Bom dia!

O primeiro episódio se dedicou a mostrar como vai ser a dinâmica do anime, dar uma pequena introdução sobre as personagens principais, e mostrar como tudo isso vai ser, visualmente.

Falando em visualmente, no primeiro episódio houve animação mista entre 3D e 2D, mas esse não foi o caso nesse episódio. O capitão, animado de forma tradicional no primeiro episódio, foi 100% 3DCGI nesse segundo. Pode-se especular porque foi assim, mas a menos que alguém da produção se manifeste, nunca vamos saber.

Mas se podemos especular, vamos especular? Pode ter sido só para chamar mais a atenção com um acabamento melhor no episódio de estreia. Pode ter sido porque o trabalho original, em 3D, estava muito ruim e refizeram partes ou adicionaram cenas no final. Ou talvez o episódio inteiro tenha sido feito depois dos demais? Talvez o segundo devesse ter sido o primeiro? Calma, esse parágrafo inteiro não vale nada, não reproduza o que escrevi como “verdade” por aí, ok?

Enfim, nesse segundo episódio de Kotobuki o anime revela, à sua moda, um pouco sobre o que parece ser a complexa política desse mundo (ou do pedaço desse mundo no qual a história se passa), e ainda estou bastante confuso.

Ah sim, esse episódio também introduziu a sexta pilota, a Chika. Que é tipo uma versão irritante da Kirie. Ela sofreu uma baixa em alguma missão anterior e estava no hospital, da onde saiu bem mais cedo do que o previsto e já foi pilotar aviões de novo, embora estivesse com a perna quebrada.

Suponho que essa seja uma cidade de gente durona que vive comprando briga, e a Chika é alguém assim. Só que uma garota que aparenta ter 12 anos de idade e voz de gralha comprando briga não é exatamente divertido, mesmo como efeito cômico.

 

Kirie e Chika discutindo

 

E eu poderia dizer que espero que diminuam isso nos próximos episódios, mas vou ser realista. Ela e a Kirie não parecem se dar bem, e como a Kirie é a protagonista elas ainda devem brigar muito até o final do anime. Ai que vida.

Pelo menos a Reona faz o que se espera de uma líder e coloca as duas em seu lugar. Não porque é ela quem manda, mas porque é o sensato mesmo. Brigar por aí só vai causar problemas para elas. Agir de forma imprudente atrás do manche pode custar a vida delas e de outras pessoas.

O anime termina tentando dizer que as duas são ases incríveis, mas falta um pouco para me convencer disso ainda. A verdade é que os aliados das garotas nos dois episódios pareceram cones voadores, os inimigos não foram muito melhores, e só elas é que realmente brilharam – sem que a Kirie, nos dois episódios, ou a Chika, nesse segundo, tenham parecido especialmente mais brilhantes.

Fazer o quê? Transmitir a ideia de genialidade é sempre difícil mesmo. Pense nos “gênios” que você conhece de outras obras, em qualquer mídia, mas pense bem, e na esmagadora maioria dos casos eles são apenas bons, um pouco acima da média talvez, cometem poucos erros, e os adversários ou aliados é que são muito ruins.

Pelo menos os inimigos em Kotobuki não parecem muito ruins. Não muito ruins. E com um mundo aparentemente tão grande, acredito que elas encontrarão mais adversários à altura além daquele que fez um dogfight com a Kirie no primeiro episódio.

Falando de quão grande é o mundo, esse episódio começa a dar pistas de como ele é ocupado: parece haver vilas e cidades mais ou menos isoladas espalhadas pelo território. Não ficou claro se todos aqueles nomes de lugares eram especificamente cidades ou eram regiões (províncias, estados, sei lá).

Por pouco provável que seja, parece que o modo de transporte mais comum entre as diversas cidades (vou tratar como cidades por enquanto) é a via aérea. Imagine uma Revolução Industrial que inventou aviões antes de trens, e dirigíveis com incrível capacidade de carga.

E quanto digo incrível, quero dizer impossível. Um navio de carga normal transporta mais de 20 mil toneladas de carga útil. Um longo trem de carga está por aí também. Enquanto isso, um projeto de um enorme dirigível moderno poderá carregar, quando pronto… 23 toneladas. Note a diferença: um é 20 mil, o outro é só 20. Mas isso é parte do charme desse mundo, então apenas aceite que esses dirigíveis são possíveis para eles.

Com quase todo o transporte sendo realizado por via aérea, faz sentido que surjam piratas aéreos. E a distância entre as cidades para que o transporte aéreo tenha sido a solução em primeiro lugar deve ser grande o suficiente para que elas sejam na prática semi-autônomas.

E parece haver uma disputa política agressiva em torno disso. De um lado, aqueles que defendem um governo central forte. De outro, aqueles que defendem mais autonomia. E eu estou como o capitão: sou um centrista, na falta de mais informações pelo menos. De todo modo, os centralistas (chamemo-los assim) não devem ser gente legal se a Conselheira Julia, transportada nesse episódio, for o padrão de personalidade entre eles.

 

Conselheira Julia, em ângulo e pose de uma personagem maligna

 

Suponho que retratá-la como uma pessoa insuportável tenha sido proposital exatamente para dar pista de que ela está “do lado errado”. Quero dizer, poderiam falar o que quisessem sobre a política desse lugar que eu nem conheço cheio de pessoas que não conheço e que se organiza de formas misteriosas, mas como eu poderia saber se o certo é centralizar ou ampliar a autonomia?

Faça a defensora da centralização ser chata, insuportável. Do tipo que reclama de tudo só pelo prazer de perturbar quem a está atendendo. Que rouba os crushs da amiga no colégio de propósito só para rejeitá-los em seguida, e depois ainda tem a audácia de dizer para ela que a odeia. Uma pessoa assim tem que ser má, não tem? E se ela é má, então o que ela defende é maligno também.

Isso se chama maniqueismo, e funciona bem para construir uma narrativa fictícia. Não necessariamente a narrativa mais interessante, mas tudo bem. Só cuidado com quem tenta aplicar o maniqueismo à realidade, ok? Na ficção não faz mal pra ninguém.

Só me pergunto se era um recurso necessário mesmo, já que quando do ataque dos piratas, fiquei sob a impressão que tinha algo muito errado, muito suspeito ali.

Então a Julia havia proposto uma lei que anistia piratas e permite que eles trabalhem normalmente, mas um grupo de piratas numeroso e com aviões modernos resolve atacá-la? Qual o sentido? O prazer dela ao ser atacada e as escolhas que fez para a viagem, pelas quais foi avisada de que eram imprudentes, tornaram tudo muito suspeito.

De todo modo, as garotas são incríveis e derrotam 30 inimigos, apesar da Chika e da Kirie terem batido cabeça no começo. Eles chegam ao destino em segurança. Que bom pra todo mundo!

Exceto para a cidade delas, que parece ter sido alvo de alguma coisa e estava pegando fogo. Mas isso é problema para o próximo episódio. Até lá!

 

Rachma arde

 

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