Olá pessoal, tudo bem com vocês? Sentiram falta das protagonistas de Island aqui no blog? Eu senti, afinal, o anime começou interessante e estava programado para ser coberto aqui, o que não ocorreu devido a contratempos da equipe, mas, como prega a sabedoria popular, antes tarde do que nunca, não é mesmo? Sendo assim, convido vocês a conferirem meu artigo sobre esse anime tão misterioso.

O segundo episódio de Island teve a proposta de explicar a lenda responsável pelos mistérios que cercam a ilha, assim como de transportá-la para a atualidade, contextualizando a importância das famílias para o local – o que se deve ao envolvimento delas com essa lenda. É claro que para o povo valorizar algo assim, um suposto efeito colateral seria necessário, e um que afligisse a toda aquele lugar, o que pode ser visto com a doença de chagas fuliginosa – a endemia exclusiva de Urashima.

Algo de errado está muito errado em todo essa cena…

Quanto a Rinne se considerar a reencarnação da moça da lenda, independentemente de ser verdade ou não, é certo que isso é muito esquisito e tem alguma relação com o sumiço da garota e a amnésia dela de cinco anos antes. Agora cabe a trama procurar mostrar devidamente sobre o que ela se trata, se é sobre reencarnação, viagem no tempo e maldição monstruosa ou coisas que parecem isso, mas tem um viés mais realista, que pode – ao menos em grande parte – ser explicado de maneira lógica.

De fundo há o drama da Karen em querer sair de casa para ir atrás da mãe fugida, situação que vira e mexe aparece em animes e que, mesmo que não seja trabalhada de forma tão original nesse, já indica a tentativa de aprofundar a personagem para atribui-la uma função mais sua dentro da trama, pois a Rinne é a amaldiçoada da lenda, a Sara é a sacerdotisa, o Setsuna é o príncipe e a Karen a X-9? Essa e uma função inútil no momento e o arco de personagem dela, sua rota, tem que consertar isso.

Paradinha para recuperar o fôlego antes de mais um mistério (ainda) sem resposta?

O terceiro episódio começa com o que parece ser um flashback em forma de sonho, algo que já havia acontecido antes e indica que, ou o Setsuna conhece a Rinne de outros carnavais, ou que os dois são mesmo amantes separados por uma maldição. Deixando isso um pouco de lado, a operação “Tirar a Rinne do quarto” começa e o que se segue é um festival de fanservice e situações forçadas no sonho.

É típico de um ecchi usar disso para gerar comédia, mas Island não deveria ser um drama sci-fi? Pelo menos isso serviu para ela sair do quarto. Se os fins justificam os meios não tenho o que reclamar de todo esse trecho, mas desde o primeiro episódio estão forçando situações apelativas com as garotas, elas ocorrerem em um sonho não muda o fato de serem ridículas, de uma forma desnecessária e que dessa vez senti que destonou muito do que aconteceu depois, tornando forçada a volta do tom sério.

Essa cena era mesmo necessária? Nem vou mais tentar defender esse anime…

Mesmo com vários momentos de descontração o anime como um todo tem mais momentos sérios e por isso esses clichês, que em nada agregam a trama, estão me incomodando bastante, mas dá para engolir isso se o resto estiver bom, não é mesmo? É, dá, mas não é exatamente o que ocorre já que o segredo da cabana que leva ao desmaio da Setsuna é completamente deixado de lado para dar lugar a uma passagem de tempo cheia de momentos felizes e o último indício de que um arco para a Karen estava próximo – quando muito se fala do personagem é porque seu destaque aumentará em breve.

Não foi a melhor que poderia ser, mas também não foi uma segunda metade de episódio ruim, mas precisavam mesmo terminar daquela forma apelativa? Quem vê anime há algum tempo já sabia que aquilo ali não ia dar em nada e não combinou em nada com o drama que foi proposto a cena. Enfim, pelo menos o desespero da Karen indicou que algo importante iria acontecer no episódio seguinte.

… mas esses prints “errados” ainda me fazem rir, confesso…

Como eu esperava, a situação embaraçosa não deu em nada e o grande evento da primeira metade do episódio foi o casamento da Karen e sua fuga, o que teria gerado apreensão no telespectador se tivessem abordado o assunto no episódio anterior. Além disso, a utilização do irmão da Karen no primeiro plano da história também foi abrupta e muito conveniente, deixando a impressão de que o anime não ligará para detalhes quando precisar fazer a história andar, o que é sempre um baita erro.

Toda a situação do casamento serviu apenas para a garota afrontar o pai e sair da ilha, fugida sim, mas em circunstâncias menos recriminatórias – afinal, ela estava fugindo do casamento arranjado para se encontrar com a mãe no continente –, não tendo qualquer utilidade para o tal do mistério que eles têm que resolver, mas isso nem seria tanto um demérito se não fosse a segunda metade…

Uma noiva bonita demais para um episódio que não foi tão “bonito” quanto…

A mãe da Karen está morta, ela foi uma grande pesquisadora em vida que até assumiu outro nome para fazer aquilo em que era boa, mas morreu sem jamais reencontrar a filha. Diante de uma triste realidade, o que acontece? Nada. A garota lida bem com toda a situação, mas qual era o propósito da pesquisa dessa mãe que não pode ser revelado nem para a sua filha? Se isso vai ter relevância para o plot, então por que não revelar de uma vez? Perderam a chance de unir o útil ao agradável ao não conciliarem o momento de personagem com a revelação de informações que ajudassem a resolver os problemas primários da trama. Se não fosse pelo final eu diria que o episódio foi completamente fraco e quase que totalmente inútil, mas o drama da Sara veio à tona e até que ele foi interessante.

A Sara é bem simpática e pode ser tontinha, mas ainda é uma “mente pensante”, né.

A Sara bolou uma teoria mirabolante como forma de buscar resolver um problema para o qual ela não via solução de forma realista, o que foi bem trabalhado ao longo do quarto episódio quanto ao motivo que a levou a pensar em viajar no tempo: recuperar o prestígio de uma família desgarrada, o que ela não percebeu é que já vinha fazendo isso ao cuidar das pessoas da ilha com tanto carinho – há muito mais chances de isso dar certo a longo prazo do que viajar no tempo para dar à luz a si, né.

Pedalaram, pedalaram… tudo para morrer na praia? Seria essa uma previsão do que vai ser o anime?

A revelação das crueldades que a família dela cometeu apenas para recuperar o nome foi algo muito pesado sim, e que justificou a reação desesperada da garota, até porque isso a incomodava há muito tempo e era ela quem tinha a responsabilidade de reerguer a família como sua única sobrevivente, o erro foi ela ter achado que poderia fazer isso remexendo em um assunto tão delicado até no campo da ficção científica. Na verdade, criaria um paradoxo e a não ocorrência de um é o básico para que algo envolvendo o tempo tenha alguma chance de dar certo. Aliás, tirando a declaração do Setsuna de que ele é um viajante do tempo, não existe nada em Island que minimamente remeta a um aparato tecnológico ou evento místico capaz de fazer uma viajem no tempo acontecer. É triste apontar isso, mas a trama usa do tema sci-fi de forma leviana, como se teorizar já fosse o bastante para tornar algo mirabolante em crível, digno de ser encarado como uma saída para alguma coisa.

Até entendo o desesperado da Sara, mas logo ela, que mostrou ser a mais racional daquele grupo, ter uma ideia tão estúpida e se agarrar a ela como última tabua de salvação foi meio decepcionante. Pelo menos, quanto a construção da personagem e o cuidado com os detalhes para que o incêndio ocorresse de forma plausível, assim como a redenção, o anime não cometeu deslizes dignos de nota.

Não é porque a seiyuu da Rinne é a mesma da Suzuha de Steins;Gate 0 que isso ia dar certo, né…

Agora não sei bem o que esperar de Island. A trama vai continuar assim, acertando por uns lados e vacilando por outros? O anime vai mudar e ficar mais sério, ou ainda haverá espaço para usar uma insert song em um momento feliz? Acho que é “sim” para a primeira pergunta e “vai continuar mais ou menos, exatamente como está” para a segunda, o que é uma pena, porque tinha potencial para ser mais – talvez ele ainda tenha, vou tentar ter esperanças. Enfim, o anime nem está ruim – razoável seria uma definição justa –, mas esses episódios não fizeram jus a uma estreia com tantos mistérios interessantes, dando pouca evolução ao plot principal – a maldição que assola a “ilha dos mistérios”.

Fiquem com o sorriso da Rinne, uma personagem que não gosto tanto, mas até que é legalzinha.

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