Cavaleiros do Zodíaco foi a obra que fez eu me apaixonar por animes e mangás desde criança, então para mim é uma honra ter a oportunidade de comentar um spin-off dessa extensa e amada franquia aqui no Anime21. Saintia Sho tem como proposta dar espaço e relevância às personagens femininas no universo da obra. O spin-off é uma série cujos eventos são paralelos a trama original, e apresenta as Saintias, amazonas cuja missão é proteger a Deusa Athena ao agirem como suas guardas pessoais. De cara são apresentadas as irmãs Shoko e Kyoko, que se veem envolvidas nos malignos planos da Deusa Éris. O que o destino as reserva? Eleve seu cosmo ao máximo e me acompanhe nessa jornada!

Até que foi bacana a aparição de um cavaleiro de ouro bonzinho feito o Milo.

O episódio começa com uma cena que me lembrou muito a da Pandora encontrando o Ikki e o Shun quando crianças.

Na verdade, a inspiração é tão grande que fica claro que a hospedeira ideal para a reencarnada Deusa Éris é justamente a irmã mais nova e de cabelo rosa, enquanto a irmã mais velha e de cabelos escuros decide dali em diante ficar mais forte para proteger sua amada irmãzinha.

Aliás, Saintia Sho pode sim ser assistido por quem não tem um conhecimento prévio da franquia, mesmo que já nos minutos iniciais saquem um dos personagens clássicos e alguma coisa possa não ser clara.

Parece que trocaram o Ikki pela Pandora e o Shun pela Shaun. Oops…

Para esclarecer qualquer dúvida – ou a maioria, pois eu mesmo ainda preciso consumir muito do que há de Cavaleiros por aí – estarei aqui.

Enfim, depois da saudosista e adequada abertura – a qual curti muito – é que a estreia começa de vez e somos apresentados a Shoko, uma estudante normal que se sente solitária por não ver a irmã há meia década, é amorosa com o pai e treina artes marciais no dojô da família.

É uma caracterização básicona de protagonista, mas boa dentro do que a trama necessita.

O segundo encontro predestinado da protagonista é com Saori Kido, neta de Mitsumasa Kido e atual dona da Fundação Graad, além de ser a reencarnação da Deusa Athena e mestra em fazer carinha de nojo.

Saori tem essa cara de patricinha emburrada desde sempre.

Brincadeiras à parte, perceba como sempre que a Shoko entra em contato com o que remete a deusas e cavaleiros rola algo que se choca a sua vida cotidiana e evidencia a disparidade entre ela e a vida de conflito que a aguarda em seu destino.

Conflito que chega até ela não por causa da Deusa da Guerra, mas da Discórdia. Como era de se esperar, a Éris tenta tomar o corpo de sua hospedeira ideal e fracassa, afinal, a moça precisava ser apresentada àquele universo e entender o que são as Saintias e por que elas existem.

Feitas as devidas apresentações e explicações, a Shoko reencontra sua irmã e agora a Kyoko deve protegê-la para evitar que a vida dela seja roubada pela “emissária da discórdia”.

Essas vinhas me lembraram tentáculos, mas que bom que isso é anime pra criança, né. Ufa!

Infelizmente, nesse primeiro episódio não deu para sentir a força do laço entre irmãs – acho que isso só vai rolar com a ajuda de flashbacks e depois de alguns reencontros –, mas ao menos a aparição da Kyoko trouxe algo que é uma das marcas mais icônicas da série: um protagonista, nesse caso “uma”, que lança meteoros.

Não, a Kyoko vai ser meio que uma antagonista, como fica claro pelo final, mas é certo que sua irmã é quem herdará a armadura de Equuleus – isso é um battle shounen, tem que ter desses clichês, né – e que essa armadura e esse golpe são emulações das características do principal personagem de toda a franquia – apesar de ser Athena quem mais aparece –, um tal Seiya de Pégaso.

A criatividade tava a mil quando a Chimaki Kuori criou a armadura e os golpes, hein!

Talvez isso tenha dedo do Kurumada. Mas o que importa é que Cavaleiros do Zodíaco não é difícil de explicar e menos ainda de entender. O episódio avança e, como o Tenma de Pégaso do spin-off Lost Canvas, a Shoko demonstra aptidão para usar cosmoenergia.

Inconscientemente, a garota ataca uma das Dríades com seu conhecimento e prática de artes marciais – além dela estar destinada a se envolver com os cavaleiros – agem como boas justificativas para explicar porque ela possui o talento que a grande maioria dos seres humanos jamais possuirão.

Mulheres sem armadura também podem usar o cosmo pra bater nas inimigas.

Além de que, a trama não vai esperar por ela, então o que sua irmã aprendeu em cinco anos ela tem que aprender em cinco meses ou não será capaz de salvar sua onee-chan que ofereceu o próprio corpo e vida para protegê-la. Mas não é como se a Kyoko um dia não fosse voltar, né.

Repito, Saint Seiya é uma franquia repleta de clichês que não são de agradar a telespectadores de gostos mais refinados. O padrão é o anime ser previsível e ter os mesmos problemas que quase todo battle shounen tem, além de pregar os mesmos valores e ideias.

Mais promissoras que as amazonas do clássicos elas já parecem ser.

As cenas de ação dessa estreia não “impactaram” e não mostraram grande qualidade em animação, mas também não foram péssimas.

A trilha sonora foi boa, bem o que eu esperava – gostei do que vi na abertura e no encerramento, mas achei as imagens do último bem bregas.

Gostei da atuação das seiyuus e da direção também, mas foi só impressão minha ou não parece haver muito budget?

Para uma estreia eu esperava uma qualidade melhor de produção técnica. Acho que isso deixou a desejar.

Curti o design das personagens e das armaduras, faltou só uma boa luta, né.

Mas no geral foi uma boa apresentação de um conceito interessante que, se bem trabalhado, renderá um anime capaz de rivalizar com o elogiado Lost Canvas – ao menos é o que eu espero se arrumarem algumas falhas que me incomodam no mangá.

Okay, talvez eu esteja pedindo demais, mas é fato que esta é uma bela oportunidade de realçar as personagens femininas – tão ignoradas ou mal utilizadas – a um status de protagonismo que elas nunca tiveram – incluindo a Saori, Athena, que é mais o pilar da franquia que uma personagem protagonista interessante e bem desenvolvida em si.

Vamos ver como essas duas irmãs vão guiar essa trama.

Não acho que usar de um personagem clássico logo de cara, tentar emular personagens antigos nas novas e definir que a função das Saintias é mais restrita a proteção seja começar tal empreitada com o “pé direito”, mas nada impede que Saintia Sho seja sim uma obra na qual as mulheres que gostam de Cavaleiros consigam se sentir representadas de verdade e satisfeitas com personagens fortes e interessantes.

É o que eu espero, mas isso passa por uma melhoria na qualidade técnica e o desenvolvimento de um roteiro e direção que sejam saudosistas até certo ponto, mas estejam em sintonia com uma proposta bacana de atualizar a franquia, expandir o universo e mostrar que nele mulher tem sim o seu espaço!

E você, já sentiu o cosmo?

P.S.: O mangá de Saintia Sho é lançado no Brasil pela editora JBC e a publicação já passa do décimo volume. O anime está sendo exibido em simulcast no Crunchyroll e uma dublagem deve ser questão de tempo. Ikki e Shun são personagens clássicos, respectivamente o cavaleiro de Fênix e Andrômeda. Pandora é personagem da última saga do mangá clássico – eventualmente devo comentá-lo por aqui.

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