Acho importante começar essa resenha destacando uma coisa óbvia, Blade é uma adaptação! Mas porque destaco isso? Primordialmente pelo fato de que o Episódio 3 do anime se distanciou razoavelmente do mangá! Mas em segundo lugar, para entender o anime por si mesmo, e também, por minha vez, me distanciar do mangá, para assim analisar apenas o anime em si, o entendendo como uma obra por si mesma.

Não acho certo poluir o artigo do episódio debatendo o que significa adaptar uma obra, então recomendo que assistam esse vídeo em hyperlink, onde debato exatamente isso. E não é querer promover o vídeo nem nada, mas sim porque se trata de uma reflexão necessária se queremos ser justos para com o anime, ou mesmo para com as adaptações em geral.

 

 

Também farei um outro vídeo, provavelmente linkado ao final desse mesmo artigo, para conversar de modo mais pormenorizado sobre as escolhas adaptativas aplicadas junto ao anime, assim destacando as diferenças e semelhanças, ou proximidades e distâncias, que a adaptação implementou, e talvez continue a implementar.

 

 

E por fim, antes de finalmente comentar o episódio, gostaria de relembrar o leitor de uma coisa importante. Muitas vezes assistimos animes que são adaptações de outras obras e não percebemos o quanto as obras originais são reorganizadas, modificadas ao se transformarem na forma e no conteúdo animado. Ou mesmo o contrário, quando um anime é adaptado posteriormente em mangá, ou outra mídia. Enfim, primo por julgar a qualidade do que está à minha frente, e não a qualidade daquilo que está em meu ideal, normalmente envolvido em sentimentos nostálgicos. Isso me impele a almejar ser justo para com o anime, e para fazer isso, quero escrever essa resenha, ou mesmo assisti-lo, fingindo que não conheço a obra original a qual ele adapta. Como faço constantemente com tantos outros animes dos quais já de início não tenho contato, ou possuo qualquer conhecimento, sobre os originais.

 

 

O terceiro episódio de Blade apresenta e desenvolve a antagonista Maki, uma jovem espadachim que escolheu o caminho da prostituição, sendo até mesmo incentivada pela sua própria mãe a escolher esse modo de ganhar a vida. Ela despreza a sua mãe, e mais ainda esse destino ao qual adentrou.

Para além dessa escolha amarga em sua vida, também descobrimos que ela e Anotsu, o líder da Ittou-Ryu, se conhecem a um bom tempo. Anotsu comprou a liberdade de Maki, 50 Ryos, e ofereceu à jovem a escolha de trilhar um novo caminho, se tornar um dos membros de sua escola de criminosos revestidos de mestres na arte da espada. Anotsu a contrata para dar cabo de Manji, o matador de 100 que já retalhou diversos membros de sua gangue. Maki aceita, mas com ressalvas, ela despreza igualmente o caminho da espada.

 

 

Uma mulher amarga, usurpada de sua inocência, com uma tragédia familiar que lhe empurrou para o submundo e uma habilidade amaldiçoada que aperfeiçoou, primeiramente por ser um prodígio, e em segundo lugar, por ter nascido junto a uma família de samurais.

Ao encontrar Manji pela primeira vez, ela até usa de subterfúgios como veneno, pois ainda se recusa a abraçar esse caminho incentivado por Anotsu. Derrotada, ela resolve trabalhar como gueixa e juntar dinheiro para compensar àquele que Anotsu gastou ao libertá-la da prostituição, comprando a sua liberdade.

 

 

Anotsu não aceita esse pagamento, ela a ama, mas acima de tudo, ama a sua habilidade descomunal, sua perícia na arte de combater. Ele, uma vez no passado, já havia se negado a aceitar a desistência da jovem Maki em seguir o percurso de guerreira, mas na época, mesmo negando isso, ele escolheu abandoná-la, isso devido ao fato de ela ser ainda muito jovem para o acompanhar nesse percurso. E por mais absurdo que possa parecer, ele preferiu deixá-la decair no mundo da prostituição do que a arremessar no mundo da sanguinolência insana.

 

 

No presente, Anotsu, apaixonado tanto por sua inigualável técnica quanto por sua existência como mulher, deseja a arrastar para o caminho da espada, a persuadindo a abandonar o submundo da prostituição e a migrar para o submundo do assassinato. Maki percebe o amor de Anotsu, percebe o seu conflito e a seu modo distorcido de a amar. Ela o aceita, escolhe seguir seus passos e derramar o sangue de seus oponentes, ela entende que agora não é mais a jovem ante a qual ele hesitou em carregar para tal destino, e da qual, agora, ele não pretende mais fugir, ignorar ou negar sua admiração, sendo compelido a lutar para que ela não deixe que a sua existência e potencial enferrujem e dissolvam ao relento.

 

 

Na segunda vez em que Maki se encontra com Manji, ela já não é a mesma pessoa, está decidida a seguir o desejo de Anotsu, e como consequência, nos apresenta apenas um pequeno fragmento de sua assustadora força, habilidade e capacidade. Manji não tem sequer um vislumbre de esperança em derrotá-la. Ela é incomparável.
É muito belo também o momento em que Rin se coloca em defesa de Manji, demonstrando a sua determinação em chafurdar em um mar de sangue para vingar a sua família; com grande convicção de que mesmo isso sendo errado, é melhor trilhar esse caminho do que engolir em seco a injustiça que recaiu sobre o seu mundo. Maki a respeita.

 

 

Mesmo que Maki não consiga ter empatia alguma no âmbito do combate, ela ainda é uma mulher e um ser humano sensível. Seu sonho puro e inalcançável era ter uma família, um marido, uma vida comum e tranquila ao lado da pessoa que ela ama, ao lado de Anotsu.

 

 

Maki, no fim do episódio, também se reconcilia com a imagem e herança de sua mãe, aquela que, como prostituta, lhe guiou em direção ao mesmo caminho. Ela entende que sua mãe era uma pessoa muito mais digna em seu modo de vida, do que os espadachins sanguinolentos e gananciosos que avançavam através da obliteração de outras existências. Ela a perdoa. Ela abraça sua amiga em despedida e segue para o encalço de Anotsu, em plena decadência humana. Maki, a partir de agora, é uma máquina de combate.

 

 

Destaco que a legenda da Amazon está muito ruim, prejudica e muito o entendimento do episódio, aconselho esperar para assistir através da legenda de algum fansuber, mesmo que seja em inglês, caso consigam acompanhar.

 

 

E também recomendo que assistam o vídeo desse Hyperlink, pois debato um pouco mais sobre o mangá, já que esse episódio pegou apenas o principal da trama dos protagonistas, mas acabou pecando, e muito, ao desenvolver em adaptação, os antagonistas. No anime em si e por si, isso não é um problema e não diminui a sua qualidade, mas como qualidade de adaptação, isso implica que as duas obras não mais se comunicam plenamente, apenas andam em paralelo.

 

 

Para além disso, destaco. Esse episódio foi sensacional.

 

 

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