Jojo’s Bizarre Adventure: Vento Aureo – ep 6 – O que importa é o caminho
Um episódio que serviu tanto para aprofundar o Abbacchio, quanto para narrar a primeira vitória do time liderado pelo Bruno, agora completo com a entrada do sagaz Giorno que não teve espaço nesse episódio para ofertá-lo a seus companheiros; personagens tão complexos, interessantes e cativantes quanto ele. Se o resultado não importa, optar pelo caminho que deixar a pessoa satisfeita me parece adequado; eu só me pergunto se isso também será usado com o Giorno. É hora de Jojo no Anime21!
Quem diria que o Abbacchio – que parece ter nascido da cruza de uma cosplayer com um músico de visual kei – teria o sonho de lutar pela justiça vestindo uma farda?
Ao meu ver, sua decepção depois que entrou na polícia justifica a sua desconfiança com as pessoas, pois ele aprendeu da pior maneira possível – perdendo seu colega – que a mão oferecida pode acabar se voltando como um soco contra você.
E não só isso, ele sentiu na pele a consequência de seus atos, como a sua justiça – que também fora destorcida – era diferente do que ele idealizava ao ser confrontado com a realidade nua e crua.
Ele não teve forças para sustentar seus ideais e a partir daquele momento parou de enxergar futuro, parou de sentir que havia um propósito em fazer o que ele estava fazendo, algo que só poderia vir a ser mudado quando ele recuperasse a sua fé nas pessoas e/ou em algo que ele achasse justo e pelo qual valesse a pena lutar.
Bucciarati estendeu a mão quando Abbacchio mais precisava e desde então o ex-policial deve ter começado a mudar. Não é à toa que, mesmo depois de tudo que ele falou, não foi capaz de abandonar o Giorno e ativou seu Stand, Moody Blues, para resgatar seus companheiros.
A sua habilidade é a de recriar os eventos de até cinco minutos no passado. Poder conveniente para se enfrentar inimigos que só deixaram pistas por meio de seus ataques – caso do Mario com seu Soft Machine.
O estiloso gângster usa seu Stand e isso dá início a uma perseguição de gato e rato na qual o Sticky Fingers é aquele que mantém as ações ofensivas, mas somente devido ao suporte do Moody Blues, algo que me agradou bastante, pois devem ser rotineiras as combinações entre os integrantes.
Isso deve não só proporcionar o uso criativo das habilidades de Stand junto a boa e velha pancadaria que quase sempre há em Jojo, como também fortalecer as interações entre os personagens, afinal, a vida deles ficará em risco a cada nova luta e superar a morte deve fortalecer a amizade entre os seis.
Boa parte desse episódio se centrou na perseguição ao usuário inimigo e seu Stand, então, a cada vez que se formulavam e descartavam hipóteses, aumentava a apreensão por entender o funcionamento do Stand – sensação muito bem passada pela direção por meio da trilha sonora, do encaixe das cenas e da forma desesperadora como o enredo progredia.
A cada nova informação tudo acabava é ficando mais confuso, mas quando o Abbacchio parou para analisar a situação com mais calma e se dar conta de detalhes que poderiam ser importantes, o destino do inimigo já estava determinado. Não se mexe com o orgulho de um ex-policial enfurecido que é usuário de Stand – além de ser bastante perspicaz.
Contudo, exatamente na hora em que ele ia revelar o que descobriu é atacado, restando ao Bruno a missão de proteger a própria pele e salvar os outros. Seria até sem graça se ele revelasse logo, né? E se o Moody Blues é fraco em combate físico, nada mais natural que o lutador mais forte e experiente tome a frente da situação.
Isso não tira importância das ações do Abbacchio, pelo contrário, valoriza o trabalho em conjunto e foge do clichê no qual só por se trata do momento do personagem ele será capaz de resolver tudo, ainda que completamente fora da sua área de atuação mais eficiente.
Bruno passa a usar mais a cabeça também, presta atenção no entorno e vai juntando as peças que faltavam para resolver o mistério; evidenciando não só a força física dele, mas também a mental e emocional.
Não por acaso ele lidera o time e todos confiam nele, tendo os dois últimos sido atacados na espera de que ele fosse capaz de salvá-los. É aí que Bucciarati brilha, desmascarando Mario e derrotando o Soft Machine dele. Na verdade, é aí que ele dá cabo da vida do inimigo.
Não, isso não surpreende os telespectadores, mas gosto da forma mais “objetiva” com a qual a morte é tratada nessa parte, pois é tudo mais explícito que nas anteriores, evidenciando a cena da morte e a “resolução” de tirar vidas dos personagens. Dado o fato que se tratam de gângsters isso é algo necessário para tornar a parte crível. De coisa bizarra e sem muito sentido já bastam as roupas e outros detalhezinhos aqui e acolá.
Por fim, o Stand inimigo é derrotado, Abbacchio “cresce” de novo e assim os outros voltarão. Esse foi um episódio muito bom mesmo tendo sido centrado em apenas dois dos personagens principais, não apresentando qualquer demérito pelo sumiço do protagonista.
Esse é um dos motivos que fazem de Jojo uma obra tão marcante, a maneira como os mais variados e peculiares personagens são capazes de levar a trama sem a necessidade de supervalorizar ou explorar demais a figura do Jojo. Não à toa o Koichi é um personagem tão ou mais querido que o Josuke e fez uma ótima ligação entre as partes.
Jojo não é apenas o Jojo, dessa vez GioGio, mas todo um universo vivíssimo no qual ele se insere. Isso me faz achar que o Bruno pode acabar sendo tão popular e adorado quanto o Koichi foi na animação de sua respectiva parte, o que, se for feito sem demérito para o Giorno, não devo achar ruim.
E você leitor(a), gostou de ter conhecido melhor o Abbacchio? O que espera para o próximo episódio? Eu só quero que esse primeiro cour de Vento Aureo – o qual deve focar só na apresentação dos Brojo boys – continue bom assim e que eu consiga gostar mais de cada um dos integrantes da família Bucciarati.
A título de curiosidade, Moody Blues e Soft Machine são nomes de duas bandas de rock progressivo – meu subgênero favorito dentro do rock – da Inglaterra. A primeira tendo uma pegada mais voltada ao rock psicodélico e sinfônico, a segunda foi uma das principais bandas da cena que misturava jazz e fusion e herdou o nome daquela região da Inglaterra, Canterbury.
Duas ótimas referências musicais que até inspiraram o poder dos Stands, já que há um álbum conceitual do Moody Blues cuja premissa segue um dia normal – como se o estivessem repassando do futuro – e sobrepor um som sobre outro – um objeto ou uma ideia também encaixam – de forma minuciosa, minimalista mesmo, é uma das características do rock progressivo em sua essência.
Sempre vou tentar trazer essas curiosidades de música – é que disso eu já entendo um pouquinho melhor – aqui para vocês. Até o próximo artigo!