Seguindo sua trajetória como caçadores dos Chaos Tellers, a equipe de Ex trilha para um mundo onde logo se apresenta a eles Dom Quixote, o famoso cavaleiro. O que a história de Dom Quixote pretende acrescentar ao que o grupo precisava? O que ela pensava desenvolver fosse ao cavaleiro ou aos protagonistas? Vamos entrar no mundo de Grimms Notes pra saber!

Esse segundo episódio, além da parte aventureira em si, tratou de nos dar algumas poucas explicações pra nos ajudar a assimilar um pouco melhor a ideia do conjunto. Logo no começo, ficamos sabendo da existência da “Névoa do Silêncio”, que tem funções primordiais nesse mundo de fantasia e pra missão dos Story Tellers.

A névoa é uma espécie de limiar entre todos os diferentes mundos, um tipo de centro que os permite acessar qualquer lugar. Uma de suas regras e particularidades é que apenas aqueles com os livros do destino em branco podem andar por ela, ou seja os Story Tellers e ninguém mais. Ela também funciona como indicador de problemas, uma vez que ajuda no rastreio dos inimigos e revela a condição atual dos mundos de fantasia – se ela começa a invadir o lugar significa que a história está entrando em colapso, explicação essa que foi bem vinda pra somar ao restante que já tínhamos visto.

O quarteto de heróis então se dirige ao local mais problemático do momento, o mundo de Dom Quixote. Pra quem ainda não conhece a história, Dom Quixote era um velho que se dedicava a leitura de romances, e num dado momento ele perde o juízo e começa a viver suas alucinações por aí, se tornando um cavaleiro andante e arrastando seu amigo Sancho junto.

Nesse mundo Quixote vive uma realidade diferente da sua história, ele enfrenta de verdade uma série de inimigos pra proteger o povo. Mesmo que muitos continuem achando ele um mentiroso lunático já que seguem seu destino no livro, ele não dá importância ao que vê e ouve, continuando sua luta contra os inimigos e vivendo conforme suas convicções até que não tenha mais jeito – parte disso também está no script dele.

Apesar dos pesares, na cidade ele tem a Dulcinea pra o ajudar. A jovem não só ajuda com o povo, como também acredita nele e tenta limpar a sua imagem perante os cidadãos. Dulcinea sabe o que acontece ao seu redor e sabe que Quixote não está alucinado, apenas as pessoas decidiram ignorar o pobre homem por causa de sua predestinação – e mais tarde ela revela os poderes extras dele e sua verdadeira identidade.

O que é um pouco mais interessante no episódio é a pequena lição que Quixote tenta passar pra Ex. Eu tinha notado que Ex sempre tem dúvidas em relação ao comportamento daqueles que já tem uma história predestinada, ele me parece viver numa dicotomia.

O fato de sua história não ter um rumo certo parece deixar ele confuso, ao mesmo tempo que ele também parece se incomodar com o fato dos demais terem essa direção estabelecida ficando meio desnorteado – tirando o fato de ajudar as pessoas por sua natureza, ainda não entendi claramente o que ele pensa sobre tudo isso ou o que quer no final, ele só parece incerto.

Ao longo do tempo que passa com o cavaleiro, Ex fica desconcertado e não entende como ele consegue viver sendo tão desprezado e achincalhado constantemente pelas pessoas que deseja salvar, mas Quixote faz questão de dizer pra ele que ele não se importa com aquilo, desde que ele viva como se sente melhor e sem arrependimentos. O argumento do velho faz com que se acenda uma pequena chama em Ex como se fosse algo novo que ele estava aprendendo e assimilando pra formar seu caráter, algo que preenchia uma página do livro em branco que é sua mente.

Outro encontro que também mexe bastante com o garoto é o que ele tem com a aparição de Loki, a figura misteriosa que deve ser o líder dos Chaos Tellers. Loki não conversa muito com ele, apenas tenta confundir Ex e tirar da sua mente o que Quixote tinha acabado de lhe ensinar, insinuando que as pessoas ali vivem apenas como marionetes – deu pra perceber que a aflição de Ex durante a conversa não foi com a afirmação do inimigo já que ele estava mais forte mentalmente, mas com o fato de ter se batido com ele novamente.

Num momento de maior perigo do dia, a cidade é invadida por um moinho monstro que pretendia arrasar de vez com tudo ali sem dar chance pra Quixote. O time principal vai e faz a sua parte conseguindo a vitória com a ajuda do avatar da Chapeuzinho recém adquirido – o fato dela usar fogo e ter tamanho poder, pra mim foi bem legal embora confuso, porque até então os demais heróis tem uma certa coerência em suas habilidades e ela ficou sobrando nisso, até o nome do ataque dela é nada a ver mas ok.

Dom Quixote no fim das contas realmente era o responsável por tudo, mas não para o mal assim como no caso da Chapeuzinho que foi tomada pelo medo e pelos inimigos. A imaginação dele apenas tinha ganhado poder real e se externalizado. Reina então faz a sua parte como sempre e o cavaleiro infelizmente se despede de Dulcinea – que era um amor de pessoa, mas também fruto de sua imaginação materializada, fazer o quê né.

Eu posso afirmar que não tivemos nada muito destacável aqui exceto as partes que falei mais em cima, o episódio também foi meio monótono pra mim pela falta de uma ação maior e um drama mais consistente, considerando os panos de fundo de cada personagem que eles vão ajudando – achei que faltou equilíbrio na dosagem das coisas, ficou tudo apenas superficial e mediano.

Ficou no ar pra nos instigar ou não um pequeno questionamento sobre a relação de Loki com os heróis. Dois deles já se manifestaram negativamente como Reina e Ex que teve até um flashback curto e sem falas, falta saber dos outros dois se eles tem algo contra também – até porque por enquanto, eles estão como se estivessem ali apenas por serem Story Tellers, diferente dos outros dois que tem seu passado e possíveis razões.

Quem é Loki, o que ele fez aos protagonistas e o que ele quer afinal, seria ele um invasor, um deus também como na mitologia, ou apenas um personagem de outra história qualquer que decidiu tomar os rumos de sua própria vida? Seja como for, espero que o próximo capítulo dessa aventura seja melhor.

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