Sim, o título é estranho mas é a pura realidade da obra. Isekai Tensei tem uma temática que pode parecer o velho e às vezes não tão bom isekai, com um cara que se torna o herói cheio de poderes e com garotas em torno de si mas ele vai além trazendo dois caras que alternam num corpo em harmonia, é claro. Na verdade esse é um dos baratos da obra, pois você tem três caras dividindo o mesmo corpo e cada um tem suas qualidades que acabam sendo muito úteis em várias situações, sejam elas perigosas ou não.

Seguimos a história de Balud Cornelius, filho de um nobre e que além de suas qualidades ele possui duas almas dentro de seu corpo, a de um otaku e um guerreiro da época do Japão feudal. Ou seja, a sua disposição há um homem de guerra experiente que ao assumir controle de seu corpo pode dar conta de qualquer batalha ou duelo e em situações econômicas e tecnológicas há um otaku como aliado. E claro que é de se pensar que a vida desse cara será mil maravilhas com essas facilidades mas a verdade é que desde cedo ele rala muito para chegar num nível aceitável, afinal, sua mãe é simplesmente forte o bastante para ser extremamente respeitada por qualquer um que apareça na obra e bom, com uma mestra dessas que te leva à exaustão de tanto treino é meio difícil não ser forte.

Outros dois pontos interessantes de sua condição é que seus pais (pelo menos o pai) sabem de sua condição desde cedo e mesmo assim nada muda na relação deles; O segundo ponto fica por conta da utilização do conhecimento e das habilidades de seu parceiros de corpo, afinal, eles não são “usados” com tanta frequência assim e por isso vários dos feitos de Balud são mérito dele próprio. Aliás, em muitos casos a aparição de seus parceiros acaba sendo cômica (temos um ex-guerreiro que ama dinheiro e um otaku, imagina o caos na cabeça desse jovem) e contribui para a já simpática e engraçada personalidade de Balud.

E já que tocamos nesse assunto, vale mencionar que os personagens são bem simpáticos e há uma variedade interessante no elenco que acaba não sendo tão fixo assim e em volta do protagonista tem uma quantidade relativamente grande de personagens importantes de alguma forma. Inclusive há um espaço dedicado para desenvolver outros personagens e por isso a história acaba não dependendo exclusivamente do protagonista.

E claro, a história mostra os feitos de Balud começando pela economia que ele acaba afetando positivamente ao seu favor com ideias interessantes. Iniciar uma plantação de beterraba para vender o açúcar dela num mercado que carece de tal produto, venda de jóias de cobre folheadas à ouro por um preço bem menor que as jóias disponíveis por aí e coisas do tipo acabam sendo interessantes de ver. As várias ideias que ele põe em prática junto de seus companheiros a fim de enriquecer e cumprir um tal objetivo que não é dito claramente mas dá para se ter uma ideia são um dos pontos positivos da obra. Com sua astúcia ele consegue aliados que além de leais conseguem desempenhar um ótimo trabalho e no fim, isso pode acabar sendo um ponto negativo.

Como qualquer obra Isekai Tensei tem seus problemas que podem não ser tão visíveis mas estão ali. Primeiro que Balud não enfrenta dificuldades reais com frequência, afinal, ele é extremamente competente por si só e ainda tem a ajuda de dois caras que tem muito à acrescentar. Além disso, a obra acaba não fugindo dos clichês, afinal, mesmo que Balud tenha sido treinado e se esforçado ao máximo, ele não consegue fugir do padrão “protagonista extremamente forte com um harém”. E com isso você que não gosta de harém pode acabar não gostando tanto assim dessa obra, ainda que o harém seja decente (garotas, seus motivos e a relação delas com o Balud) pois a relação é trabalhada de forma sutil durante os capítulos.

A imagem é da novel mas tá valendo, né?

Eu não mencionei isso no início mas essa obra originalmente é uma light novel que possui 12 volumes até o momento e a adaptação para mangá (que é o assunto deste artigo) tem 4 volumes e 34 capítulos em português (em andamento). No mais, a arte casa bem com a proposta da história e não deixa a desejar. O ritmo dos acontecimentos é bom pois a história está em constante movimento e por isso não há capítulos onde nada acontece.

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