Não estaria mentindo se dissesse que vi esse episódio duas vezes para entender e tentar escrever algo decente sobre o que nos foi apresentado. ONE mais uma vez consegue deixar transparecer com excelência a vertente dramática para o qual seus trabalhos pendem, em alguns momentos.

O episódio três acredito que seja algo apresentado como o prólogo da tragédia que se aproxima, afinal, nosso pequeno Mob está prestes a explodir.

Ao que parece o site que Seigen colocou no ar tem surtido efeitos positivos pois normalmente é ele quem procura o trabalho, e em um único dia lhe foram apresentados três. E é através tanto desses trabalhos quanto de acontecimentos do dia a dia de Mob que se mostra o drama principal do episódio.

O que acontece realmente é que tudo o que Mob tem passado nos últimos dias o tem feito pensar e pesar seus atos. Como temos a certeza disso? Aqui está a resposta: através das reações observadas pelo próprio Reigen durante o trabalho.

Mob imagina a vida do amaldiçoador.

O primeiro trabalho desperta em Reigen a sensação de que realmente algo tem acontecido com Mob quando ele o pergunta se teria alguém a quem desejasse uma maldição. A resposta esperada foi um simples não, mas Mob também chega a se perguntar se teria motivos para fazê-lo e após mensurar muito, responde negativamente. Todavia chega a seguinte reflexão: será que seria bom para uma pessoa viver sabendo que desejou o mal à alguém? E daí um clima tenso se instaura até o findar do capítulo.

O segundo trabalho o faz pensar mais ainda em o que ele realmente tem enfrentado todos esses tempos. Percebe-se que a cliente que antes demonstrava pavor aos espíritos que a vigiavam sentia também um temor descarado às consequências de sua insolência, após revelado o fato de ser um ser humano a realizar toda a ação, subjuga o malfeitor em um papel de “ser repugnante”. Mob se questiona por que a reação foi diferente ao saber que era um ser humano e não um espírito? Indiferente ao fato de o malfeitor sofrer de algum distúrbio psicológico, a atitude sob a visão da mulher foi nefasta. O que indica que não seria menos ruim se fosse um espírito com intenções menos impuras?

Muito persuasivo esse Covinhas, não é?

O terceiro trabalho foi o mais avassalador a pequena consciência, com demonstrações esporádicas de poderio psíquico de Mob. Apesar de tudo, ele é um garoto que está aprendendo sobre o mundo a sua volta.

Destruir uma família que só está em busca da felicidade, por mais que fossem espíritos, meramente por capricho de um grupo de adolescentes parece justo? Para Mob não foi difícil saber a resposta, mas decidir como agir diante da situação imposta foi algo de um peso psicológico terrível.

Não podemos esquecer o ocorrido no caminho para a escola, onde vemos claramente as reais intenções do ser humano para com os oprimidos. Valentões afligem Mob, este que não levanta um dedo em tom de repreensão. E apesar de serem punidos por três defensores diferentes, os valentões continuam com o desejo impuro de importunar. Isso contribui mais ainda para o pensamento que toma forma, como apresentado.

Nosso findar termina com uma pergunta, esta creio eu, que a maioria dos heróis se fazem: quem realmente é o vilão?

Mob, por ser um poderoso sensitivo, vive com o plano astral e o carnal como se fossem um só e não pode diferenciar o que, do ponto de vista humano, é ameaça ou não é pois para ele não existe o desconhecido. O peso que carrega por ver mais do que podemos ver e em seu dia a dia ter que entender que, em algumas situações, em uma ponta da balança pode ter um espírito maligno e na outra um humano inocente e que também pode ocorrer o contrário.

Quanto peso!

Acostumado a exterminar os maus espíritos, se questiona se teria alguém que o julgasse quando começasse, possivelmente, a punir os maus humanos. É neste ponto que o peso psicológico se eleva rapidamente e o temperamento de Mob atinge um nível alarmante.

Todavia, podemos observar os lados bons disso tudo, como por exemplo Reigen demonstrando sua preocupação e a apurada visão quanto aos sentimentos de Mob.

E outra coisa que me tirou uma dúvida, como deixei claro no último artigo (Mob Psycho 100 II – ep 2 – Covinhas, o mestre da ação), Covinhas realmente se importa com Mob. Me pareceu a princípio que era seu lado maléfico provocando o espírito pai, quando na verdade ele estava realizando um teste para saber como seria o interior do mesmo e assim ajudar Mob em sua difícil decisão.

Comentários