protagonista, obviamente.


Mas logo depois, o episódio mostra seu estilo GATE de ser: posicionamentos geopolíticos e cheios de segundas intenções movidos por momentos de construção de personagens na base de contextos cotidianos e interações meio românticas e meio cômicas, e por momentos de puro jogo de interesses e de discussões (ou pelo menos levantamentos contundentes de temas) que envolvem a maldade, a natureza humana e os limites entre o real e o fantástico ( sempre quebrando os paradigmas do senso comum sobre quais seriam as ações mais pertinentes a cada grupo), fazendo desse anime uma história muito bem construído e corroborando sua fama e posição agraciada pelos inúmeros fãs.

Durante o episódio 6 – sem dúvidas o melhor até agora – o êxtase toma conta não só da loli gótica como de mim também. A forma genial e ao mesmo tempo delicada e sutil de simbolizar a chegada dos reforços nos helicópteros ao som de nada mais nada menos que “A Cavalgada das Valquírias” elevou substancialmente a qualidade da obra e seu potencial de agregação simbólica a quem o assiste. Quanto a isso, eu simplesmente não tenho mais palavras pra fomentar minha afeição pela ideia, tampouco pela execução primorosa e muito bem coreografada de toda a cena.

Depois das maravilhas dessa cena era inevitável uma pequena queda, afinal aquilo foi um ápice raro de se ver mesmo tendo assistido a inúmeros animes antes, mas esse inexorável decréscimo de qualidade foi tão sutil que me surpreendeu e só confirmou o local de direito do sexto episódio: o topo!

Não apenas a simbologia do pegasus de ferro, retomando toda aquela perspectiva de discrepância de poderes e como os seres lidam com isso sob diferentes contextos e motivações, como também os direcionamentos geopolíticos que se estabelecem no jogo de forças (bem unilateral, é verdade, mas ainda assim bastante revelador e interessante) mais para o final do episódio. Até o instante final, o anime manteve-se fiel a dois traços interessantes: o alívio cômico bem desenvolto e natural, e a apresentação oportuna de novas personagens (curiosamente quase todas mulheres ) dando um ritmo diferenciado e agradável ao anime, que só poderia receber minhas 5 estrelas nessa parte.


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