Bom dia!

Esse foi o episódio da Kate, a pilota de poucas palavras e ainda menos expressões que faz contas complexas de cabeça.

Descobrimos então que ela é exatamente como o estereótipo desse tipo de personagem costuma ser em animes e mangás: ela oculta as emoções, ou não as têm muitas, é inteligente, mas têm dificuldade para compreender coisas que não são objetivas, como ficção. Além de ter cabelos brancos. Ou seja: ela é um clone da Rei Ayanami.

Para fechar o pacote completo do estereótipo, aposto que ela é meio yufanguesa também.

 

Allen ter sobrevivido foi um milagre

 

Estou brincando, claro (mas quem sabe?), não há nada que indique essa possível ascendência da Kate nem parece ter qualquer relevância na história agora.

Mas Allen, o irmão dela, tem interesse em Yufang. Há motivos de sobra para qualquer um nesse mundo ter interesse em Yufang, mas aparentemente ninguém tem o costume de pesquisar sobre isso.

Ou talvez todos sejam abatidos, como Allen, mas poucos voltem para contar a história.

É Allen o parente da Kate que está no hospital e ela carrega por aí empurrando a cadeira de rodas. Ele era piloto antes dela, e foi ele quem deixou Kate com Reona. Se ela aprendeu a pilotar com ele ou já com a Reona não se sabe, mas independente do caso, ela aprendeu muito bem, e o Kotobuki parece considerá-la a melhor pilota de todas (ao mesmo tempo em que todas, inclusive a Kate, parecem reconhecer que a Kirie é quem tem mais potencial).

Kate é boa não apenas pela técnica de voo, mas basicamente em qualquer coisa que dependa de raciocínio ou percepção objetiva. Quantas pessoas conseguiriam notar uma diferença de desempenho de 3%?

Não estou dizendo que não existe gente assim. Eles existem. Nós chamamos eles de “gênios”.

 

Kate, a gênia de Kotobuki

 

A diferença de desempenho, no caso, foi provocada por combustível de menor octanagem, que elas compraram da Standon Oil (uma referência óbvia à Standard Oil, petrolífera americana que no século 19 obteve quase 100% de controle de mercado), petrolífera de Ikezuka – a região controlada por Isao.

Depois de sabermos da história da Kate, como seu irmão foi abatido pesquisando Yufang, e essa coisa sobre a petrolífera de Ikezuka, há uma cena rápida em que a Kate explica para Kirie e Chika que só lê livros técnico-científicos e despreza ficção. A ficção de Kotobuki continua e corta para Nanko, uma vila minúscula e decadente que vive da exploração de um único poço de petróleo.

E claro que a Standon está lá. E claro que ela tentou comprar o poço de Nanko. Como a Standard Oil, a Standon também está buscando o monopólio. O combustível que vendem hoje pode ser barato, mas assim que tiverem o domínio do mercado, nos lembraria a Kate mais tarde, poderão praticar o preço que quiserem.

Também como a Standard Oil, a Standon não pretende se limitar a métodos legais para obter o controle do mercado. Se Nanko não quer vender seu poço não tem problema: é só explodir tudo. Ou alguém duvida que foram eles os terroristas por trás da explosão e da esquadrilha que tentou impedir o socorro do Kotobuki?

 

Explosão e incêndio criminosos

 

A essa altura não estão nem tentando disfarçar mais. Só não podem deixar pistas óbvias que liguem a ação a Isao (que tenta construir uma imagem positiva porque pretende ser mais do que apenas um empresário), mas de resto vale tudo.

Além do ataque em si, já bastante suspeito, enviaram aeronaves bastante modernas que não conseguem passar por piratas para combater o Kotobuki.

(E aquela voz no final do episódio relatando que o Kotobuki interferiu “de novo” era do mordomo do Isao, não era?)

Felizmente as heroínas continuam invencíveis, apesar de mais uma baixa, e conseguiram explodir o incêndio, ou algo assim. Absurdo, não é?

Não é. Eu entendi enquanto assistia que era uma forma de queimar todo o oxigênio, mas ainda assim era heterodoxo, porém pesquisei depois e descobri que aparentemente explosões são um método normal para debelar incêndios em poços de petróleo.

Tradução minha do conteúdo da Wikipédia:

 

Incêndios em poços de petróleo são mais difíceis de extinguir do que incêndios normais por causa da enorme fonte de combustível para o fogo. No combate a incêndios em cabeça de poço normalmente se usam explosivos potentes, como dinamite, para criar uma onda de choque que empurra o combustível em chamas e o oxigênio atmosférico para longe do poço. (É um princípio similar ao de assoprar uma vela.) A chama é removida e o combustível pode continuar a vazar sem pegar fogo.

 

Talvez a parte heterodoxa do plano seja a administração do explosivo com avião bombardeiro, mas tudo nesse mundo gira em torno do avião então não parece ser um grande problema. E ainda digo “talvez” porque não consigo imaginar forma melhor de fazer isso na vida real: como chegar perto de um poço em chamas?

 

"Assopraram a vela" de Nanko

 

Para quem está assistindo é fácil conectar uma coisa com a outra. De fato, a história é escrita para que nos conduza a isso. Mas e para as personagens?

Da minha posição privilegiada, eu sei que nada ali é à toa, além de ter vários pontos de vista diferentes para compor meu conhecimento. Para Kirie e companhia o que aconteceu em Nanko pode ser literalmente qualquer coisa.

Isso não quer dizer que elas também não possam se socorrer com a ficção para fazer sua investigação. Enquanto a Kate lê o livro preferido da infância da Chika, algo que acontece nesse livro, “Observe o Mar”, leva Kirie a fazer um paralelo com o mundo real (delas) e com isso elas se aproximam da verdade.

Assim como o caranguejo da história que fechou todos os poços de álcool para ter todo o álcool para si, raciocinaram elas, a Standon deve estar querendo todos os poços de petróleo para si – pelo menos todos os operantes.

Não é o caso da ficção dar resposta para coisas do mundo real, mas ela expande as formas de pensamento e isso pode ajudar a resolver problemas reais. Essa foi a lição que a Kate aprendeu nesse episódio. Ela aprendeu a “observar o mar”. Em contrapartida, talvez a Kirie tenha aprendido um pouco sobre pilotagem com a Kate, enquanto essa era sua copilota no bombardeiro.

 

O caranguejo maligno que quer todo o álcool do fundo do mar para si

 

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