Já pensou se o encontro mais importante da sua vida é com um gato? Doukyonin wa Hiza, Tokidoki, Atama no Ue (que eu carinhosamente chamo só de Doukyonin wa Hiza) pretende nos responder isso ao longo de 12 episódios. O anime gira em torno de Mikazuki Subaru, um escritor que perdeu os seus pais e que não encontra prazer em nada na vida além dos livros, mas sua história começa a tomar uma nova forma com a chegada da gatinha Haru.

Subaru é uma pessoa no mínimo peculiar, tendo aversão a pessoas por enes motivos e só o pensamento de ter um convívio com elas mesmo que curto, já o aflige. Até antes mesmo de seus pais falecerem o rapaz já era uma chatura viva, sendo recluso e reclamão desde criança – não que de todo eu discorde dele, realmente pessoas são um saco e se forem folgadas pior ainda, mas a gente vai se arrumando como dá.

O protagonista navega um pouco entre a personalidade calma e reflexiva de Souta (Udon no Kuni no Kiniro Kemari) e o jeito ranzinza e intransigente de Handa (Barakamon), inclusive a obra em si em um feeling muito similar a essas duas citadas, a ideia de um adulto que reaprende os valores da vida com a ajuda de uma criança um tanuki também, e no caso de Subaru, a gata.

O encontro dos dois por si só já é algo bem estranho – ou pelo menos é o que parece no começo -, Subaru passa por uma fase onde precisa criar uma nova história e aparentemente está bloqueado. No momento em que visita a lápide de seus pais de repente ali brota Haru que ainda está sem nome só pra constar. A gata faz uma verdadeira feira com as oferendas que ele traz e ganha a atenção do rapaz, que num momento de lembrança da mãe e numa súbita inspiração, acaba decidindo levar a bichana pra casa.

Além da conveniência do lugar, percebemos que a linha do destino que liga Haru e Subaru é mais forte do que parece, já que os dois também compartilham algumas coisas em comum como por exemplo o fato de não gostarem muito de pessoas e viverem por si, fora o fato de que ambos perderam entes queridos. No começo Haru fica com ele e cuidando da sua saúde por gratidão, mas do meio pro fim ela decide continuar ali já que sozinho ele é um perigo e pela ela comida claro, vamos só ver onde essa convivência entre eles vai dar.

A abertura que eu achei muito legal por sinal nos dá uma mostra de como será preenchido com imaginação e diversão o dia a dia desses dois, já que Subaru viaja no mundo da lua quando está com Haru, cada ato da gatinha enche ele de inspiração e ideias malucas – a começar por pensar que a gata é uma espiã mafiosa que tem objetivos maiores se aproximando dele, chegando inclusive ao ponto de estudar esse possível comportamento dela.

Algumas das coisas que mais me cativaram no episódio foram a química do elenco e dinâmica de exposição dos pontos de vista de cada um. O anime alternou entre os momentos de Subaru analisar as ações de Haru, e depois ela analisar o jeito do dono, mostrando as divergências e as similaridades na visão de ambos.

As interações entre as personagens também é boa e funciona, Subaru com seu jeito exótico de ser cria vários momentos divertidos com seus amigos, além do entrosamento natural, inusitado e criativo que tem com Haru – que é um amorzinho e me fez repensar sobre não simpatizar muito com gatos. O amigo dele Hiroto e o seu editor Atsushi também são ótimos, engraçados na medida certa e sem forçar.

Hiroto é um folgado que literalmente invade a privacidade do amigo a qualquer segundo que lhe convém, e Atsushi é o novo editor do escritor e que não sabe direito como lidar com ele – ele até tenta ajudar, mas atrapalha mais do que colabora coitado -, e nisso os dois se enfiam na vida de Subaru e o aborrecem constantemente por sua interrupção na paz e no processo criativo dele.

O humor da série é sútil mas eficiente, pode não arrancar altas gargalhadas, mas te deixa feliz e pleno6 pela sua leveza e naturalidade. Apesar de ter espaço pra possíveis pequenos dramas, dada a história de vida dos protagonistas, penso que a história não deve trabalhar muito em cima disso. Talvez façam uso apenas de um ou outro momento mais reflexivo, algo mais pontual como houve na primeira metade e que eu acho que é até melhor, dada a fluidez dos acontecimentos no episódio.

Confesso que me diverti do começo ao fim, a história em si é bonitinha, aconchegante e interessante, a ambientação é agradável, e todos os que se apresentaram até aqui são extremamente simpáticos cada um do seu modo, e essas individualidades se encaixaram muito bem juntas. Uma estreia definitivamente boa e que me surpreendeu mesmo quando eu já esperava algo ótimo, a Zero-G mais uma vez me entregou outro bom resultado da animação a direção.

Doukyonin wa Hiza mostrou que vale a pena nesse começo representando bem o gênero. Eu continuarei acompanhando a série, comentando aqui e espero que muitos estejam comigo nessa empreitada. Até o próximo artigo pessoal!

Essa é das minhas só vai onde tiver comida, tá certinho

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