Café com Anime – Kujira no Kora, episódio 3
Bom dia!
O Café com Anime é um bate-papo descontraído sobre animes da temporada entre mim e meus colegas Vinícius, do Finisgeekis, Diego, do É Só Um Desenho, e Gato de Ulthar, do Dissidência Pop.
Continue lendo para ver como foi a conversa da semana sobre o Kujira no Kora, episódio 3!
Agora vocês acreditam? 😛
O episódio foi menos brutal do que eu esperava, mas bom, considerando que eles estão encurralados em um navio-ilha, era isso ou o extermínio ou alguma explicação muito forçada para eles escaparem. Acho que a solução do anime foi satisfatória: uma missão de cada vez, dando a eles tempo para pensar no que fazer enquanto isso.
“Menos” brutal? O episódio foi um massacre! Só não teve mais sangue porque as personagens estavam ocupadas inundando a Baleia com lágrimas. E porque os inimigos vivem em um RPG turn-based, em que você não pode matar o inocente na sua frente se não for na sua fase de combate.
Sério, de todos os “terceiros episódios” até agora, esse foi o que mais me decepcionou. É tanto melodrama que pareceu ter sido escrito pela Glória Peres.
Destaque para o Ouni levando um tapa na cara por ter sido O ÚNICO BANANA DO PAÍS a reagir ao ataque. Só isso já superou todas as piadas de Animegataris.
Eu literalmente nem sei por onde começar a apontar os problemas que eu tive com esse episódio. Vou então primeiro concordar com o Vinicius que a atitude dos vilões foi além do ridículo. Minions idênticos que ficam parados e atacam um de cada vez é algo que eu esperaria de Power Rangers, não desse anime. Em adição, aparentemente ter emoções não é um problema, desde que você seja uma maníaco psicopata. Porque NINGUÉM me convence que aquele moleque de cabelo rosa não tem emoções ¬¬ Ah, e claro, só faltava o trope do povo tão pacífico que prefere morrer de formas horríveis a lutar contra seus algozes… Ainda bem que não parece ser uma crença lá muito forte, já que o moleque que tava afim de iniciar conversas de paz parece ter imediatamente aceitado a crueldade da situação ao ver o Ouni matando uns minions. Sinceramente, em uma semana tão cheia de bons terceiros episódios, Kujira teve provavelmente o seu ponto mais baixo aqui.
Ouni, único protagonista possível. O único com coragem de fazer o que deve ser feito em tempos de gerra, não como agiu o bando de maricas da Baleia de Lama.
Que episódio bisonho. Sei que já foi dito acima, mas foi tão ridículo que preciso repetir, que espécie de invasão foi aquela? Os minions pareciam zumbis com uma péssima coordenação motora, além de um atacar por vez. Se fosse só o fato de um atacar por vez até tudo bem, o problema é que eles simplesmente ficavam parados esperando o pessoal cair em lágrimas, espernear, conversar, e sei lá mais o quê. Era realmente um ataque em turnos, onde os únicos golpes do protagonista eram chorar ou se agarrar na perna do adversário e clamar por misericórdia.
E que solução mais forçada foi aquela para impedir o massacre em cima da hora? Transformar a Lycos em um experimento de campo?
Espero que não continue assim esse anime, se não será uma das maiores decepções da temporada.
Ok, vou ter que defender. De cara, reconheço que a explicação foi apenas mencionada no episódio, que não foi o que pareceu, eles apenas contam depois pra justificar e esperam que a gente aceite. Então, sim, nesse aspecto foi má narrativa. Não sei se é melhor no original ou o quê.
Por que os atacantes eram tão … bom, daquele jeito lá que a gente viu? Segundo entendi, porque aquela não era a força principal de ataque ainda. Eles estavam ali para recuperar Lycos (a ilha-navio, não a garota), e viram a Baleia e mandaram um pessoal pra lá pra ver qual é que era. E aí atacaram. Foram lentos e meticulosos porque estavam, supostamente, analisando e anotando tudo (isso foi muito mal representado). E não mudaram de ideia por causa da Lycos (a garota), no final. Me parece que aquele fosse o plano desde o começo. A missão naquele momento era recuperar Lycos (a ilha-navio), não expurgar os pecadores. Essa era a missão da Lycos (as duas). Que eles assumiram depois e agendaram: daqui a sete dias. Só por causa da garota? Não foi como entendi. Nem havia passado pela minha cabeça, mas vá lá, agora que o Gato disse, assumo que é possível ler dessa forma.
E por que os defensores eram tão … bom, daquele jeito lá que a gente viu? Certamente eram pacifistas de longa data. Do tipo que sequer conhece a violência, que reprime o mínimo ato de violência ou agressividade (até mesmo o bando do Ouni ficou assustado com como os soldados usavam seu poder para assassinato). É uma espécie de bloqueio psicológico que foi incutido neles desde crianças. Acrescente a isso que estavam confusos, que a maioria era muito jovem (imagine a média etária de uma população que 90% tem expectativa de 30 anos), e aí está. Criticar como o anime retratou os atacantes eu acho bastante razoável. Eu estava achando estranho. Mas achei compreensível a retratação do povo da Baleia. Que de todo modo não é, de forma alguma, unânime. Já há dissidências e aposto que haverão ainda mais.
É isso, não vou acrescentar nada por enquanto, estou curioso com esse tema inicial ainda ☺️
Não há “pacifismo” que justifique aquilo. Auto-preservação é natureza humana. Diante do perigo extremo, pessoas ou reagem ou fogem. Ficar discutindo Aristóteles com um cara que já matou dois dos seus amigos é insano. Mas o pior não foi isso: a baleia é um ovo, foi BOMBARDEADA por artilharia, e tinha uma galera ali que parece que só entendeu o que aconteceu no final do ataque. Na real, como essa embarcação sobrevive se não consegue sequer mobilizar a tripulação?
Tentar ver sentido nesse episódio é igual a cartografar as nuvens. A gente pode sofismar ao final dos tempos, mas a explicação é só uma: é o Deus do Roteiro que obriga as personagens a agirem desse e daquele jeito e elas obedecem porque sim.
Concordo que a solução foi desastrada e artificial, mas não foi “porque sim”: foi porque, não fosse assim, não importa o quanto eles reagissem, contra um exército profissional o único resultado possível era a completa aniquilação. Ou isso ou os Anciões revelando que a ilha na verdade escondia um Megazord – e eu acho que essa solução sim teria sido horrorosa. Foi uma armadilha que o autor criou para si mesmo.
De algum modo eu relevei isso e passei o episódio tenso preocupado com quem iria morrer, como iriam reagir, se o Chakuro iria despertar seu poder de uma vez (mais de uma vez ficou implícito que ele tem bastante poder, só não consegue usar direito), e, claro, como iriam sair daquela situação ridícula. A solução escolhida pelo autor foi fraca e a execução no anime pior ainda, mas no geral acabei não ligando para isso.
O problema não foi o resultado final, foi a ação de cada personagem ali. Se estou vendo uma história de massacre, o mínimo que espero é que as pessoas se comportem como pessoas reais em perigo. Se estou vendo uma cena de batalha, espero que o exército siga alguma lógica, não um curso de ação absurdamente aleatório que pode ser usado para justificar qualquer furo no roteiro, daqui ao final dos episódios. Eu só me “preocupo” com seres humanos. Nenhuma das personagens ali agia como humana, então francamente não senti nada. Minha suspensão de descrença foi completamente destruída.
As massas (soldados e o povo anônimo da Baleia) não foram críveis mesmo, mas acho que os personagens nomeados foram pelo menos razoáveis, alguns muito bons. Os amigos do Ouni reagiram, o Chakuro ficou em negação vendo a Sami morta (e ora se defendeu, ora ficou parado patético esperando pela morte porque parecia ser o que ele queria mesmo, em meio ao desespero), o Suou se mostrou um pacifista radical.
Engraçado que a minha suspensão de descrença foi muito mais destruída pelo molequinho psicopata de cabelo rosa. Eu até consigo engolir os minions estilo power ranger e o povo parado sem fazer nada, mas não consigo aceitar o personagem psicopata em um povo que teoricamente deveria ter sido privado de emoções. Alegria e felicidade, mesmo que torpes, não contam como emoções, oras?! Foi nesse ponto que eu percebi que a obra não tem a menor intenção de ser consistente ou coerente em seu universo, o que foi uma grande decepção para mim.
Ele pode ser uma exceção e descobrir porque existem exceções é interessante. Embora, exceção ou não, eu não tenha gostado dele.
Já era sabido que o papo de que sentimentos inexistentes não era tão forte só pelo fato de observar a Lycos no episódio anterior. Mas eu não podia imaginar que eles não davam a mínima para esta questão. Aquele cara de cabelo rosa foi a coisa mais bisonha do episódio, pior do que os minion atrapalhados. Ele era um psicopata sedento por sangue. Eu vi sentimentos até mesmo no irmão da Lycos.
Sei lá, foi como o Vinicius disse, ninguém agiu como humano nesse episódio, tanto os invasores como os atacados. A Baleia de Lama nunca foi totalmente pacífica, se não qual a razão de possuir uma força policial e uma prisão? Claro que tanto a prisão como a força policial são uma grande piada, mas mesmo assim. Espero que isso melhore nos próximos episódios. Eu gostaria de ver o carinha que gostava da governante de fachada que morreu resolver se vingar ou algo do gênero.
A “força policial” é minúscula e, por tudo que entendo, os apenados sempre se entregam sozinhos, não é preciso realmente usar a força (claro que devem ser capazes, precisando, mas é outro nível – nem mesmo policiais bem treinados do mundo real são páreos para um exército profissional). Os “criminosos” também não eram mais do que um bando de crianças arruaceiras. E elas tentaram reagir! Aos prantos, morrendo de medo (e morrendo de morrer mesmo), mas tentaram.
Mas gosto desse foco nos sentimentos. Acredito que a “experiência” a qual a Lycos foi sujeita tenha a ver com isso – e quem sabe no próximo episódio descobrimos porque, afinal, eles são “pecadores”. Os soldados rasos certamente não têm sentimentos, e é útil que seja assim. Quem está acima na cadeia de comando pode evitar, por princípio, sentimentos fortes ou controlar seus sentimentos (aí entra o estoicismo que o Vinícius já citou, por exemplo), mas não parecem se sujeitar ao monstro devorador de sentimentos. Que, aliás, não acredito que realmente devore sentimentos, mas sim que deixe as pessoas em um estado de letargia: o Ouni e o Chakuro pareciam letárgicos após contato com o monstro, e não exatamente sem sentimentos. A Lycos em sua primeira aparição também parecia letárgica, operando em “modo automático”, como foi treinada. E “letárgico” é o adjetivo ideal para descrever o soldado que o Chakuro derrubou e que até onde entendi me pareceu estar vivo e desperto, mas não conseguia mais se mover. Se imaginarem que esses soldados são quase um exército de zumbis, até o comportamento deles passa a fazer um pouco mais de sentido.
Sei lá, quando penso em “zumbis” penso em uma horda ameaçadora sem sentimentos. “Sentimentos” que, aqui, significam a misericórdia, a dor e a fadiga. Todo o propósito de “zumbificar” uma força militar é torná-la menos hesitante que um contingente humano. Não senti isso nos “zumbis” de Kujira. Pelo contrário, como o Diego falou, eles só parecem minions dos Power Rangers.
A mobilidade dos minions de super sentai é muito melhor, nem vem 😛 Enfim, eu pensava nos zumbis de A Noite dos Mortos-Vivos – apáticos, praticamente sem senso de auto-preservação, lentos, usam ferramentas. Mas ignore isso (a comparação) e se foque na apatia/letargia, que de todo modo parece ser um tema oficial do anime.
Mas aí preciso dar razão ao Cat e ao Diego. É impossível vender uma mensagem sobre “apatia/letargia” quando se tem um psicopata cor-de-rosa do lado dos zumbis. Ele é o típico vilão-adolescente-que-grita-com-a-mãe de tantos shounens por aí. Numa série qualquer já seria um problema, mas NESSE anime específico é catastrófico!
Então, como eu disse, não me parece que seja algo forçado a todos. Aos soldados rasos sim, mas os demais claramente operam segundo outros critérios. E não vejo contradição nenhuma nisso.
Considere que eles têm inclusive nomes, o que, descobrimos nesse episódio, a Lycos não tem. Ela era só mais uma da massa apática, afinal.
Sinto-me um idiota preocupando-me com “coerência” em Kujira, uma vez que o anime não parece dar a mínima para isso. Essa discussão que estamos tendo deveria ter sido feita pela equipe de roteiro antes do anime ir ao ar. Se eles não acharam necessário juntar lé com cré, não sei porque eu deveria me dar ao trabalho.
Daqui para a frente, acho que adotarei com Kujira a mesma postura que o Fábio adotou com a segunda temporada de Shingeki no Kyojin. Vou fingir que a série é uma comédia. Vai saber? Talvez o psicopata de peruca rosa pareça mais tolerável dessa forma.
Bom, parece que vocês realmente não gostaram, hahaha, bom, não há nada o que eu possa fazer, esse episódio foi polêmico mesmo e tenho visto tanto gente que gostou quanto gente que não gostou. Então, só para chutar cachorro morto, o que foi que acharam mais errado nesse episódio, e por quê?
O que eu achei de mais errado? Não sei nem por onde começar. A direção do episódio como um todo pecou na construção de um momento importante de tensão para a trama, apresentando reações esquisitas dos personagens, o que conferiram comicidade ao invés de seriedade.
Esse filhote de uma égua
Não só porque ele tem um péssimo senso estético. Não porque ele é uma crassa incoerência com a baboseira de “apatia” que o anime tentou nos enfiar (a despeito dos protestos do Fábio ao contrário). Mas porque ele me faz sentir que estou sendo manipulado. Ele é um personagem desprezível, feito de propósito para irar o espectador. E ao sentir raiva dele, sinto que estou fazendo o jogo do anime.
O vilão-adolescente-que-grita-com-a-mãe é para o drama o que as cócegas são para a comédia. Sim, elas te fazem rir, mas não significa que o cara que está cutucando a sola do seu pé é um bom comediante.
Eu vou ter de concordar com o Vinicius, o moleque psicopata mamãe-quero-ser-yuno foi de longe a coisa mais ridícula do episódio. Mas só pra não ficar repetitivo, vou enfatizar também a estupidez dos vilões ridiculamente lerdos. Eu entendo o argumento da letargia, mas francamente me parece só uma má transição do mangá para o anime.
Enfim, concordo com os colegas que o elemento mais bizarro do episódio foi o psicopata de cabelo chiclete. Eu tenho certeza que há uma explicação muito boa para ele (ou quero crer que haja), mas a forma e o momento em que foi introduzido não poderiam ter sido piores. Isso deveria ser um episódio sobre a tragédia do primeiro assalto contra a Baleia de Lama, o foco deveria estar nos seus habitantes, seus personagens que já conhecíamos – e que se reconheça, na maior parte do tempo foi isso. Avançar um pouco a história da Lycos é ok e está totalmente dentro dessa premissa. Mas daí me cai um moleque sádico do céu com cabelo rosa, psicopata, e com mais sentimentos (todos negativos) do que todos os demais personagens do anime até agora juntos. É quase como se o monstro que rouba sentimentos dos outros estivesse dando-os todos para o pobre coitado, mas todos distorcidos, transformando-o em um pequeno Satã (espero uma explicação muito melhor do que essa, me surpreenda positivamente, Kujira, por favor). Ainda que se explique isso depois, nesse momento ele foi apenas uma bomba de efeito moral que o anime jogou contra seus expectadores.
Agora começando a terminar, como já tratamos disso nos bate-papos de Kino no Tabi e Mahou Tsukai no Yome, e como foi o tema do próprio episódio de Animegataris, acho por bem perguntar, já que a criatividade para algo melhor me falha: não sei se vocês seguem a tal “Regra dos 3 Episódios” (eu particularmente não sigo, mas reconheço que os estúdios normalmente a levam em conta e produzem os animes de acordo, como explicado em Animegataris), mas se seguissem, continuariam assistindo Kujira no Kora? (Eu obviamente recomendo que nosso leitor continue assistindo, senão por qualquer outra coisa, para acompanhar conosco esse anime. Nós não temos escolha, o leitor tem, mas ei, continue conosco, prometo que mesmo se o anime for ruim, esses artigos sempre serão legais, ok?)
Caro leitor, não drope Kujira! Esse anime é um elefante com Parkinson dentro de uma loja de cristais, mas nós prometemos tirar sarro de cada berreiro da Penélope, cada melodrama à la Glória Peres, cada cena de luta de Power Rangers!
Assistir animes bons é legal, mas também é importante acompanhar os ruins. Só assim desenvolveremos uma capacidade de crítica para apreciarmos ainda mais o que apreciamos. O Fábio, que acompanha várias pedreiras por temporada, sabe disso melhor que qualquer um de nós.
Acho que eu sou o único aqui que ainda tem alguma esperança do episódio 3 ter sido apenas um singelo declive numa história boa, pelo visto. Talvez eu me prove errado e essa coisa se mostre uma colossal perda de tempo, mas ei, ao menos o visual é bonito pra caramba! Só isso já vale a experiência, não é?… Não é?
E só pra não deixar de responder a questão da regra dos três episódios: uma vez que eu pego um anime para assistir é bem difícil eu largá-lo, então não droparia. Mas mesmo que usasse da regra, acho que os dois primeiros episódios e as poucas coisas boas do terceiro compensam as falhas o bastante para valer a pena seguir com ele, nem que só mais um pouco rs.
Eu não sigo a Regra dos Três Episódios, se um anime me parece bom eu continuo vendo, e se me parece ruim, tem que ser muito ruim para eu parar de assistir. Só se Kujira entrar numa rampa decrescente de qualidade para eu parar de acompanhar. Mas eu espero sinceramente que Kujira se reencontre.
E eu, acho que todos já perceberam que continuo gostando muito do anime, e quem leu meu artigo sobre o episódio dessa semana sabe que eu reconheço sim todos os problemas que ele teve mas mesmo assim cravei um 5/5, então bem, mesmo se eu seguisse essa regra, Kujira no Kora definitivamente seria um anime indropável para mim 😃 De resto, sou como o Diego, se eu começo a assistir, vou até o fim. Com o diferencial que assisto entre 30 e 40 animes por temporada, hahaha!
Até a próxima!