Bom dia!

A venda de uma obra de arte falsificada não foi só um detalhe do negócio fraudulento dos piratas das Indústrias Elite: é o principal negócio deles.

Veja você, o chefe pirata tem uma garota (não ficou clara a relação entre eles) que gosta de arte, e pela quantidade de telas em seu quarto parece que ela fica o tempo todo pintando telas de ukiyo-e.

Bom, ela é obviamente uma amadora, ainda que uma amadora bastante talentosa, porque ukiyo-e é uma técnica de impressão, não pintura. Os artistas entalham os moldes em madeira, passam tinta neles, e comprimem (daí o termo “impressão”) contra um pedaço de papel. É uma arte reprodutível, um número indefinido de telas pode ser produzida a partir dos mesmos moldes. Mas isso não importa.

A garota gosta do estilo, mais do que do método (que talvez desconheça ou não tenha equipamento ou treinamento adequado), e pinta os seus. Não é à toa que é tão fácil notar que são falsos. Mas o chefe pirata gosta dela e a incentiva e a elogia, mesmo que ele próprio pareça entender nada de arte. O pináculo de seu incentivo é sua determinação em fazer suas telas ficarem conhecidas no mundo.

Mas é claro que em uma covil de piratas são poucos os que realmente se devotam à arte.

Se o chefe pirata e sua garota gostam de arte, as garotas do Kotobuki gostam de voar. Gostam mesmo. Voar para elas é uma manifestação de liberdade e trabalhar com isso é só um detalhe. Elas certamente prefeririam não trabalhar e só voar como lhes desse na telha o tempo inteiro, fazendo rodopios e rasantes e acrobacias mil. Nem as duas mais velhas resistem, nem mesmo a líder, Reona, resiste à tentação de aproveitar a oportunidade, mesmo que elas estejam tecnicamente em missão.

Essa cena e a seguinte serviram ainda para entender um pouco melhor a Kate, a pilota mais quieta e monótona do Kotobuki. Ela tem paixões tanto quanto as demais, apenas seu tom de voz e sua expressão que não entregam isso imediatamente.

Quem roubou a cena no episódio, porém, foi Zara, que é junto com a Reona algo como fundadora do Kotobuki. Alguns fragmentos de sua história foram revelados: ela trabalhava em um aeródromo antes de se tornar pilota, quando Reona já era uma. E a forma nostálgica como ela se refere ao seu aeródromo, Sapo, parece indicar que talvez ele não exista mais, ou ela tenha tido que sair de lá contra sua vontade.

 

Zara desvia o olhar e abaixa a cabeça quando fala do aeródromo de Sapo

 

Há algo de nostalgia na personalidade dela, de fato. Basta lembrar que no primeiro episódio, enquanto todas foram cuidar de suas vidas, encontrar conhecidos (mesmo que debaixo de sete palmos de terra, como a Kirie), ela foi tomar cerveja em um bar sozinha, enquanto observava o movimento com o olhar perdido.

Em todo caso, o que quer que tenha acontecido que a fez partir de Sapo, lá ela aprendeu a cozinhar e parece ter uma habilidade algo “lendária” nisso. Pelo menos nenhuma das demais pilotas reclamou, muito pelo contrário.

Além do misterioso aeródromo de Sapo, onde Zara trabalhou, apenas faz sentido que nesse mundo, no qual o avião parece ser o meio de transporte mais importante, existam aeródromos no meio do nada. Roota, pelo qual o Kotobuki passou nesse episódio, é um deles.

Pense neles como postos de gasolina de estrada. Um lugar para reabastecer as naves, comer, ir ao banheiro (né, Emma!), descansar. Quem quer que tenha pensado nesse mundo, parece ter se dedicado aos detalhes.

 

As dançarinas não querem saber de trabalhar para piratas

 

E foi no aeródromo de Roota que as garotas discutiram sobre como invadir a base das Indústrias Elite. Pelo dono do local escutam algo desagradável: a base fica no fundo de uma cadeia de montanhas, dentro de um desfiladeiro estreito e sinuoso. Invadir ou mesmo atacar com apenas cinco aeronaves parece suicídio.

Para a sorte delas não deu tempo nem de começarem a ficar preocupadas, pois outro avião chegou a Roota: um pequeno avião de passageiros carregando uma trupe de bailarinas itinerante.

Coincidência das coincidências (na verdade não, isso é anime, o termo correto é “conveniência”), elas foram contratadas para uma apresentação particular para os piratas das Indústrias Elite e, ao descobrir que eles eram piratas, se recusaram a ir até lá. Ou pelo menos parece que quase todas se recusaram, o que já era ruim o suficiente.

Vem Zara para o resgate!

É conveniente para todo mundo, não é? Para o Kotobuki, para a trupe. Ok, não foi nada conveniente para os piratas, mas isso não é One Piece, não estamos torcendo para os piratas enquanto assistimos Kotobuki.

Aparentemente Zara tem um alambique no lugar do fígado e, depois de uma das danças em 3D mais constrangedores e de um dos fanservices mais feios da história recente do anime, desafiou os piratas para uma disputa de quem bebe mais e derrubou quase todo mundo.

 

 

Agora suas companheiras poderiam atacar.

A batalha prosseguiu bem, de acordo com o planejado. Durante ela, Zara deveria recuperar o Raiden roubado e depois disso elas fugiriam. A coisa foi um pouco mais complicada, porém.

Como escrevi na introdução, não eram muitos ali que queriam viver de arte, como o chefe. Estavam, com efeito, apenas aguardando uma oportunidade para pegar o Raiden e fugir para sabe-se lá onde.

Um ataque do Kotobuki é exatamente o que eles chamariam de “oportunidade”. Para adicionar insulto à injúria, aproveitaram para tentar derrubar o chefe. Não queriam o risco de que alguém fosse atrás deles, suponho? Ou talvez tenham apenas uma índole horrível, quem sabe.

Em todo caso, o Raiden estava acorrentado e a chave estava com a garota do chefe, e a Zara tinha descoberto isso e já estava com ela antes que os traidores chegassem até sua sala.

 

Zara e a garota do chefe

 

Porque ela simpatizou com a garota e porque ela queria o Raiden para ela, a defendeu, decolou com o Raiden, e, conforme promessa que trocaram, ajudou a defender o chefe pirata. O resto do Kotobuki a seguiu, isso mudou a maré da batalha e os traidores simplesmente fugiram.

Ao chefe pirata, pouca coisa restou. A maior parte de seus comparsas foi embora, o traindo, e perdeu a maioria de seus aviões e demais equipamentos destruídos na batalha ou roubados. No aeródromo de Roota, com sua garota e os poucos homens que lhe restaram, ele decidiu se regenerar.

Suponho que continuará dedicado à sua garota e à arte dela. Zara iria querer isso, pelo menos.

Fica uma dúvida no ar, não fica? Eu tive a nítida impressão que os traidores das Indústrias Elite não estavam apenas se amotinando, eles pareciam ter acordo com alguém. Se uniriam a essa Pessoa X, levando o Raiden, um avião com alta velocidade e armamentos poderosos, à custa de baixa manobrabilidade.

Assim sendo, a dúvida é: quem é que está reunindo piratas e aviões? Com qual objetivo?

 

Os traidores fogem

 

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