Bom dia!

Quem acompanhou os artigos na temporada passada deve ter achado que eu tinha dropado Kaze Fui. Não dropei não, só demorei a vida inteira para retomar a cobertura mesmo.

Mesmo que o anime tenha feito uma grande pausa na virada da temporada, ainda assim acumulei 4 episódios para um artigo só. Felizmente os temas no anime são simples e fluem devagar, então não é como se tivesse acumulado muitas coisas diferentes para analisar de uma vez só.

Foram 4 bons episódios, mas não foram igualmente bons. Acho justo então que eu revele as notas parciais de cada um: episódio 11: 5/5, episódio 12: 3,5/5, episódio 13: 5/5, e episódio 14 4/5. A média dá 4,375, que arredondado pra cima dá a nota do artigo: 4,5/5.

O episódio 11 começa meio bem e meio mal (para os personagens, claro). Musa e os gêmeos conseguem os recordes, mas Shindo e Yuki, que vinham se esforçando bastante e estavam quase lá, não.

Com efeito, os dois pareceram abalados com isso – principalmente o Shindo. O período de chuvas não ajudou, e os dois não estavam conseguindo reduzir de jeito nenhum seus tempos.

As qualificatórias para a Hakone Ekiden se aproximam e metade da equipe não tem os recordes oficiais necessários para poder sequer pleitear um lugar na prestigiosa corrida.

Kakeru conversa sobre isso com Haiji e afirma estar começando a se sentir inseguro sobre as possibilidades do clube. Na mesma conversa, Haiji fala sobre o que é realmente importante para um corredor de longa distância: força, mais do que velocidade. Kakeru tem razão em se sentir inseguro. Todos nessa equipe têm fraquezas, inclusive ele próprio. E é claro que ele não é o único inseguro também.

Toda essa insegurança acaba tendo efeitos positivos, porém, que não chamo de inesperados porque pareceram totalmente esperados pelo Haiji. O principal deles é que vários deles começam a se envolver mais ativamente com corrida, a pesquisar, e cada um dos jovens passa a descobrir no que eles são bons de verdade, dentro e fora das corridas.

 

Kakeru e Yuki ajudam Shindo a melhorar sua postura

 

Quando se está focado em um objetivo mas sem conseguir avançar em uma tarefa, às vezes o melhor que se pode fazer é deslocar o foco para outra tarefa, ainda que a primeira seja muito mais importante. E é isso que o Shindo faz: ao invés de ficar na neurose de não estar conseguindo diminuir seu tempo, ele vai distrair a mente fazendo um site para o clube.

Yuki é mais pragmático e vai pesquisar a ciência por trás da corrida. Segundo Haiji diria no décimo quarto episódio, ele contava exatamente com isso quando o recrutou em primeiro lugar.

Todos dão o melhor de si, cada um a seu modo. Yuki, Shindo, Nico, o Rei, cada um deles conquista sua fraqueza e consegue seu recorde oficial no episódio 14. Ainda faltava o Príncipe.

 

O Príncipe no sprint final

 

Indiscutivelmente o mais fraco, fisicamente falando, a força mental do Príncipe é do tipo que só um otaku pode ter, quando está fissurado por alguma coisa. Só o que faltava para ele antes era vontade e motivação.

Depois de meses correndo com o Clube de Atletismo da Universidade Kansei o que o Príncipe mais tem é vontade de continuar com eles, e está mais do que motivado a atingir esse objetivo, não só por ele, mas pelos demais também, afinal é preciso 10 pessoas na equipe e não há mais tempo para substituições.

A maioria foi escolhida por ser atlética ou já ter participado de algum clube esportivo antes. O Yuki não é ruim de físico também, e além disso foi escolhido por sua habilidade intelectual. O Shindo, por ser bom em montanhas. Mas e o Príncipe?

Não ficou claro porque o Haiji recrutou o Príncipe, mas como em episódio anterior ele já disse se ver no otaku fracote que nem sabia correr direito, eu fico com essa versão: o Príncipe foi escolhido para o Haiji provar para si mesmo que qualquer um pode correr, que qualquer um tem direito de correr. Inclusive ele próprio, voltando de uma operação séria.

 

Haiji chora com o recorde do Príncipe

 

É um motivo egoísta, sem dúvida, mas ele foi egoísta e manipulador desde o começo, então não há nada de novo aí.

Entre o episódio 11 e o 14 eles passaram por um acampamento de treino de verão. Em uma cidade pequena, afastados da universidade, sem aulas ou quaisquer outras preocupações, eles puderam treinar nas pistas e fora delas como nunca antes.

Se eles ainda não eram unidos o suficiente, essa viagem selou o vínculo eterno entre eles, que continuará existindo mesmo anos e décadas depois da Hakone Ekiden em que eles pretendem participar.

Em particular, porém, o acampamento de treino permitiu ao Kakeru superar a sua fraqueza. A equipe da Universidade de Esportes de Tóquio, onde está Sakaki, ex-colega do Kakeru no Colégio Sendai Josei, coincidentemente foi treinar no mesmo vilarejo, e o conflito foi inevitável.

 

Kakeru ameaça dar o soco que o Sakaki merecia levar

 

Como visto noutros flashbacks em episódios anteriores, Kakeru era a estrela da equipe no tempo do colégio, e seu treinador era um babaca. Não precisava se esforçar com o Kakeru, que era naturalmente muito bom, e tratava todos os demais feito lixo.

Não é o caso dele ser capaz de conseguir resultados apesar de seus maus-tratos. Os veteranos do clube logo aprendem a lidar com o treinador: basta fingir que está se esforçando quando ele estiver vendo. Certamente ele está satisfeito em ter o Kakeru e simplesmente não se importa com os demais, mas ao mesmo tempo precisa mostrar “quem é que manda”.

Kakeru odeia tudo isso. Ele era introvertido, da mesma forma como era no começo do anime, e parece nunca ter conversado sobre isso com ninguém. Caso tentasse, provavelmente seria desprezado. Afinal, ele não tinha do que reclamar! Estava sempre em primeiro e era bem tratado pelo treinador, o que poderia saber do sofrimento dos demais?

Com efeito, foi assim que um primeiro-anista com lesão no joelho o respondeu quando ele tentou dizer-lhe, sem nenhum tato, que não precisava se esforçar tanto. Kakeru não enxergava ninguém quando estava correndo, mas fora das pistas ele via sim tudo o que estava acontecendo, e isso o perturbava.

Quando a lesão do primeiro-anista se agravou e ele não pôde mais correr, sendo cruelmente expulso da equipe pelo treinador (e da escola, porque ele era um bolsista atlético), Kakeru estourou. Eu achava antes que o Kakeru tivesse sei lá, sofrido bullying e socado o Sakaki, mas que nada, ele socou foi o treinador mesmo.

Como resultado, ele não pôde mais correr. E para que o caso não se alastrasse, a Sendai Josei suspendeu as atividades do clube pelo resto do ano. Era o último ano do Sakaki, provavelmente o único em que ele teria oportunidade de participar de competições, e o Kakeru acabou com isso em um único ato impensado. Não é à toa que ele parou de correr e que o Sakaki o odeia.

 

Kakeru está pensativo, com medo de prejudicar seus amigos ao agir por impulso de novo

 

Aquele Kakeru ainda é o mesmo Kakeru. Ele sabe que ainda pode estourar de novo se forçado ao limite, como foi daquela vez. Ao perceber isso, ele parece ter decidido abandonar a equipe para não correr o risco de vir a causar problema para eles.

A diferença é que na Sendai Josei ele não tinha ninguém para segurá-lo, e agora em Kansei ele tem. Eles são uma equipe, e tanto quanto o Kakeru se preocupa com eles e quer continuar correndo com eles, também Haiji, Nico, Yuki, Shindo, Musa, os gêmeos, o Rei e o Príncipe querem correr com ele.

Na Sendai Josei eles eram só membros de um clube de atletismo. Em Kansei eles são um time. Haiji está determinado a descobrir o significado de correr, e acredito que ele esteja chegando perto da resposta.

 

Kakeru conta sobre seu passado para todos

 

Esses quatro episódios não são exatamente um arco, mas eles fecham a etapa de obtenção de marcas dos corredores e a superação de suas fraquezas individuais. Se eu tenho algo para reclamar, é que ficou parecendo um pouco “corrido”, se me permite o trocadilho infame. Mas que venham as qualificatórias!

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