Hoshiai no Sora é uma história original de Kazuki Akane, retratando a vida dois garotos do colegial numa escola cujo clube de soft tênis está a um passo de ser fechado. Maki e Shinjou vivem em situações completamente distintas e tem suas próprias barreiras para vencer, sendo essa jornada de superação pessoal, o elemento que pretende nos conquistar ao longo dessa temporada. Querem saber o que eu achei? Venham comigo.

O protagonista e a mãe vivem estão em fase de mudança e acabam de chegar no novo apartamento. Ela segue o padrão divorciada e extremamente ocupada que precisa garantir o sustento da casa, ao passo em que ele é um bom filho e rei do lar, ajudando em tudo o que a mãe não pode cobrir.

Pessoalmente os curtos momentos de interação entre os dois ao longo do episódio me agradam bastante, em especial pela leveza que o anime ganha quando os dois interagem – fora que acho muito lindinhas essas cenas de aconchego e união familiar. Do outro lado temos Shinjou que encara uma outra problemática na sua escola e que já anuncia para o que seu colega virá.

O clube de soft tenis masculino da Escola Shijo Minami é um verdadeiro lixo, com praticamente 95% do seu efetivo navegando entre o inútil e o absurdamente ruim, sendo o capitão a única exceção clara e visível. Fiquei impressionado com o quão desestimulado aquele grupo consegue ser e sinceramente fico curioso para ver como essas mudanças no eu de cada um se dará – se é que eles se manterão ali.

Diante do fracasso óbvio, esse primeiro momento serve para embasar bem a dificuldade que é apontada no enredo e principalmente as consequências disso com a nova proposta financeira da presidente do conselho. Apesar de eu achar que todos merecem direitos iguais – principalmente por alguns clubes não poderem apresentar de forma muito eficiente os seus resultados -, acho a postura dela mais do que correta, até porque os garotos são extramemente idiotas e largados em relação ao que deviam valorizar.

Fica claro na partida de treino que eles sequer tentam fazer algo decente, e não me parece ser por questão física, mas simplesmente a falta de esforço e querer – o que achei também curioso quando observei o carinha que queria ser popular sem fazer o mínimo esforço. Por sinal, a animação nessa parte dos jogos não deixa a desejar, se mantendo boa, consistente e fluida como pode, aumentando ainda mais a boa experiência de quem está assistindo.

Diante de sua queda eminente, Shinjou entra em aflição buscando na chegada do outro uma solução, mas apesar de serem antigos conhecidos, ambos agem meio distantes. O Maki parece ser mais amigo do irmão dele, que do próprio. Um tópico bem interessante na junção dos dois é exatamente a dualidade e disparidade em suas condições.

O capitão do clube tem uma vida confortável e não parece ter enfrentado qualquer tipo de obstáculo na vida – exceto esse mais recente -, enquanto o protagonista luta diariamente com sua mãe para ter o mínimo necessário, abrindo mão de muita coisa que um jovem em sua idade não abriria em nome do bem estar de ambos, encarando a vida real como ela é.

Inicialmente os dois não conseguiram me cativar porque apesar de terem lá as suas motivações, acredito que o comportamento estranho e meio individualista dos dois causam um certo distanciamento, porque ficam parecendo meio “secos”. Maki também tem uma paixão estranha pela astrologia que ficou no vácuo por hora, mas que quero ver como irão desenrolar, já que o título da série indica a importância desse elemento.

A outra personagem que aparece, Kanako, é bem simpática e tem um ar meio desinteressado e misterioso que me atrai. Pelo que percebi ela deve ocupar o espaço de melhor amiga e ajudante do novato, até porque são vizinhos e esse fator abre espaço para que ela participe mais ativamente da vida dele e acompanhe suas dificuldades.

O Shinjou passa a maior parte do tempo insistindo em captar o velho amigo para o time, e dado o bom condicionamento físico que ele demonstrou em alguns momentos, consigo entender a razão e felizmente me parece que o capitão já conseguiu. Acredito que para a construção do crescimento de ambos no esporte isso é bom, porque ajuda no caso de parecer que o Maki simplesmente arrasa fácil demais – como normalmente sempre se contesta.

Na sequência final acompanhamos a parte mais chocante e que insere o drama final, pois quando o protagonista pede pagamento para estar no time, achei por um instante que era um certo exagero, ainda que eu entendesse que a sua circunstância o levasse a ter um jeito estranho para lidar com a proposta. No entanto com a chegada do pai é que eu passo a me compadecer da situação dele.

O menino é uma vítima de um pai abusivo, bandido e monstruoso – características essas que imagino serem as razões pela qual sua mãe se divorciou e foi para bem longe dele -, a opressão que o miserável exerce é tamanha, que o filho apenas consegue ficar aterrorizado. Esse definitivamente entrou pro rank de personagens que eu queria fulminar e provavelmente serei obrigado a ver até o final do anime, maltrando a quem puder.

Falando em pais, fiquei bastante intrigado com a mãe do Shinjou, porque essa demonstrou um comportamento esquisito e até traumático em relação ao filho mais novo. Isso me leva a pensar se Touma seria um problema incubado – já que ele também mostrou ter uns rompantes de ira que podem caracterizar alguma agressividade -, ou se ela o interpreta como algumas mães que veem seus filhos como aberrações e falhas, por algo que elas “preconceberam” e não viram se concretizar.

Enfim, vi algo que me empolgou no geral, só espero que consigam manter a boa ambientação, direção e animação, não se tornando completamente igual ao seu parente, Hanebado – que apesar de bom, eu penso ter sido um pouco prejudicado por conta do drama familiar excessivo, que poderia ser conduzido de uma forma mais esparsada e pontual.

O grande potencial da história está ali e essa estreia definitivamente o mostrou, então recomendo que deem uma chance a esse anime porque ele promete – e pode figurar entre os melhores. Agradeço a quem leu e até o próximo artigo!

Comentários