Chegamos a Artemis, a cidade que parece um paraíso para os feiticeiros… Pelo menos à primeira vista. Neste episódio, mais uma vez Radiant conseguiu falar de assuntos sérios em uma animação voltada para crianças, o que, novamente, é muito satisfatório.

Se Radiant conseguiu abordar a temática de preconceito através de feiticeiros nos últimos episódios, agora foi a hora de mostrar para seu público-alvo como é a vida adulta. A metáfora foi feita a partir da cidade de Artemis, que é conhecida por todos como o Paraíso dos Feiticeiros, principalmente porque é um lugar onde não sofrem qualquer tipo de discriminação e estão seguros de ataques. Mas é claro que esse mundo perfeito – que em certo momento até cheguei a comparar com a Disneylândia – não é de graça, como acontece na vida real.

Vai dizer que não parece com a Disney?

Isso acontece porque Seth precisou participar da cerimônia de admissão para ser considerado um residente de lá. Para Doc, essa seria uma forma de se livrar do garoto, já que ele estaria ocupado demais tentando pagar suas dívidas e daria um pouco de sossego. Mas adivinha? Como responsável do garoto, as dívidas também são dele. Posso estar viajando, mas isso pode ser uma metáfora com os jovens adultos sustentados pelos pais.

Pra variar, nesta cerimônia Seth não ouviu o conselho de Alma sobre não confiar no gato amarelo e Master Lord Majesty – o melhor nome que já ouvi – o enganou perfeitamente. Eu já estava achando estranho ele ficar apressando Seth para assinar o contrato desde o início e não deu outra.

Crianças, tomem cuidado ao assinar contratos

O animal funciona como um prefeito – ou Rei, se preferir – da cidade em todos os sentidos. Ele promete erradicar a maldição dos feiticeiros, mas para cobrir todos os custos precisa cobrar uma taxa de praticamente tudo que os residentes consomem. Na vida real, talvez você conheça isso como imposto.

Só eu achei essa promessa um pouco estranha?

Para pagar suas dívidas enormes, que começam exatamente a partir do momento em que assinam o contrato, eles precisam partir em missões como Caçadores de Artemis, o que seria equivalente a um emprego. Neste caso, também não se difere muito da realidade, né?

É claro que o anime trabalha com essas questões de forma mais exagerada e lúdica, mas consegui ver exatamente uma metáfora à vida adulta. Eu, que estou a pouco tempo vivendo esta realidade, posso dizer que a relação é muito bem executada. A partir do momento em que nos tornamos adultos, temos a noção de que literalmente tudo que fazemos gera algum custo, desde o momento em que acordamos até a hora de dormir.

Pagar para ter um serviço de qualidade ou escolher a opção gratuita – porém inferior – por falta de dinheiro?

Mas voltando ao episódio, estou gostando bastante da relação entre os três protagonistas. Por exemplo, Doc faz o papel de pai/responsável, preocupado e a todo momento estressado por lidar com as atitudes inconsequentes de Seth e Mélie. Além disso, também me decidi que a versão “Mélie Louca” é muito mais interessante do que a “Mélie Ingênua”. De acordo com a prévia do próximo episódio, teremos foco na personagem e gostaria de ver mais dessa troca entre suas duas personalidades.

Também vale destacar aqui a qualidade técnica do episódio, que ainda mantém o alto nível técnico do estúdio Lerche. Além da trilha sonora com temática francesa, o visual também é um ponto positivo, como em toda sequência do pôr do sol.

Um dos momentos que me deixou curioso é quando a Inquisição chega para atacar Artemis, mas desiste. Dragunov comenta sobre como é perigoso Seth ser um feiticeiro com chifres e usar Fantasia sem luvas. Isso confirma que ele cumpre o requisito de protagonista de shounen que tem alguma habilidade especial e rara.

Ele também confirmou seu protagonismo respondendo a pergunta de Yaga no fim do episódio, onde decide salvar o mundo todo ao invés de apenas proteger Artemis. E por falar no feiticeiro, parece que ele será o mestre de Seth daqui pra frente, mas antes o garoto precisa passar por um teste para provar seu valor.

Outro personagem que nos foi apresentado é Torque, que apesar de ter cara de vilão e ser um superior de Dragunov, ele foi muito compreensivo em não puni-lo após o fracasso em capturar Seth. Achei curioso, pois em qualquer outro anime ele seria castigado e/ou substituído por alguém mais competente/forte.

Até aqui, Radiant ainda segue o caminho padrão de todo shounen, mas ainda consegue se destacar pela forma como aborda sua temática. Outro destaque são as origens francesas que, sem dúvidas, dão uma nova cara à obra em comparação a outras do gênero.

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