Como o perseverante Norman deixou claro em uma das primeiras frases desse episódio, “Existe um caminho”. E se ele existe com certeza não é o do desespero e sim o da esperança, mas para isso um sacrifício se fazia necessário. De posse desse entendimento, Norman andou em direção a morte sem olhar para trás, deixando a missão de fugir para seus irmãos. É hora de Neverland aqui no Anime21!

O Norman aceitou seu papel magistralmente, não só como peça a ser excluída do tabuleiro para que o Ray e a Emma tivessem mais tempo para se prepararem, como também aquele a dar a informação que decidirá o sucesso desse plano. O obstáculo a ser superado é o penhasco, como atravessá-lo é a charada. Aqueles deixados para trás conseguirão responder esse questionamento? É o que veremos!

Mas nesse episódio o que importou de verdade foi a despedida do Norman, e é claro que precisavam torná-la tão dramática quanto fosse possível – doce ao mesmo tempo que profundamente amarga. A lembrança do telefone sem fio de quando ele e a Emma eram crianças foi de partir o coração.

Nem chorei, só tremi…

Não foi só um momento fofinho para fazer o público se compadecer ainda mais com a situação do Norman, a ação seguinte da Emma – a tentativa mais que desesperada de salvar o amigo – foi o resultado dessa relação cultivada por anos, da despedida forçada desse alguém que ela não queria perder a qualquer custo.

As cenas foram muito bonitas, muito bem escritas e produzidas – a trilha sonora ajudou muito nesse sentido – com todo o cuidado para impactar, incomodar mesmo, afinal, o Norman estava indo a contragosto – anormal seria curtir essa situação, né –, mas sabia que esse era o “melhor” caminho.

O Ray sequer ter ido ver o amigo mostrou o estado de consternação, de negação, de retraimento que estava o afligindo. Algo que bate com o perfil dele, de alguém muito inteligente que ao ver a situação ideal na sua cabeça ser desmantelada quando posta em prática se desespera e desiste.

Quem é preso demais à lógica como ele, não tem a garra da Emma ou a perseverança do Norman, então a reação do Ray foi completamente compreensível. Dois meses na deprê pode parecer muito, mas ele teve o que lamentar, né.

Então, antes do Norman partir dessa para uma melhor – ou seria pior? – houveram três cenas dignas de nota em sequência – a da Isabella chamando ele para ir, a da pergunta e a do portão.

A primeira evidenciou o controle dela sobre as crianças, a mão dela no chapéu encaixando na cabeça dele não poderia ter sido mais objetiva para representar o poder que ela exerce sobre o “gado” dela.

“Está na hora de dar adeus a todas as suas ilusões…”

A segunda foi a da pergunta do Norman para ela. Você ouviu a resposta? Essa cena foi muito confusa e eu vi o episódio com um fone de ouvido horrível, então mesmo colocando o volume no máximo no player do Crunchyroll foi impossível entender qualquer coisa.

Acho isso uma falha da produção, algo bem tosco, mas não manchou o excelente episódio. Dá até para considerar uma “licença poética” ter a legenda para uma frase não dita ou dita de forma quase inaudível. Na TV deve ter sido só estranho.

A resposta dela em si toca no campo do conformismo, da aceitação da situação de aprisionamento e aprisionar por parte dela. A Isabella simboliza o modo de pensar dos adultos, a aceitação do sistema, o status quo contra o qual ela já aceitou que nunca poderá lutar.

As crianças ainda têm a inocência e lutam para preservá-la, para mostrar à adulta Isabella que lutar é preciso, que seu modo de pensar e agir não é o único. Como sempre, nós precisamos das crianças para que elas nos mostrem o caminho!

Isabella é feliz com sua falsa árvore de plástico

A terceira foi a do Norman em frente ao quê? A expressão de consternação, de surpresa, dele foi sim muito boa, mas deveriam ter cortado ali para deixar o público na dúvida, ainda que com a impressão, nada incomum, de que um dos protagonistas não morreria assim e nem agora.

Continuar a cena com ele entrando na sala faz parecer mais que ele tinha um “Comitê de Boas-Vindas” que um Demônio na espera para matá-lo e/ou devorá-lo.

No mangá, essa cena é bem mais seca, mais dúbia, nisso o anime vacilou, mas ao meu ver não apaga a preciosidade desse episódio, até porque Neverland não é o tipo de história imprevisível que mataria um personagem tão importante – o anime tem dado mais pistas, ou deixado as pistas mais claras, que o mangá, justamente para que o público não acuse a adaptação de ter furos de roteiros, é no que acredito.

O Norman viu uma coisa na qual ele não conseguiu acreditar e ela é…

A cena da Isabella conversando com a Emma me impactou bem mais no mangá, mas não ficou ruim no anime, longe disso, afinal, ela praticamente deu um spoiler de algo que deve ser contado mais à frente: o background da Isabella. Não vou comentar mais nada para não dar spoilers, mas o que ela falou, é claro, deve valer para ela também.

O fato das garotas “prodígios” se tornarem Mamães e as “esforçadas” Irmãs – não é exatamente isso, mas foi o caso da Isabella e da Krone – já fora revelado, né? A manipulação da Mamãe em cima da Emma também não foi nenhuma novidade, mas, de toda forma, a cena foi muito boa e até induziu o público a achar que a deprê da Emma era real, mas não…

Enfim, Norman está fora do jogo e a tristeza se instala, ou era nisso que queriam que a gente acreditasse, afinal, a forma que a Gilda e o Don brincavam e sorriam com os irmãos menores poderia ser só para não preocupar os pequenos, mas a cena final em que a Emma mostra que não desistiu de nada me faz encarar isso de outra forma.

Aliado a isso, se eu observar que as próprias crianças estavam fazendo atividades atípicas ao ar livre me questiono o quanto o plano se desenvolveu em off nos últimos meses, o quanto ele evolui, ainda que sem qualquer ajuda do Ray.

“Fugir e esfregar na tua cara que não é impossível!”

Só fica clara uma coisa, que a Emma não desistiu e que a fuga, ou a tentativa dela, vai acontecer. Se dará certo ou não só os próximos episódios irão dizer, mas ainda há pontas soltas que podem, algumas eu diria até que devem, contribuir para isso; como a caneta e o pacote que a Krone deixou para o Norman, e o que o Ray estava escondendo como “trunfo” na manga ou algo assim.

12 de janeiro de 2046, essa é a data que vocês devem guardar; aniversário de 11 anos do Ray e dia da fuga ou da perdição dessas crianças.

Você vai torcer por qual? Sei que nem preciso perguntar. Que os próximos episódios tenham uma ótima trilha sonora como esse teve, que tenham menos erros bobos de forma e mais momentos belos e pungentes nos quais a trama desse anime brilha mais, pega fogo quase que literalmente.

Até o próximo episódio!

Não mesmo, esse jogo está apenas começando…

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