Bom dia!

Para Asuka, o que ela saiu para fazer nesse episódio foi apenas uma operação de resgate de sua amiga querida. E uma dúvida que não quer calar: se ela ainda não quer se envolver, se não fosse sua amiga, mas uma desconhecida que tivesse sido sequestrada e fosse ser torturada e morta, ela não iria agir?

Teria sido interessante explorar isso, e me pergunto se o anime ainda pretende colocar sua protagonista nesse tipo de dilema. Em todo caso, o que aconteceu nesse episódio não é só um sequestro, um ato terrorista ou uma operação de resgate: é uma guerra declarada.

O episódio começa com a Asuka relembrando em pesadelo de mais um dos motivos de estar traumatizada. Em um parque de diversões absolutamente destruído e em chamas, resultado do que deve ter sido uma das batalhas mais ferozes da guerra contra os disas, morre em seus braços Francine, a líder das garotas mágicas antes de Asuka.

 

Francine morre nos braços de Asuka

 

Enquanto isso Nozomi já foi sequestrada e já está sendo torturada, mas ela não sabe de nada até que recebe um telefonema de Iizuka.

Ainda antes disso, o sequestro da Nozomi já causava atritos. Seu pai obviamente espera que a polícia inicie o quanto antes uma operação de resgate, mas saber que os inimigos são da Frente Unida do Leste Asiático e de uma ainda pouco conhecida Brigada de Babel, que tem acesso a armas mágicas biológicas (os disas) com os quais eles têm poucas chances de sucesso, deixa a organização em uma posição difícil. E a decisão não poderia ser mais maquiavélica: deixar a garota morrer.

 

Comissária Miura

 

Se ela morrer, afinal, o assunto vai inflamar a opinião pública e eles terão discurso para pleitear recursos para combater futuros casos semelhantes. É um ganha-ganha – exceto para Nozomi, seu pai, suas amigas, e todo o decoro e decência humanas, claro.

A alternativa é pedir ajuda das Forças de Auto-Defesa, que possuem esquadrões (como o de Iizuka) preparados para guerra mágica. É um caso de terrorismo interno, então os militares não podem agir por conta própria, e ao mesmo tempo a polícia não quer pedir a ajuda deles para não ficar devendo favor – e, de quebra, com sorte esse caso leva a investimento para o combate de casos mágicos pela própria polícia. Eles não vão pedir ajuda.

Não tenho certeza se realmente esperavam que ninguém agisse, porém. Tanto a Comissária Miura, da Segurança Pública, quanto o Oficial Iizuka, das Forças de Auto-Defesa, dizem que “não podem fazer nada se as garotas mágicas decidirem agir por conta própria”.

Para bom entendedor um pingo é i. Isso é um cabo de guerra silencioso em que ninguém quer ou pode assumir a responsabilidade, e estão dizendo exatamente isso para Asuka e Kurumi: vocês estão fazendo isso porque querem, ninguém vai ficar devendo nada para vocês. É capaz até de elas ficarem devendo favores para os outros.

 

 

Os criminosos, por outro lado, são muito mais coesos. Não existe só um grupo atuando, a Frente Unida do Lesta Asiático e a Brigada de Babel são organizações diferentes que, não obstante, estão trabalhando juntas nesse caso, cada uma por seus próprios objetivos.

A Frente Unida quer apenas vingar-se pela “morte” (ele foi declarado morto) de Kim Kanth e a Brigada de Babel quer capturar uma garota mágica. Forçar uma situação em que apenas uma garota mágica possa resgatar a filha de um policial da Segurança Pública, sob a guarda de quem Kim Kanth supostamente morreu, cumpre os interesses de ambos.

E por que querem capturar uma garota mágica, em primeiro lugar? Como toda boa vilã de ficção, Abigail revelou o plano: a Brigada de Babel está desenvolvendo uma Garota Mágica de Destruição em Massa. Ou algo assim.

Em todo caso, pelo menos não foi para as heroínas que ela revelou isso, mas para os feiticeiros russos mercenários que ela contratou para esse serviço.

O que exatamente seria uma Garota Mágica de Destruição em Massa? Uma garota mágica normal, mas com muito mais poder? Um monstro submisso a seu mestre? Bom, talvez descubramos em breve, pela prévia parece que uma dessas vai aparecer já no próximo episódio. E é sinistramente parecida com a Francine.

 

 

Será que as garotas mágicas precisam de algum requisito insano para poderem ser poderosas? Digo isso porque nenhuma parece normal, embora não saibamos as histórias de todas. A Kurumi sofreu bullying violento antes de se tornar garota mágica. A Abigail eu não sei de onde veio, mas ela claramente não é normal.

A Asuka ficou traumatizada após se tornar garota mágica, então não sei se ela tinha algum problema antes. A Mia parece ser ok, mas não se sabe nada sobre ela ainda (quero vê-la em ação mais vezes).

Especulo sobre essas coisas todas porque é um elemento comum no gênero dark mahou shoujo. E pode ter a ver com a Garota Mágica de Destruição em Massa também, quem sabe? Do que será capaz a alma de uma garota mágica morta em ação, que sofreu, foi torturada, sei lá?

A Abigail fala em “reciclar” até o futuro cadáver da Nozomi, que nem mágica é, após terminarem de torturar e a matar. Dá o que pensar.

Em todo caso, fique para registro: o episódio foi tenso por causa da situação da Nozomi, mas foi gráfico apenas o suficiente para nos fazer sentir que o sofrimento dela era bastante real. Magical Girl Spec-Ops Asuka não cede à pornografia da tortura, e isso merece elogio.

 

Abigail ameaça Nozomi

 

Para encerrar, gostei dos elementos folclóricos usados no episódio. No caso, mitologia eslava, com a Russalka, e mitologia finlandesa, com o machado forjado por Ilmarinen.

Coisas assim ampliam o lore do anime, abrem oportunidades para mais especulações e tiram a magia pura do pedestal. Espero que vejamos mais elementos folclóricos, talvez de outras partes do mundo, nos próximos episódios.

Mas por enquanto mesmo só quero que a Nozomi sobreviva. Seus ferimentos físicos serão curados pela Kurumi, como ela prometeu para a Asuka, mas me preocupo com suas cicatrizes mentais. Enfim, até o próximo episódio!

 

Será que Nozomi voltará a sorrir assim?

 

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