Tokyo Ghoul:re 2 – Eu sou um Ghoul – Primeiras impressões

Tokyo Ghoul:re retorna para sua segunda temporada, a qual liquidará de vez a adaptação do que um dia já foi o mangá mais popular da demografia seinen no Japão. O material original foi concluído com 16 volumes há alguns meses, foi anunciada uma continuação para a adaptação cinematográfica e um novo jogo. A franquia vai de vento em polpa mesmo após o fim da fonte base, não é mesmo? Sim, só me preocupa a sua animação, que nesse retorno apresentou uma péssima adaptação. Porém, se nós pensarmos no anime como obra isolada até que esse episódio teve seus pontos positivos e não foi de todo ruim, afinal, a Eto veio para roubar a cena! Você está preparado para saciar sua fome de ghoul?
Dar uma palinha do fim de uma história logo em seu início é um recurso de roteiro bastante usado na ficção, e se essa segunda temporada de um segundo ato pode não ser um início, mas com certeza dá para interpretá-la pelo menos como o início do fim. Não darei spoilers sobre o que fez aquela kagune gigante cobrir um arranha-céus em Tokyo, mas asseguro que a jornada até ela pode ser interessante.
Entretanto, depende de uma adaptação no mínimo razoável do mangá e não é o que nós temos aqui.
Primeiro, decidiram focar esse episódio na Eto e na sua “bombástica” revelação sobre ser um ghoul ao invés de trabalhar o arco da Ilha Rue – eu também preferia Hue, com zoeira. Isso colocou de lado todo um núcleo de personagens secundários que nessa altura do mangá foram aprofundados para o final da obra, para que seus respectivos arcos de personagem fizessem sentido.
Tal corte deve deixar o final bem enxuto em comparação ao original, o que também não é um grande problema por agora, mas isso influenciou no ritmo do episódio, rendendo muitas cenas rápidas e de nenhum impacto. Dá para deixar isso de lado também? Fica difícil quando parece que muita coisa está rolando em off, né.
Aliás, nesse arco a Aogiri é esfacelada. A organização rui, seus principais líderes morrem ou somem, tirando a Eto, o CCG meio que cumpre seu aparente objetivo maior; e sequer comentam isso tudo…
O erro foi esse, deveriam ter apagado a existência desse arco da face da terra, mas deram flashes de algo que os fãs do material original queriam ver e só com sorte verão em flashbacks no futuro.
Nem reclamaria disso se esse anime de Tokyo Ghoul:re já não tivesse dado todos os indícios de que é mais um fanservice para os fãs do mangá – e é só isso que ele tenta ser – do que uma história interessante por si só. O objetivo original não foi alcançado nessa estreia, coisa que ainda faziam no primeiro cour.
- Ainda zoaram essa bela cena
- como a cereja murcha de um bolo estragado…
Acredito que uma adaptação para outra mídia pode ser ruim como adaptação, mas ainda apresentar uma boa história. Fidelidade às vezes é uma faca de dois gumes se o material original for ruim, o que não é o caso, mas não serei mesquinho ao ponto de afirmar que é só o original que deve ser seguido.
Mesmo dando todos os descontos possíveis, o massacre dessa adaptação fez a qualidade despencar, sendo que ela já não era tão elevada assim. Sabe outro problema derivado disso? As conexões entre os personagens foram apenas jogadas em tela para o público que não leu o mangá não entender que antes do Furuta vazar a informação para o Haise eles já estavam trabalhando juntos, ou que os Quinx ganharam novos integrantes.
O que é ainda pior no segundo caso, porque eles foram importantes no primeiro cour e o esperado é que mantenham certo nível de relevância e participação na trama. Caso seus dramas não sejam trabalhados, a construção feita de antemão vai ser praticamente jogada fora.
Enfim, focando no que houve de bom no episódio, contaram a história de vida da Eto de uma forma bem superficial, é verdade, mas isso não foi de todo ruim. Deu para entender que ela vivia sozinha e que tinha o desejo de ser aceita pelo pai, mas não ficaram claras que circunstâncias que a levaram a não se aproximar, e foi em suas atitudes que um observador atento pôde pegar a deixa de que o seu pronunciamento tem muito mais nas “entrelinhas” do que pode ser visto em um primeiro momento.
É certo que ela tem “desejo de mudança”, de que o pragmatismo na relação entre humanos e ghouls dê lugar a algo “diferente”, mas então por que ela se entregaria? Para incitar o debate sobre direitos dos ghouls visto que ela passou a vida toda vivendo normalmente entre humanos e aparentava estar apta a vida em sociedade? Ou foi para induzir o Haise/Kaneki a tomar o seu lugar como um porta-voz para uma raça oprimida? Ou os dois? Na verdade, os dois objetivos podem se ligar para algo “maior”.
O que será devemos ver ao longo da temporada e com certeza tem a ver com aquela kagune gigante.
Enquanto isso o Haise – vou ficar chamando ele assim por enquanto – se mexe para tentar salvar sua amada imouto Hinami da execução, e para isso nada mais natural que ele pedir ajuda para o Ayato, e o Ayato pedir ajuda ao bando do Bandou, e o pessoal do :re ficar observando na surdina para invadir também porque a Touka é tsundere demais para ir falar com o próprio irmão.
Deixando isso de lado, os dois próximos acontecimentos são importantes por motivos distintos. Eles se interligam porque há uma organização para a qual o Arima e o Furuta trabalham, a Eto quer lutar contra ela e eles querem saber o paradeiro da Rize, mas enquanto o momento da Eto continua sendo bom, o outro não é não.

Quando sua crush é gótica, você é gótico, o irmão dela é gótico, eu sou gótico e o(a) leitor(a) também!
Aquele curto trecho provou que o Arima é um vilão? Acho cedo para acusá-lo disso, pois diferente do Furuta, sua atitude e personalidade nunca deram quaisquer indícios de que ele é malzinho – até acho o Furuta um bom vilão no mangá porque lá ele é bem trabalhado, já no anime tudo o que ele faz só me parece gratuito e caricato demais mesmo – e é certo que ainda existem mistérios que o cercam. É certo também que ele é Deus no CCG, mas não engoli ele matar um ghoul de rank SSS daquele modo.
Por um lado, o trecho da morte do Shachi foi útil para o público conhecer um pouco mais o passado da Rize, assim como justificar a informação fresquinha que a Eto deu ao Haise; por outro lado, a luta em si foi fraquíssima. Nem afirmo que seria impossível ele morrer daquele jeito, mas já que ela foi a única cena de ação completa, custava fazer direito? A movimentação foi ruim e a animação também.
Fico me perguntado se não seria melhor ter mostrado um pouco da luta dos Quinx ou do Suzuya e a resposta que encontro é de que poderia ter sido mais divertido assim, mesmo se não fizesse sentido com o que a trama precisava no momento. Não era apenas um fanservice para os fãs fiéis do mangá ao redor do mundo? Falharam de novo ao desperdiçar tempo sem entregar o fanservice “desejado”.
A conversa da Eto com o Furuta foi apenas okay. Só destacaria como a ausência das “minúcias” que o autor usou no mangá para trabalhar esse personagem acabaram por torná-lo muito desinteressante. A essa altura no original ele sequer podia ser chamado de profundo, mas ficava claro que ele tinha os neurônios, a malicia, que esse não parece ter. Ou até tem, mas não há o mesmo background para tal.
A conversa do Haise com a Eto foi melhor, pois deu forma a conspiração envolvendo os Washuu e se valeu de uma informação que tanto pode ter sentindo literal, como pode não ter, e também pode ter os dois. “Mate o Rei de Um Olho”, mas quem é esse Rei de um Olho? O que matá-lo significa? Se ela mesma não é o Rei, quem mais poderia ser? Alguém que não é um ghoul ou um meio-ghoul? Por que ela sacrificaria o próprio pescoço para matar o símbolo da causa pela qual ela parece estar lutando?
É aí que uma interpretação literal das palavras da personagem não é tão boa, dando abertura a uma ambiguidade interessante e que remete ao livro da própria Eto – Bileygr, o Rei – que, não por acaso, destaca a revolta de um rei contra a organização que controla tudo das sombras – V, ou os Washuus.
Não é difícil prever o que vem a seguir, né? Que a trama deve seguir por um caminho parecido ao da história no livro. Contudo, como isso vai ocorrer é o que há de interessante, e o Haise abandonar sua identidade como investigador de ghouls – sabotar a prisão para tirar a Hinami de lá foi um crime sem volta – indica que ele fará isso longe do mundo que ele passou a “integrar” com sua nova identidade.
Afinal, quem é o Rei de Um Olho? O que ser esse Rei significa? É tudo literal ou o mais importante é a ideia por trás disso? Descobriremos em breve, e com direto a nova transformação e luta com o Arima no próximo episódio. E isso nem é um spoiler, pois o fim do primeiro cour e a prévia entregaram isso.
- Nunca abandonar sua Imouto
- é o dever de um Onii-chan! ❤
Pedro Oliveira
Assim como toda a primeira parte de Tokyo Ghoul:re, eu achei esse episódio bem mediano. Isso é uma pena porque eu gostava bastante da primeira temporada e do Root A (apesar de eu achar este último um pouco mais fraco), mas esse :re parece que não consegue empolgar em nada. Uma dúvida, eu não li o mangá mas eu senti que esse episódio pulou muita coisa da história e a sua review meio que confirmou isso, então o que eu queria perguntar é quantos capítulos eles pularam entre o final da temporada passada e esse episódio?
Kakeru17
No que diz respeito a parte focada na personagem Eto adaptaram praticamente todos os trechos referentes a ela que são distribuídos por 10 capítulos do mangá, do 59 ao 68. Entretanto, no meio desses dez capítulos os trechos referentes ao arco de supressão da Aogiri, incluindo a preparação para ele, que acontece na ilha Rue foi completamente ignorado, com exceção dos flashes que passaram no início do episódio. Na verdade, ficou parecendo que adiantaram a ordem cronológica do arco da ilha, no mangá ele é retratado simultaneamente ao da prisão, para focar apenas na Eto e no arco da prisão, então duvido que voltem a esse arco, o que acho lastimável porque ele desenvolve vários personagens secundários. A adaptação desse episódio foi tenebrosa, só agravando a sua sensação de que falta impacto ao :re, o que eu já achava na primeira temporada, mas era um pouco compensado pela boa história e a adaptação razoavelmente bem-feita que ainda conseguiram fazer. Nessa segunda temporada vão ter que “adaptar” mais de 10 volumes de mangá em 12 episódios, o que me faz não ver qualquer perspectiva de melhora nessa “adaptação”.
Pedro Oliveira
Entendi. Valeu pela informação. É realmente uma pena que um anime com tanto potencial como Tokyo Ghoul esteja recebendo uma adaptação tão lamentável.
Kondou-san
Neste episódio só valeu a parte da Hinami, de resto foi bem execrável.
Eu não leio o mangá, mas desde da primeira temporada de Tokyo Ghoul Re que está estampado na cara, que tal adaptação é só mesmo para quem já leu o mangá, pois quem não leu fica à mingua na história e tudo parece desconexo.
Não esperarei nada desta segunda temporada (a não ser o rush e a animação medíocre).
Excelente artigo de primeiras impressões de Tokyo Ghoul Re 2 Kakeru (sendo sincero, o teu artigo foi bem melhor que o episódio inteiro).
Kakeru17
Sim, ao menos a primeira temporada ainda fazia sentido, mesmo que fosse uma adaptação aquém da qualidade do mangá naquela altura. Quanto a essa segunda temporada eu preferia até que fizessem algo original, porque do jeito que está tende a ter um fim raso e que com sorte vai passar por cima dos principais pontos do original que envolvem o Kaneki, pois os personagens secundários devem acabar no ostracismo. Fico feliz que tenha gostado do artigo Kondou-san e torço para que, ainda que seja um sonho distante, o anime melhore ao menos um pouco.
Kondou-san
Eu veria com mais crença esta segunda temporada de Tokyo Ghou Re se esta fosse original, ao menos não me sentia à mingua em relação à história e personagens.
Mas como isso é impossível, tal como tu espero que o anime melhore ao menos um pouco (nem que seja uma fracção mínima).
Diego Caetano
alguém sabe q dia lança o ep 2?
Kakeru17
Dia 16 (terça-feira).