Dr. Stone – ep 2 – Quem será o Rei da nova idade da pedra?
Dr. Stone volta às telinhas com o renascimento de um primata, demonstrações práticas da utilidade do CaCO3, mas, principalmente, com o que norteia toda a existência humana desde seus primórdios, o confronto de ideais; a disputa do homem para fazer com que a realidade funcione de acordo com o que ele almeja. Senku e Tsukasa seriam dois lados da mesma moeda? É hora de Dr. Stone no Anime21!
Isso pode parecer besteira, mas o Senku deixar nas mãos do Taiju a escolha de quem despetrificar primeiro eu considero uma gentileza do personagem. Ele não expôs isso diretamente por ter uma certa dificuldade em se expressar? Não sei, talvez não seja uma ação que careça de tanta avaliação, mas sim, foi bacana da parte dele fazer isso e a Yuzuriha seria a escolha natural, só que não mostraram um personagem musculoso e com um nickname exagerado na estreia à toa, né? Shishio Tsukasa é o mais forte primata do ensino médio, um aliado valioso para se ter ao lado. Pelo menos pareceu a priori.
Não vou ficar sendo chato ao questionar a conveniência que foi um leão e várias leoas terem aparecido e nem o absurdo que é um estudante de ensino médio conseguir matar um leão com as mãos nuas, mas confesso que achei um pouco estranho.
O leão não protege o grupo e é a leoa que tem que sair para caçar? Okay, se eles estavam em bando e avistaram animais incomuns é de se entender que tenham logo atacado, então não vou encucar, mas a caracterização do Tsukasa é parte de um exagero que deve ser a tônica em Dr. Stone. Todo mundo que aparecer deve ter alguma característica forte. Senku é um gênio da ciência e como ele é o protagonista é a ciência o tema de fundo principal da obra.
Mas enfim, se você conseguir aceitar que é assim, o que sobra é um anime divertido e com um desenrolar interessante. Não só porque a ciência conhecida por Senku encurta drasticamente o tempo dos avanços tecnológicos, como pelo conflito de ideias sobre como gerir essa volta do homem ao topo.
Em um primeiro momento Tsukasa chega para ser a força bruta, que aliada à inteligência e resistência física promovem uma trinca interessante de qualidades que potencializam o poder da ciência. Um aliado formidável, sem sombra de dúvidas, mas se Senku realmente achasse que ter alguém poderoso ao seu lado logo de cara seria o melhor ele teria tomado essa decisão, não teria deixado o Taiju escolher a Yuzuriha.
Eu digo isso porque o Senku é uma pessoa lógica, emocional, mas primordialmente lógica, e vemos isso com a forma desconfiada com a qual ele encara a inserção desse elemento novo ao grupo revitalizador da raça humana. Toda ela, sem distinções, pois Senku é cientista, ele entende o que seu ofício o possibilita, mas não deixa isso subir à cabeça, afinal, é uma boa pessoa.
Shishio Tsukasa conhecemos menos e sua expressão fechada dá no máximo a entender que ele é alguém cauteloso, desconfiado mesmo. E é aí que entra a omissão de Senku sobre a quarta utilidade do carbonato de cálcio, além de tudo o que se desenrola no final do episódio.
Aliás, a explicação dele já foi tão didática sobre o que a substância é capaz de fazer que nem acho necessário acrescentar mais nada, apenas comentarei que a omissão do cientista não foi à toa. É claro como o dia que o quarto uso é algo que poderia ajudar Tsukasa a ter uma vantagem sobre Senku e Taiju, algo que revertesse o status quo estabelecido. Uma arma perigosa nas mãos de um felino que deseja o posto de Rei para si.
Se eu me sensibilizei com a história de vida do Tsukasa? Ao menos com o trecho dramatizado dela. Não, confesso que não me convenceu, não é o suficiente para me fazer ver com mais clareza que sujeita em seus argumentos, mas não posso mentir que não é uma ideia absurda essa de “purificar” o mundo se livrando dos adultos que o fazem ser a droga que ele é.
O problema é que esses mesmos adultos já foram crianças e adolescentes um dia, e quantas gerações não já se passaram desde os primórdios da sociedade? Quantos jovens idealistas como Tsukasa não foram “corrompidos” no processo e não viraram tudo aquilo de ruim que um dia quiseram combater?
Tem um exemplo fácil disso, não precisa nem puxar pela memória, de pessoas idealistas que se tornaram podres com o passar dos anos. O que impede Tsukasa e seus “escolhidos” de acabarem do mesmo jeito? Diferente do mais forte primata, Senku sabe a teoria que é uma beleza, mas a prática é outra história. Como cientista ele precisa ter ciência disso, e que não compete a ele decidir o destino de milhares ou milhões, nem definir os rumos que toda uma espécie deve tomar.
Se Tsukasa fosse um Adão em uma sociedade ainda a ser construída talvez ele conseguisse o que almeja, ainda que fosse apenas por uns poucos anos, mas ele seria o Adão de uma sociedade que já existe, apenas seria trazida de volta a vida. Além disso, todos o seguiriam? O que ele faria com quem não o seguisse e lutasse contra ele? Tentaria ludibriar com elogios e palavras bonitos ou mataria como fez com o homem na praia.
Aliás, bem conveniente ele estar ali e aquela ser a mesma praia, né. Enfim, eu consigo entender o lado do Tsukasa, acho que falta aprofundar o que ele passou a fim de reforçar suas motivações, mas ele é tolo, e será sua tolice que o fará perder para Senku e sua ciência.
Por quê? Porque Senku entende que não é um Rei, e muito menos um Deus ou coisa do tipo, mas apenas uma pessoa disposta a usar o que é capaz, sabendo que não é capaz de mudar o mundo por completo, da melhor maneira que pode.
Senku e Tsukasa não devem entrar em conflito de imediato, não sem que o quarto uso do carbonato de cálcio, ou qualquer outro aparato que o cientista inventar nesse meio tempo, seja somado a equação a ser resolvida e cuja resposta é apenas uma: o Rei.
Mas quem será o Rei dessa nova idade da pedra? Aquele que quer um mundo ideal distorcido ou aquele que sequer deseja a coroa? Veremos nos próximos episódios. Espero que você esteja comigo e não pule o encerramento do anime. É sério, ficou legal, combinou, assim como a “grudenta” abertura.
Até a próxima!