Quando eu vejo um anime sempre tento ver os pontos positivos antes de dizer qualquer coisa. Claro que em certos momentos eu acabo xingando um pouco mais do que deveria mas no geral, eu faço o possível para ter algum ponto positivo para destacar e assim, talvez recomendá-lo para alguém. Mas, porém e entretanto, existem animes que parecem se esforçar para serem ruins e Ulysses é um desses casos. Aliás, já aviso que este artigo terá spoilers pois se você for minimamente inteligente não irá ver esse anime depois de ler o texto por completo.

Produzido pelo estúdio AxsiZ, a obra conta com 12 episódios e segundo o my anime list possui ação e fantasia como gêneros, algo que eu discordo e você, caro(a) leitor(a), vai entender o motivo. A obra retrata a guerra dos cem anos, travada entre a França e a Inglaterra e nós acompanhamos a ascensão da santa Joana/Jeanne d’Arc e toda a revolução que sua aparição causa em meio a uma época tão caótica para a coroa francesa que havia perdido seu rei e com cada vez menos territórios, precisava de uma “ajuda divina”. E com toda essa história em mãos, a obra consegue desperdiçar todo o potencial que o contexto histórico e as figuras importantes disponibilizavam com um desenvolvimento porco, fraco e confuso.

Você se sentiria seguro vendo que a esperança é uma garotinha desmiolada? E olha que eu nem vou comentar sobre a roupa dela.

Inicialmente eu tinha uma expectativa mediana com a história mas por ter a Jeanne d’Arc, uma personagem que eu sempre gosto de ver, decidi não só assistir como também comentar aqui no blog. E eu me arrependo muito. Nessa obra, Jeanne d’Arc é uma garotinha de menos de 15 anos (juro que se tiver mais tem algo errado) que vive numa vila e tem amizade com fadinhas. Até aí ok, nenhum problema mas, a forma como ela se torna uma santa é que é tosca. O corpo de Montmorency, outro protagonista, possui o elixir necessário para “suportar” a pedra filosofal sem morrer e ele não consome a pedra pois há riscos. O problema é que Jeanne é encontrada a beira da morte e para salvá-la ele dá metade da pedra para ela e lhe passa um pouco do elixir, por meio de um beijo. Detalhe para o fato de que ele mal conhecia ela.

Espero que ao menos nesse ponto aconteça o mesmo que ocorreu na realidade.

Ou seja, ele, um jovem praticamente formado por completo fisicamente e com o elixir necessário para suportar a pedra filosofal não consome por conta dos riscos mas, uma garotinha sem o elixir (nem preciso falar do físico, né?) aguenta a pedra precisando apenas de um beijo (ainda que seja metade da pedra). Resumindo, ele poderia e deveria ter consumido ao menos metade da pedra, atitude que toma no final do anime para utilizar os poderes dela mas não, tinha que colocar uma garotinha trocando saliva com o protagonista em quase todos os episódios. E não para por aí, afinal, o tal criança “torna-se” pervertida por conta da pedra e em alguns momentos pede por mais, mesmo não sabendo como os bebês são feitos. E eu nem vou comentar a questão dele enxergá-la como mulher a partir de certo ponto.

Eu não pago internet para ver isso…

Enfim, a relação dos dois que nem fazia muito sentido no início só consegue piorar a história e tudo que envolve ela, seja os acontecimentos ou os personagens. Montmorency nem tinha motivos decentes para dar algo tão importante para uma garotinha aleatória inclusive. Aliás, existem outras três garotas que possuem interesse amoroso nele e mesmo suas histórias sendo confusas e sem explicação, ao menos elas seriam alternativas interessantes para ajudar na história, detalhe impedido por Jeanne. Uma delas torna-se uma inimiga problemática (que com apenas um beijo roubado consegue usar seus poderes, diferente da Jeanne que precisa de vários), outra vai para guerra quando criança e fica uns anos sob a tutela de um nobre inglês (inclusive essa parte é extremamente mal explicada) e a outra é a futura rainha da França.

Olha essa prova, nem os personagens sabiam que aquela bizarrice iria acontecer…

E com esses furos aqui e ali, a obra começa numa direção até interessante quando envolve a questão do surgimento de uma santa numa época onde a fé e a esperança estão tão frágeis. Seus feitos na guerra chamam a atenção de pessoas mal intencionadas e no fim, nada disso é explorado. A obra parece esquecer que existe uma guerra importante e começa a tocar demais em personagens vazios, clichês e explorar seus passados ou condições atuais sem explicar alguns pormenores da história. E por ser uma light novel, a obra tem como principal foco nos personagens, ou seja, a história gira em torno deles ao invés de ser o contrário. E sabe o que é pior? Os personagens principais são péssimos, com destaque para a Jeanne que tenta impor suas vontades mesmo não sabendo o que está fazendo.

E fechamos com um final aberto inclusive

E como a cereja do bolo, no clímax final a obra comete um deslize extremamente tosco e vergonhoso. Surgem inimigos que ninguém sabia que seria possível aparecer (nem os personagens), um deus aparece e com ele, naves espaciais e criaturas demoníacas que causam um caos. Tudo isso sem o menor indício ou explicação, e a única cena que tenta explicar é um flashback sem falas relevantes que nos entrega algo relativamente óbvio. Ou seja, temos uma obra que vai além de ser de ação e fantasia, afinal, ficção científica, harém e talvez um ecchi seriam os gêneros presentes nessa obra. Enfim, é uma obra que se perde, não se ajuda e acabará entrando no hall do esquecimento com muito prazer.

Alô polícia!!!!

Mas para não ser injusto, devo expor que ao menos a abertura e o encerramento são decentes e talvez os únicos pontos positivos da obra. Por isso, não perca o seu precioso tempo de vida assistindo um lixo como esse.

  1. Esse anime briga com o Conception pra título de pior anime da temporada. Sua análise foi mais que perfeita. Foram tempos perdidos da minha vida hahaha. O Anime tem vários furos por exemplo a Loli sempre tinha que beijar o Protagonista (pior do ano disparado) mas as vezes ela virava Ulysses sem precisar beijar ele. Era muita incoerência. Além do protagonista bundao ter 5 mulheres apaixonadas por ele ( 3 amigas de infância, loli e a prima). Só faltou a fada e a trap pra fechar o harém. Não sei como a obra original é. Mas o anime foi tenebroso

  2. Opa, agradeço.
    Então, um dia eu pretendo pegar o original para ver porque não pode ser possível ser tão ruim kakaka. E sim, o protagonista bundão que promete não casar foi uma das piores idiotices que eu já vi ainda mais quando tem um harém praticamente feito (a fada pode contabilizar no harém também, relaxa).
    Sobre a questão da Jeanne, eu até iria comentar sobre isso, mas acabei esquecendo. Aliás, se eu fosse colocar todos os defeitos e incoerências desse anime seria mais fácil escrever um livro.

  3. Quando vejo um anime, parte de mim quer ver a bela arte dos mangás, as histórias e a lascívia que há neles em movimento; não fico esperando ver um vídeo sobre a história da França, e se os fatos estão ou não obedecendo o que foi dito pelos historiadores – é óbvio que não estão e nem vão estar, é ficção (não estou discordando da crítica, eu concordo – mas animes e mangas são assim, eróticos e ilógicos e é isso que amo neles).

  4. De fato, mas sinceramente a forma como tudo foi feito nesse aqui conseguiu me desagradar muito. Não consegui ver carisma nos personagens e as adições na história não conseguiram me animar como até poderiam ter feito se fosse minimamente decente. O engraçado é que eu não sou tão exigente assim e mesmo assim foi um parto assistir esse anime.

  5. Assim, eu gostei do anime justamente pelos pontos que vc não gostou, e sim, a Jeanne tem mais de 15 anos(como? com o poder da imaginação, o autor decide a idade)…. assumo que não gostei da animação, mas gostei que quase tudo no anime.

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