Em um episódio de tirar o fôlego Steins;Gate O não surpreende em nada seu público porque já era de se esperar algo excelente. Ainda que o episódio tenha tido certos defeitos, em nada eles superaram a qualidade apresentada em mais um lindo momento dessa grande história. Que se abra o Steins Gate!

A ação começa não com a Kagari e os soldados, mas com o que precisava ser revelado: de que lado está o Professor. Para o público a conexão dele com toda aquela situação ocorrendo logo acima das cabeças deles não era menos que óbvia, mas para o Okabe com certeza foi chocante ver que aquele cientista que ele respeitava nada mais era que um real mad scientist, capaz das piores atrocidades, e da maior cara de pau já vista nessa história, para provar suas teorias, seja em que linha do tempo for.

As definições de cretino filho da p*ta foram atualizadas com sucesso.

Enquanto os dois cientistas conversam e mais detalhes do grande plano vão sendo expostos, a Kagari entra em estado de transe assassino e começa a matar os soldados um a um, só que dessa vez, ainda que tenham havido alguns probleminhas, ela não sai ilesa do tiroteio e acaba sendo acertada – sendo salva da morte rápida pelo capacete blindado, mas não dá morte certa devido aos tiros que tomou –, o que conferiu a esse episódio a sensação de que alguém podia morrer – coisa que faltou ao anterior.

Os problemas se referem a forma como ela matou os soldados. Indo mais além que a Suzuha na arte ninja de matar de surpresa, ela usa as mãos para arrancar cabeças – tem como algo surreal assim ser possível? – e, ainda que ela tivesse algo cortante em suas luvas, qual era a necessidade de fazer ela ir e matar de forma tão absurda? Isso tirou um pouco a seriedade da cena e me fez ver que o 0 é muito pior que o original quanto as cenas de ação – apesar de ser mais movimentado. Os movimentos nem acho tanto um problema, mas a capacidade, principalmente da Suzuha, de desviar de tiros – e tiros a queima roupa – pediu por uma suspensão de descrença do público que ele não deveria precisar dar.

Vocês sabiam que a Kagari morreu pra assumir um papel em Boruto? Sabiam, né?

Enfim, ao menos foram detalhes de forma, não completamente irrelevantes dessa vez – foram muito absurdos –, mas não tão prejudiciais ao prosseguimento do episódio. Apesar de ser a ninja da turma a Kagari morreu e a Suzuha ainda levou o rito de raspão e, de todo jeito, ela ainda não podia morrer, afinal, ela era necessária para o clímax do episódio. Entretanto, espero que o anime não possua mais momentos de ação prolongados como esse – já que neles a direção se distancia da lógica até demais.

Se pudesse escolher alguém pra me proteger é claro que seria a Suzuha. Olha a cara dela, bixo!

Antes de comentar a morte da sofrida Kagari e o clímax chocante e desesperador desse episódio não poderia deixar de lado tudo o que o Leskinen revelou para os Labomen, todo o seu complexo e louco plano para obter a máquina do tempo, usando do poder da organização a qual ele respondia para tal, mas com o intuito de ele mesmo obtê-la e usá-la. Se observarmos com atenção, fica fácil inferir por que ele era tão “ganancioso”. O que esperar de um cientista que prepara vários espiões mirins para uma missão de infiltração usando a voz de Deus? Será que ele se achava um Deus, apesar de ser um cientista? Será que ele achava que seu plano era tão genial que apenas um Deus poderia executá-lo?

Quando você desistiu de ser um mad scientist e quer passar o pepino pros outros.

Não duvido que seja tudo isso. A arrogância dele ao revelar tudo e a certeza imbecil de que não seria impedido só reforçam essa minha impressão. Isso não significa que eu não considere o plano genial, pois ele foi, mas foi genial demais para ele estar ali naquele lugar apenas com dois homens de posse de dois reféns e a própria arma em punho. Ele não considerou que poderia haver uma outra arma no local que a Suzuha poderia pegar para ajudá-la a estragar os seus planos? Essa não foi a melhor forma de fazer ele fracassar e isso me incomodou um pouco sim, mas posso “pôr na conta” da soberba humana de achar que tudo vai dar certo até o final só porque deu certo até perto do final.

Nessa hora eu quase quebrei a tela tentando socar ele também.

O episódio teve mais três momentos dignos de nota e um desses certamente foi a morte da Kagari, que não morreu para proteger sua mãe – nesse quesito ela falhou –, mas para se vingar pelo que ela pensou ser sua morte. A grande sacada desse momento não foi ela receber alguns tiros e morrer nos braços dos Labomen, mas ser exposta a função atribuída a ela pelo Leskinen lá no futuro do qual ela veio. Ela não tinha opção, ela não tinha saída, a lavagem cerebral feita nela foi muito forte e sempre a obrigava a fazer o que ela era ordenada a fazer – ainda que fosse algo que ela não quisesse fazer.

Acho a história de vida da Kagari a mais triste que já vi nessa obra, porque ela nunca teve direito a escolha e nem uma felicidade estável. Conheceu a mãe e viveu dias felizes com ela, mas viajou para o passado e lá passou por mais sofrimento do que qualquer outra coisa. Ela ainda carregava o peso de não ter noção se o que ela fazia era bom ou ruim para as pessoas que ela amava e de não poder ir contra isso de forma alguma. Uma morte dolorosa e injusta que por si só já teria dado um enorme peso dramático ao episódio, mas aí a Mayuri insistiu em tentar viajar para o passado com a Suzuha e o que aconteceu foi um dos momentos mais brutais que eu já vi em qualquer um dos dois animes.

Aliás, eu estava errado sobre a Kagari ser um receptáculo para as memórias da Kurisu, mas isso não é necessariamente um problema, afinal, como o Leskinen mesmo disse, manter as memorias da Kurisu intactas era preciso. Além disso, o sistema Amadeus foi útil para constantemente lembrar ao público a importância da cientista para a trama – o que ele fez mesmo tendo aparecido relativamente pouco.

Só não fico mais triste porque sei que logo ela vai estar viva e feliz em alguma linha do tempo.

Como o Leskinen apontou poucos minutos antes, os registros históricos relatavam que naquele dia a máquina do tempo havia sido destruída – provavelmente foi a Kagari quem trouxe essa informação do futuro –, mas mudar o passado em Steins;Gate não é exatamente um problema, só que isso acaba sempre levando a uma nova linha do tempo para quem possui o Reading Steiner, o Okabe. Isso teria acontecido se no meio do fogo cruzado ela não tivesse sido acertada e destruída, levando consigo as vidas da Mayuri e da Suzuha e aí sim jogando o Okabe no profundo desespero de perder a amiga, o que ele tanto quis evitar. Foi a covardia dele a responsável por esse resultado? De certa forma sim, mas não é como se toda a culpa devesse recair sobre os ombros dele. A Mayuri escolheu correr esse risco, ela escolheu tentar viajar no tempo para encontrar o seu Hikoboshi, seu amado Okabe Rintarou.

O olhar de quem já perdeu praticamente tudo, mas não a “coragem” de tentar mais uma vez.

No fim das contas, toda essa rota da Mayuri se tratava disso, dela tentar resgatar a personalidade viva e feliz do seu amigo de infância – daquele que ela mais ama –, e para isso ela precisava partir em uma missão, ela precisava ser aquela a ajudá-lo depois de tanto ser ajudada. Era sobre isso que a mensagem dela para ele se tratava, era um pedido para ele dividir o peso dessas escolhas com ela, e não só com ela, mas com todos os amigos que o apoiaram nessa jornada. Quando o Okabe deixar de se enxergar apenas como um herói infeliz em uma tragédia grega e se tocar que ele não está sozinho, que ele pode e deve pedir ajuda para resolver todos os problemas gerados desde aquele primeiro d-mail enviado há mais de um ano, é que o mad scientist Hououin Kyouma ressurgirá para mostrar ao mad scientist Leskinen a enorme diferença de métodos e objetivos que há entre eles. Era preciso que o desespero do herói chegasse até o limite para que ele agisse, e já que chegou a esse ponto agora é a vez do Okabe ser o Hikoboshi que a sua Orihime tanto aguarda. Já estamos as portas da reta final de Steins;Gate 0, vocês estão animados? Eu estou muito animado e ansioso pelo próximo episódio!

Antes ela havia dito que amava mais um, agora o outro… A verdade é que ela ama o Okarin e pronto! ❤

  1. Na morte da Kagari pensei que teria uma carga mais dramática entre a Mayuri e a Kagari, mas não teve, o que eu vi foi a Mayuri cagando e andando para a filha adotiva. Mesmo que a Kagari não seja filha de sangue da Mayuri, no entanto, foi explicado para a mesma que a Kagari é filha adotiva dela de uma outra linha do tempo. Quando a Kagari estava preocupadíssima com a mãe a mesma estava nem aí. Vendo a sua filha deitada no chão toda ensanguentada e tomando tiros, não teve um pingo de empatia com a mesma. Cadê a sensibilidade da Mayuri? A única que se preocupou com a Kagari foi a Suzuha.
    Só não fico mais triste porque sei que logo ela vai estar viva e feliz em alguma linha do tempo. Assim espero!

  2. Verdade, eu também esperava uma reação mais emotiva da Mayuri, mas acredito que ela ficou em choque, até sem saber como reagir, e tudo foi tão rápido também, além de que ela já pensava em voltar ao passado para mudar o futuro, o que proporcionaria, ao menos em tese, o futuro feliz para a Kagari. Já a Suzuha conviveu com a Kagari pequena e tinha suas mágoas, né. Mas depois do que o Leskinen disse ficou difícil para ela não se identificar com a dor da Kagari, as duas orfãs de guerra, com o agravante de que ela foi uma ferramenta desde o começo, foi usada e abusada por terceiros e a Suzuha não, ela sempre teve uma escolha. A Suzuha não é culpada por ter se sentido mal com relação a Kagari pelo que aconteceu no passado, era uma reação normal, mas acredito que isso elevou a carga emocional para ela naquele momento.
    Sim, também espero que não só ela, mas todos os Labomen tenham seus finais felizes no final do anime!

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