“Você pode ser e fazer qualquer coisa! Abrace o seu futuro brilhante! Força, força, pessoal! Força, força, eu! Lá vamos nós!”

Hugtto! Precure é a décima quinta série da franquia Pretty Cure que há mais de uma década vem conquistando crianças e adultos com suas garotas mágicas alegres e divertidas. Com Hugtto! não poderia ser diferente; então Hana, Homare, Saaya, Ruru e Emiru se unem como Precures para combater um mal que atravessa as barreiras do tempo: a Corporação Kuraiasu, cujo objetivo é parar o tempo para livrar as pessoas do sofrimento eterno.

O anime nos guia por uma jornada de autoconhecimento e valorização pessoal, mostrando a batalha incessante de garotas que acreditam no poder dos sonhos, e passam seus dias ensinando aqueles ao seu redor e aprendendo com eles que a vida pode ser muito mais do que pensamos, basta não desistir dela. É hora de Hugtto! Precure aqui no Anime21!

Este artigo é uma parceria entre os redatores Kakeru17 e JG. O primeiro conheceu a franquia por essa série, o segundo já é fã de longa data. Nós esperamos que você goste da resenha de Hugtto! Precure.

As Precures

Com vocês: Hana, Saaya, Homare, Ruru e Emiru

Kakeru17: O anime começa nos apresentando a Nono Hana, uma enérgica garota de 13 anos que almeja se tornar uma mulher madura e estilosa, mas carrega consigo muitas inseguranças comuns a essa fase da vida. Contudo, quando um bebê que literalmente caiu do céu, a fofa Hugtan, com seu galante hamster guardião, o boa pinta Harry, se veem em apuros, ela recebe um Mirai Crystal e se ergue para lutar contra o mostro Oshimaida ao se transformar na Precure da alegria: a Cure Yell.

JG: Hana é provavelmente uma das melhores líderes entre as Cures cor de rosa (Nozomi ainda é a melhor para mim). Normalmente o padrão de todas elas é ter esse espírito genki (alegre), mas o que a torna especial é porque ela está além de ser apenas alegre. Ela é desajeitada e irreverente, mas transmite uma maturidade constante e isso conquista quem a vê.

Kakeru17: Verdade, dá para perceber o quanto ela é esforçada e como a mulher estilosa e madura que ela almeja ser vai desabrochando de dentro dela de acordo com as experiências que ela vai vivendo. Além disso, ela funciona muito bem tanto como alívio cômico, personagem de suporte ou personagem principal; chegando até a roubar um pouco do brilho das outras Cures devido ao seu carisma natural e a forma como a personagem se impõe em meio as situações.

Cure Yell!

JG: É como o Kakeru diz, ela tem uma aura chamativa e natural que apaga o restante do elenco não importa de quem seja o episódio. Na verdade, sendo bem sincero, às vezes eu me perguntava a extensão do crescimento dela, porque frente as outras ela parece bem mais equilibrada quanto ao seu eu, não dava para ver tanta a coisa a se mudar com relação a ela. Hana é mais focada em viver um dia após o outro e ver no que dá sem pensar muito no que pode dar errado, ela se liga no que pode dar certo. Não sei nem como explicar, só sei que ela é a Hana!

Kakeru17: Ela é uma personagem alegre e divertida cujos problemas vão sendo esmiuçados ao longo da trama, ilustrando seu desenvolvimento e agindo como seus estágios de amadurecimento. A Hana vai além de um estereótipo, é a união entre uma ótima ideia e uma excelente execução.

Mechokku!

JG: Agora vamos falar das outras? A Homare é uma patinadora renomada de sua geração, o que a marca bem é o seu espírito competitivo e perseverança. Ela tinha passado por alguns problemas no começo de sua carreira e isso fez com que ela se afastasse da patinação e se tornasse tão cheia de complexos sobre o quão longe ela conseguiria ir. A Cure Étoile surge quando ela supera a primeira etapa para sua mudança.

Diferente da Hana, a Homare tem uma natureza e aparência mais maduras, mas não é do tipo que busca isso, as suas dúvidas estão exatamente onde as amigas têm certezas. Há algo interessante sobre ela e a Saaya, pois uma tem conflitos por saber o que quer, tem seu destino já traçado, já a outra tem exatamente por não saber nada disso; então a série meio que cria um equilíbrio entre o trio inicial.

Cure Étoile!

E depois que ela consegue se alinhar em relação aos seus objetivos principais ainda surge aquela situação com o Harry, mas que foi tratada com a maturidade adequada. É ali que ela mostra a força que veio adquirindo ao longo da série, fazendo jus ao seu título de Precure da força.

Kakeru17: É verdade, a Homare é uma personagem que passa por desafios constantes, e isso também vale para seu grande amigo e eterno rival, Henri. A forma realista como trabalham o primeiro amor e o coração partido, mantendo o alto estral da trama ainda que com bastante seriedade, foi outro ponto positivo que mostrou como o roteiro do anime era maduro, como ele se preocupava em fazer sentido e passar uma mensagem de uma maneira clara; seja para crianças ou adultos.

A brilhante patinadora no gelo

JG: Yakushiji Saaya é a nossa terceira protagonista. Ela tem dúvidas sobre seu futuro, vive a sombra da carreira da mãe e, de certo modo, se deprecia por isso.  Sua natureza curiosa e inteligência são seus pontos fortes e por também ter uma personalidade protetora, a ela foi concedido o título de Cure Ange.

Kakeru17: É, além de que o estereótipo da personagem da Saaya, a pessoa diligente e certa sobre seu futuro, também tem seu contraste, e um que aproveita bem as muitas experiências de trabalho pelas quais as personagens passam ao longo da trama, o que a ajuda a moldar a pessoa que ela deseja ser. Das três a considero a personagem menos carismática, mas, ainda assim, ela continua sendo muito bem escrita, inclusive, porque há um belo drama dela com sua mãe que explora outra tema recorrente na obra: a maternidade.

Cure Ange!

JG: A Saaya me causa uma sensação de confusão, porque a coitada é bem apagada. Ela é a que mais cresce na série toda, os dramas dela são bem consistentes e isso é um fato, mas o negócio vem da personalidade mesmo. Para mim o que é mais triste é que eu amo a cor azul, então as Cures azuis são as minhas favoritas, além do fato de que a maioria delas é inteligente, o que me agrada, e a Saaya, por mais legal e gentil que seja, fica aquém das outras. Falta algo nela que dê vida a personagem.

Kakeru17: É, eu também tive essa impressão, mas não considerei tanto um problema justamente porque as outras Cures dão uma compensada, e a personagem é bem escrita. Isso é o que mais importa para mim.

A atriz que cura as pessoas

As outras Precures que mais tarde se juntam ao grupo principal são a androide Ruru e a obcecada por segurança Aisaki Emiru, uma dupla inusitada que se forma depois que a Ruru, originalmente uma vilã, passa a morar com a Hana para investigá-la, mas acaba é se deixando cativar por ela e por aqueles a sua volta.

Nesse meio tempo ela conhece a Emiru e elas viram melhores amigas, mas não sem antes uma boa dose de drama com direito a reflexões pertinentes sobre o que é um coração e se um ser não humano como a Ruru é capaz de ter um. Além, é claro, do drama da Emiru que quer botar para fora seus sentimentos através da música.

JG: Acho que o ponto inicial da construção das duas é que ambas vêm de um mesmo pano de fundo. Tanto a Ruru, quanto a Emiru eram “escravas” daqueles que detinham a guarda delas. Emiru estava presa pela rigidez de sua família – parcialmente, porque os pais dela eram tranquilos, a pressão vinha dos demais – e Ruru fadada a ser má e calculista pela influência da Corporação Kuraiasu.

Cure Ma Chérie & Cure Amour!

Esse ponto comum abriu um outro, que no caso era exatamente a posição de incerteza que as duas ocupavam quanto aos seus desejos reprimidos e acho que o roteiro de novo foi muito feliz na execução da forte ligação e libertação das duas.

Kakeru17: Concordo, além de que, elas se expressam por meio da música, da arte, da exposição de seus sentimentos. A Ruru que pensava não ter coração era a que desenvolveu os sentimentos mais pungentes e a Emiru que tinha todo um caminho traçado para si foi forte para escolher seu próprio trajeto, sua própria jornada.

As duas se complementam muito bem, e uma vir de um futuro cinza, enquanto a outra é de um presente ainda a ser salvo, torna ainda mais importante o Twin Love – dupla de guitarras e vozes que elas formam –, pois é a música delas que conecta o passado e o futuro, que solidifica a construção dessas personagens tão legais.

JG: A consolidação da força desse elo e do dueto de Cures tem duas consequências. A primeira é a transformação que elas causam naqueles que as conheciam, justamente por saberem o que envolvia a vida de cada uma e como saíram triunfantes. Já a outra é justamente o papel de finalizadoras que elas ocupam durante boa parte da série pós-entrada na equipe.

Vemos como as meninas entendem o poder diferenciado que a dupla possui e acabam participando mais como colaboradoras na batalha, deixando a purificação com as duas. Realmente, são duas excelentes personagens que além da carga dramática me fizeram passar mal de rir em vários momentos, principalmente a Emiru com suas maluquices.

Kakeru17: Verdade, elas trazem uma variação necessária a uma série que já havia se habituado a dinâmica das três Precures, mas não chegou a ficar estagnada justamente devido a essa adição.

Além disso, elas alternam bem entre momentos cômicos, como você bem citou, e dramáticos, fazendo com que as duas personagens fossem aprofundadas em meio a questionamentos muito bons, que corroboram para a formação de caráter do público alvo da série. Aliás, esse é um talento inato desse Precure, abordar temas relevantes mantendo uma linguagem acessível para um público de qualquer idade sem, contudo, perder a seriedade e a eficácia.

Harry & Hugtan

JG: Hugtan e Harry são os nossos visitantes do futuro e os responsáveis por enfiar as meninas nessa batalha pelo mundo. Hugtan é um bebê que, assim como todas as mascotes da série, retém poderes que permitem as Cures acessarem toda a sorte de habilidades e conveniências. Harry por sua vez é um rat… Digo, hamster, que tem a habilidade de assumir a forma de um cara bonitão, sendo o guardião de Hugtan e uma espécie de “ajudante” das garotas.

Kakeru17: Algo muito legal sobre a Hugtan é que ela é um bebê e ao longo de toda a série o público tem a oportunidade de acompanhar seu crescimento, assim como os momentos de extrema fofura que ela proporciona, afinal, não há nada mais fofo que um bebê, não é mesmo?

O Harry já vai muito além de ser apenas uma mascote, tendo toda uma subtrama que é bem desenvolvida, mostrando bem os efeitos das ações da Kuraiasu no futuro, além dele desenvolver uma relação um tanto quanto especial com a Homare e isso ser explorado com maturidade ao longo da trama.

Mama & Hugtan

JG: É bem isso, a série nos permite acompanhar esse crescimento e acho que isso torna a experiência mais gratificante do que já é. A Hugtan é maravilhosa, um dos meus bebês favoritos de animes e olha que tenho vários – por mim todo anime tinha um bebê.

A Hugtan me lembra muito a Chiffon (de Fresh Precure), já que seus poderes estão estritamente ligados ao estado emocional das garotas – os demais também têm algo similar, mas a aplicação prática dessa extensão é um pouco diferente para esses dois bebês – e eu acho isso muito bacana, porque cria um laço e dá uma importância maior a dinâmica das relações e do crescimento da equipe.

Puxando um pouquinho para o Harry, ele é um personagem interessante, porque além de divertido, em dados momentos ele tenta se tornar um mentor para as garotas, dando conselhos em momentos críticos, se fazendo presente nas horas certas para passar segurança. Isso não é tão comum para a maioria das mascotes, então ele tem esse ponto a seu favor.

Harry, o Hamster Handsome (Bonitão)

Personagens secundários

JG: Os personagens secundários em sua maioria não têm tanta relevância, mas participam no crescimento gradual das garotas em pequenas doses e se integram aos conflitos internos que cada uma perpassa em sua trajetória individual.

As famílias das Cures vão aparecendo ao longo do anime e têm a sua cota de importância na evolução geral do grupo, mas dentre os vários indivíduos o mais chamativo deles é certamente o Henri, outro competidor da patinação artística e companheiro antigo de Homare. O patinador é também uma peça valorosa no conjunto que compõe Hugtto!, os seus dramas pessoais têm um foco muito forte na capacidade de realizações e a aceitação de si mesmo independente das imposições sociais.

Henri é um verdadeiro homem de atitude

Kakeru17: O Henri é, literalmente, um personagem que quebra barreiras, pois ele apresenta uma personalidade forte, mas suas fragilidades também vão sendo exploradas ao longo da trama, além dele levantar discussões interessantes, como a predeterminação de papeis que homens e mulheres têm na sociedade. Ele é uma pessoa espontânea e sem papas na língua que trabalha duro pelo que quer e não permite que outras pessoas o digam como ser ou o que fazer.

O episódio 19 no qual ele se veste de Princesa e levanta a bandeira de que homens podem ser princesas e mulheres podem ser heróis se quiserem foi um marco na trajetória da franquia, porque abordou um assunto sério de forma madura em um anime infantil sem impor nada, afinal, as heroínas da história lutam, são fortes, protegem os outros; elas já invertiam os papeis desde o princípio, isso só precisava ser reforçado com um homem fazendo o mesmo. Henri vestiu essa carapuça com muito prazer e muito bem!

Os vilões

Kakeru17: Quanto aos vilões, algo importante a salientar é que eles trazem repetição a estrutura do anime, pois em todo episódio um vilão aparece, invoca um monstro, as Cures os enfrentam e, naturalmente, vencem. Isso é algo de praxe da franquia e caso você esteja pensando em ver essa ou outra série tem que ter isso em mente.

Isso significa que os vilões são chatos? Um pouco, mas isso vai mudando gradativamente, se não os tornando personagens divertidos ou tão interessantes, fazendo com que os dramas de cada um também sejam explorados, que eles sejam salvos e não simplesmente descartados da trama. O que é potencializado com os casos de personagens que têm uma relação direta com alguns dos protagonistas da série, como o Harry ou a Ruru.

A mensagem passada de que o vilão não é uma pessoa tão diferente assim do herói, que em muitos casos pode ser só alguém amargurado com a vida que resolveu desistir de tentar e quer evitar que outros passem pelo mesmo que ele, é muito bem passada, e a forma como as Cures trazem luz aos seus futuros cinzas também.

e nos ajudar a seguir em frente

JG: Concordo em grau e gênero, a magia de Hugtto! está na humanização dos vilões. Apesar de parecerem apenas comuns no começo, aos poucos vamos entendendo suas motivações e nos solidarizando com eles. Outro ponto muito forte aqui é que a influência positiva das Cures e de sua mensagem que os afeta de tal modo que eles passam a fazer parte do cotidiano delas e de sua luta pelo futuro. Isso num contexto geral (considerando vilões menores) é algo muito bacana para a evolução constante dessa franquia tão amada e antiga.

Kakeru17: Sim, é verdade, elas abraçam essas pessoas amarguradas e as influenciam a retomar a fé no futuro e reconstruir suas vidas. Uma bela mensagem transmitida de crianças para adultos, mostrando que crianças também entendem uma ou duas coisinhas sobre a vida que os adultos deixam passar despercebidas, que o processo de amadurecimentos pode render frutos para si e para o próximo como rende no caso das Cures.

Precisamos acreditar no amor

Desenvolvimento

JG: Hugtto! Se concentra na batalha pelo mundo como em todos os demais Precures, mas um dos pontos focais aqui é certamente o trabalho. A ideia de fazer com que as Cures navegassem por diferentes profissões, lidando com diversos tipos de situações e pessoas, ajudava muito na formação do caráter de cada uma.

Cada experiência vivida as fortalecia de alguma forma e as preparava para o futuro que tentavam salvar, esse que estava destruído pelos próprios humanos como George enfatizou várias vezes. Isso é o que mais vai sendo bem desenvolvido ao longo da série em meio a várias vertentes.

Kakeru17: Outro acerto foi desenvolver o tema família em meio aos trabalhos que as Cures vão experimentando ao longo da trama, pois isso não só ajudou a aprofundar as personagens e as relações delas entre si e com seus amigos e familiares, como também expandiu o leque de possibilidades que elas teriam para seus futuros, afinal, garotas de 13 anos estão em uma fase de formação, de descoberta, de viver experiências que agreguem algo de produtivo as suas vidas.

Além disso, como é bom ver mulheres trabalhando, buscando a independência, não é mesmo? E tudo isso sem atrapalhar a exploração de outro tema muito íntimo a mulher, e que até já citamos: a maternidade.

Modo de trabalho on!

JG: Acho curiosa a forma como a série desenvolve essa questão da maternidade. Em um outro artigo nosso colega Ketsura aponta na série KiraKira Precure justamente uma postura oposta a escolhida por Hugtto! (não que fosse um tema tão relevante ali). Em KiraKira a mãe de Ichika, embora gentil, é bem displicente, focando-se apenas na carreira, deixando a criação da menina com o pai e a sua própria sorte. Já em Hugtto! a maternidade é mostrada de uma forma mais condizente, inclusive com a proposta de enfatizar o trabalho duro.

As mães arrumam tempo para criar seus filhos mesmo com suas agendas corridas. Um exemplo poderoso é a mãe da Saaya, que inclusive levava a menina com ela para o set de gravações quando necessário. A Reira chegou no ápice de sua profissão, mas nunca passou por cima daquela a quem tinha gerado. Acho que o anime explorou um lado que reforça valores muito importantes para a sociedade de hoje, onde muitas vivem de formas similares a Reira, mas em compensação também existem muitas mães da Ichika por aí… penso que valeu a ideia.

O que significa ser mãe e o que significa ser filha

Como citei antes, Hugtto! também tem um trabalho bem interessante em torno dos vilões, primeiramente pelo líder George que tem uma característica incomum frente a muitos que já passaram pela franquia. George não tinha uma essência maligna, era apenas atormentado e viu na eternidade temporal a chance de aliviar a dor do seu destino e evitar também que outros enfrentassem o mesmo sofrimento, ele não estava ali pensando única e exclusivamente nele.

Kakeru17: Verdade, e não é como se ele não tivesse feito mal ou que isso se tornasse justificável, mas a humanização do vilão é importante até para o tema trabalhado ali, para passar a mensagem de que as pessoas não devem desistir do futuro, o que é positivo para crianças e adolescentes em formação em um país com altas taxas de suicídio como é o caso do Japão.

Hugtto! nos ensina a tentar de novo, que é necessário suportar as coisas ruins a fim de aproveitar as boas, que elas fazem parte da vida e ficar parado no tempo não é garantia de felicidade para ninguém.

JG: Os demais reafirmam essa humanização quando eles próprios decidem ganhar o mundo com sua força de vontade, a maioria deles tinha motivos rasos, mas ainda sim compreensíveis para estarem aliados ao George. Eram humanos comuns como qualquer outro que estavam atrás de esquecer o que lhes afligia e quando as Cures lhes permitiram se dar uma nova chance eles a agarraram.

Confesso que de todos quem teve a maior evolução para mim foi a Papple, que deixou sua personalidade unidimensional para se tornar uma mulher incrível, uma segunda mentora para as meninas. Participando inclusive de momentos muito importantes de transição e dúvidas delas. Enfim, todo o elenco de vilões foi excelente, gostei muito de todos. Hugtto! com certeza largou na frente dos antecessores no quesito formação de vilões.

Tudo o que você faz de bom volta para você!

Kakeru17: Concordo com meu amigo JG e digo mais, os vilões só se tornam gostáveis assim por causa das Cures, pela forma como as subtramas deles acabam sendo envolvidos pelas delas e, ainda quando não tão interessantes, conseguem passar uma mensagem positiva e atual, que dialoga bem com o público alvo.

Um dos poucos detalhes que me incomodou no anime foi uma frase do primeiro encerramento que, na prática, nem foi um problema, pois os poucos interesses amorosos da trama em nada atrapalharam na autonomia dos personagens.

Você pode se apaixonar e fazer qualquer outra coisa que quiser

Aliás, a obra foca mais no tema amizade e não apresenta tantos conflitos internos entre o grupo, mas os externos aprofundam bem as Cures e tornam prazerosos os momentos mais descontraídos da obra, e dignos de elogio os momentos mais sérios pela maneira como o roteiro é inteligente sem subestimar ou superestimar seu grande público.

Se você não se importar tanto com as repetições, e entender que muitas são necessárias para reforçar aspectos do desenvolvimento das personagens, vai gostar de como a direção conduz a série ao longo de seus 49 episódios.

Selfie para pôr nas redes sociais das Precures

O final

Kakeru17: A reta final de Hugtto! como um todo se encarrega de dar um fechamento consistente para os arcos de personagens das Cures, os quais exploram bem os vários aspectos da obra e dão indícios de como serão seus futuros. Contudo, o episódio mais marcante dos últimos, tirando o derradeiro final, talvez tenha sido o do Henri no qual ele se transforma, ainda que praticamente só para esse episódio, em uma Precure.

Sim, Hugtto! foi até onde nenhuma outra série da franquia foi, quebrou barreiras e mostrou que um Mahou Shoujo pode sim ser universal, que os limites de gênero que a sociedade impõe podem ser transpostos.

Cure Infini!

Os arcos da Homare e da Saaya concluem bem o conflito de sonho profissional de uma e o primeiro amor de outra, já os da Emiru e da Ruru dão vasão a voz de uma e a família da outra, com direito a momentos belíssimos, preparação para a inevitável despedida – sim, Hugtto! não deixou de ter seriedade nesse quesito – e uma concretização do amadurecimento do grupo como um todo.

É, pelo que comentei faltou alguém, e o final do anime não poderia fazer outra personagem brilhar mais forte senão a carismática e autêntica Nono Hana; uma menina que, apesar de só ter 13 anos, foi capaz de se erguer para proteger o futuro de todos.

… e das lágrimas

JG: Já tínhamos visto uma prévia do que seria um Cure homem com a presença do Pikario em KiraKira, mas até nisso a série não fez um esforço total e Hugtto! decidiu abrir as alas para a participação masculina, que ficou ótima e rendeu um bom gancho, mostrando que todos podem ser Precures (quem viu o penúltimo episódio vai saber), aquilo foi simplesmente incrível!

Por vezes manter o mesmo grupo se torna maçante, então quando obras como Hugtto! e HappinessCharge – que corajosamente inseriu as Cures por país e em atividade constante – conseguem trazer variedade as personagens, o resultado ganha uma proporção e potencial enorme que mostra que essa franquia não morre, ela sempre evolui e se reinventa.

Todos podemos ser uma Precure!

E por fim sim, como o Kakeru disse, não poderíamos encerrar nossa jornada sem ela, a estrela-mór e absoluta: Hana.

Aquela jovem que só queria ser madura e no final ela apenas não sabia que já era. Ser madura não era a aparência externa, era o coração e isso ela tinha de sobra. Coube ao roteiro destrinchar de forma deslumbrante essa caminhada dela que salvou o mundo lá dentro e sem dúvida alguma o daqui de fora. Hana é mais que uma personagem, ela é uma mensagem e creio que todos que acompanharam a série a captaram dentro de si.

Essa é a Nono Hana que você se tornou!

Kakeru17: Outro ponto interessante sobre esse final foi que até mesmo a Hana hesitou, precisando do apoio das outras Cures para recuperar a esperança, algo tão comum na vida de qualquer pessoa, afinal, ninguém vive sozinho, ninguém realiza nada sozinho. Outra decisão inteligente foi fazer ela se aproximar do vilão e tentar quebrar sua casca, fazendo ele parar de fugir do futuro por medo de se machucar.

O final tem aqueles momentos clichês de animes de heróis que não destonam da seriedade com a qual o conflito é tratado. Aliás, o fechamento dos vilões anterior a ele também é muito bom, com direitos a frases pontuais muito conscientes sobre sentimentos como amor e esperança.

O trecho em que todos da bela e aconchegante cidade de Hagukumi se tornam Cures é tocante, um verdadeiro presente a uma franquia que completa 15 anos em magnífica forma. E o final depois do final é daqueles que conseguem arrancar lágrimas de tristeza e de alegria ao mesmo tempo.

Elas se veem de novo… e esse reencontro… é muito emocionante! ❤

Considerações finais

JG: Uma curiosidade foi a escolha para o encerramento da série, já que normalmente o episódio final tem a conclusão das batalhas, mas aqui optaram por um epílogo, trazendo apenas os resultados que esperávamos.

No final entre tantas despedidas, os personagens retomam seus caminhos e sonhos, cada um de volta aos eixos. O destino de George? Não sabemos, mas sabemos que ele retorna ao seu tempo com uma nova mentalidade.

As Cures fazem aquilo que esperávamos de cada uma delas depois de uma temporada árdua e didática, realizam sonhos e seguem em frente. Algumas memórias ficam, outras vão, o fato é que Hugtto! costura de forma satisfatória e concisa o que ainda nos era incerto.

Kakeru17: Apesar do final ter deixado algumas pontas soltas, a serem unidas com uma boa dose de atenção e outra de imaginação do público, o anime termina de maneira satisfatória, aparentemente triste, mas que é na verdade exuberante, fazendo valer a pena cada segundo do seu tempo.

Nem a estrutura episódica repetitiva ou os clichês inerentes a animes infantis conseguem minar a força dessa história; das Cures do amor que aprenderam a se amar primeiro para amar ao próximo, da Cure da força que tirou as maiores forças de suas próprias fraquezas, da Cure da sabedoria que foi inteligente e corajosa para escolher seu próprio caminho e, não menos importante, da Mama, da Cure da alegria que desde o princípio era a mulher madura e estilosa que almejava ser, trazendo alegria e esperança para os corações de tantas pessoas.

Agarre o seu futuro brilhante! Força, força, Precure!

Hugtto! Precure

  1. Ah, como diria; que resenha/depoimento tão bacana a respeito deste anime da franquia “Precure”: HUGtto! Precure” foi meu segundo anime da franquia, o primeiro foi “Yes! Pretty Cure 5 / Yes! Pretty Cure 5 Go Go”, que assisti com muito grado e tem resenha deste no Animecote, se quiserem dar uma olhadinha. Aliás, a atual série teve muitos elementos inspirados na saga de Nozomi e companhia, pena que não fizeram um crossover entre as duas séries, apenas participações, ia ser bacana ver a interação entre a Hana e a Nozomi.

    O anime soube muito bem usar os elementos comuns da franquia mais o frescor de novidades, enquanto via, mais curtia a trama e seus personagens. Também acho que seria legal se houvesse um aliado masculino pra lutar ao lado das Precure, tipo em “Shugo Chara” ou “Kamikaze Kaitou Jeanne”, ao menos, por aqui deu amostras visíveis disto, quem sabe?

    De todo jeito, “HUGtto! Precure” pode entrar na lista de melhores animes da franquia e uma das animações mais sacanas vindas da Toei Animation, merece ao lado de “Gegege no Kitarou (2018)”, pois quando realmente querem, conseguem desenvolver bons animes. No momento, tô vendo “Fresh Pretty Cure” e gostando, com certeza, devo ver outros animes desta franquia de mahou shoujo. Até mais!!!

  2. Fico feliz que tenha gostado. E sim, a Toei merece elogios por ter feito um anime de qualidade não só no quesito animação, mas na produção em geral, acabamos não comentando isso no artigo, porque ele já estava bem grandinho. Eu também ainda preciso começar outras séries da franquia, inclusive, Yes! Pretty Cure 5 que é muito elogiado pelo meu amigo JC, que fez o artigo comigo. Espero que Precure continue entregando animes muito bons e indico que acompanhe a nova série, Star Twinkle, que teve uma boa estreia.

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