E aí, curtiram o final de Island? Confesso que não gostei, o achei conveniente demais, além dele não ter dado algumas respostas que eu gostaria de ter recebido, e ter sido um tanto quanto confuso – é, ao menos nisso ele foi consistente. Contudo, acho que nem tudo “afundou” já que apesar de eu ser um solteirão convicto, eu me derreto todo com um final feliz para uma história de amor – ainda que seja um final de novela com aquele drama questionável. É onde Oni Chichi encontra Steins;Gate que Island nasce e é sobre o fim desse anime que eu comentarei agora. Não posso não destacar que essa “referência” me causou repulsa, né? Enfim, vamos ao fim antes tarde do que nunca – seja lá ou aqui.

Só há basicamente duas coisas a se comentar sobre o episódio todo, a explicação para a tal maldição que não assolava só Urashima, mas o mundo todo, e como todo esse “magnifico” plot conveniente e ruim possibilitou o final de novela com casamento e tudo – mas não antes de um draminha daqueles.

Queria que uma máquina do tempo fajuta me arranjasse uma noiva também…

E sabem o que é mais engraçado? Island não é um anime de ficção científica, mas de fantasia. Sim, é sério, você comprou gato por lebre, caro(a) leitor(a) – nada que eu já não tivesse avisado, e nem que fosse difícil de perceber –, pois o que supostamente era viagem no tempo virou apenas criogenia e a repetição da história do mundo em loop com leves mudanças que em tudo ajustaram toda a história.

O Setsuna veio do nada – parecendo aqueles peidos que soltam no meio da festa e nunca descobrem a origem –, se envolveu com a Rinne de um futuro distópico e voltou ao passado, e nesse passado ele ficou em vias de se apaixonar pela filha de sangue sem perceber quem era sua mãe, mas daí a garota morre, ele fica congeladinho no tempo e anos depois reencontra a mãe dela, a fecunda e repete de…

Não já era pra todas as filhas da família Ohara receberem o nome de Rinne ao nascer? Buguei aqui…

Será que isso tudo se repetiu mais de uma vez? Quantas vezes o mundo foi repetido com pequeninas diferenças? Ao que me pareceu, ao conseguir salvar a Rinne júnior o papai destravou um evento que parou o loop, ou foram formas de investigar melhor isso o que eles pesquisavam já no fim do anime?

Não faço ideia, na verdade, só jogaram as informações que encaixavam algumas coisas e o resto não foi tocado. Veem como essa explicação mirabolante de reset foi conveniente? Não foi pior porque só ela faria algum sentido, mas se juntarmos isso ao fato de que o Setsuna nunca foi viajante do tempo, e nem a Rinne, é como se quem “criou” essa história estivesse rindo na cara de quem a acompanhou.

COMO LIDAR COM ESSA FODENDO REFERÊNCIA, HEIN???!!!

Quando tentam explicar algo usando a ciência resetam o mundo convenientemente, menos quem foi colocado dentro de uma câmara milagreira. Sim, o lance da “civilização avançada” foi até bem usado, mas o que provocou esses resets e como essa câmara da hora foi criada? E a origem do Setsuna? Isso tudo não foi uma grande volta para algo que poderia ser explicado de maneira mais fácil com viagens no tempo? Mas se tivesse ficado só nisso okay, Island seria uma fantasia questionável e só, mas daí…

Por que uma mãe iria se conformar em ver a filha cometendo incesto com o pai? Além disso, a Kuon – ou Rinne mãe, como quero chamar – parece ter ficado esperando o Setsuna perceber, porque era perigoso para a vida da filha se ela descobrisse? Se era assim, porque não contar isso antes e aí fazer a relação do Setsuna com sua filha biológica ter um outro tipo de significado? Por que deixar o climão romântico entre os dois se estabelecer? Será que os japoneses não se horrorizam tanto com incesto?

Preferi os arcos delas ao das Rinnes, vou nem mentir.

Tanto eu duvido muito – até pela forma mais aberta como isso é abordado em várias obras –, mas se a reação do Setsuna não for uma prova de que, ainda assim, isso não é algo tão simples de se lidar eu não sei o que é, sinceramente. Eu sou um ocidental que não lida bem com a possibilidade real de um incesto, mesmo que tendo contato com isso vendo animes toda santa temporada, então isso acabou me incomodando um bocado. E o problema nem foi ele, sem saber de nada, dar a entender para ela que podia rolar algo – apesar disso também não ter sido legal da parte dele, né –, mas a mãe querer manter a mentira. E se eles descobrissem mais para frente depois de “consumar” o relacionamento?

Seria pior, causaria mais sofrimento e, muito provavelmente, destruiria completamente essa família. Contudo, como em toda história de amor clichê o protagonista se dá conta de que tem algo errado e descobre toda a verdade, retomando a relação com sua amada e tendo seu final feliz, o que eu curti pelos motivos de que adoro um romance – por pior que ele seja, e esse nem foi tão ruim – e porque a Rinne filha lidou de forma madura com a situação, interpretando devidamente as palavras do papi.

Ao menos ela mandou bem no final (alguém tinha que fazer isso)…

Ela como jovem com a vida toda pela frente poderia muito bem encontrar um novo amor – dessa vez um fora da família, por favor – e com certeza seria muito “complicado” namorar o pai morando sob o mesmo teto que a mãe ainda perdidamente apaixonada por ele, né? Se fosse um hentai – vai ter um doujinshi disso, querem apostar quanto? – os três ficarem juntos seria possível, mas Island só brinca com “coisas erradas” – o quase beijo de pai e filha episódio passado foi basicamente isso – sem ter a coragem de botá-las em prática. Faltou “culhões” para o anime em tudo, quanto mais para isso, né?

No fim das contas, Island é um Oni Chichi leve demais e um protótipo mal acabado de Steins;Gate? É uma comparação meio forçada, okay, mas se essa cruza não poderia resultar em nada certo, então o caminho é esse mesmo. Qual foi a mensagem que Island deixou para o público? Que o amor supera a barreira mais fácil de superar, a de um bom roteiro bem executado. Não, não achei o anime horrível, mas essa história dos “lendários Setsuna e Rinne” não me convenceu nenhum pouco. Além de que, a maldição da lenda perdeu total relevância – ainda que tenha sido explicada – para dar lugar ao amor.

Ah, esse beijo foi bem bonitinho, hein… nada que um romancezinho não suavize…

Eles casaram, já tinham a filha, fico feliz porque um casal que eu curti um pouco ficou junto e só isso. De resto só devo comentar que achei o anime bastante esquecível. Bonitinho, mas ordinário. A trilha sonora foi a única coisa que me convenceu – seja com as faixas instrumentais ou as canções letradas.

E então, curtiram mesmo o final? Ansiosos para a resenha de Island? Não me prendi ao meu enorme desconforto com o “quase incesto” porque isso já vai se refletir na nota e não curto “chutar cachorro morto”, mas para fechar só queria comentar que esse pode ter sido o problema mais desconfortável do anime, mas passou longe de ser o único. Faltou consistência, apego a detalhes e um apego maior aos mistérios de uma forma a extrair coisas interessantes deles. Pouco depois do meio para o final o anime se tornou uma aventura para salvar uma garota e perdeu um pouco do clima mistérios que foi razoavelmente instigante até ali. Não que os mistérios tenham sumido, mas foi estranha a forma que foram trabalhados. Enfim, é hora de me despedir dos pombinhos e deixá-los partirem em lua de mel.

Boa lua de mel, agora façam um Setsuna (mas sem mais qualquer insinuação ao incesto, por favor)!

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