Eu acabei me atrasando com o episódio dois, porém acredito que no final isso foi positivo porque ele se amarra bem ao que vem depois, trazendo um ponto chave que acredito ser a base do plot que finalmente começa a se mostrar interessante – e que até então estava vagando em algum lugar do universo animado.

Posso acabar mordendo a língua, mas penso que agora Stand My Heroes está organizando as peças e se engrenando para ser o que estava propondo desde o príncipio.

A primeira coisa que eu queria apontar é que depois da bagunça que aconteceu na estreia, finalmente consegui captar a ideia por trás da escolha feita na apresentação. Bom, para resumir o básico que pude apurar e estudar sobre o game original, a história consta de 20 rapazes e a protagonista – dentro disso ele se divide em 4 núcleos, sendo todos todos igualmente importantes aparentemente -, então levando isso em conta, já vejo a complicação de adaptar.

No primeiro episódio foram introduzidos a divisão policial e os investigadores da narcóticos somando 10 homens, já nesses dois seguintes ficamos com o grupo chamado Revel que fecham 4 e os irmãos Tsuzuki com mais 2 – nisso totalizam 16, o anime está quase lá.

Esse recorte acredito que está tentando facilitar a exibição de todos, e a forma como está sendo conduzida, escolhendo alguns como foco central me parece acertada – embora não muito bem aplicada -, porque infelizmente com 12 episódios não tem condições de todos brilharem na tela igualmente. Enfim, já deu para sentir uma melhora na fluidez das situações, com a redução de gente em cena.

Acho que a coisa mais importante a se apontar quanto aos rumos da história, é exatamente o processo de transformação da Rei. Depois de perceber suas limitações e ouvir o que precisava de Sosei, ela absorve a realidade e usa sua aparência para externalizar isso, o que me agradou porque mostra que a protagonista entende a necessidade do seu trabalho – espero que se defender sozinha faça parte desse pacote logo. Ainda existe uma moleza quanto a sua personalidade, mas como ela demonstra alguma resiliência e raça para executar sua missão de recrutamento, isso a equilibra.

Os novatos da Revel são empresários poderosos em várias áreas como moda, tecnologia, construção e por aí vai. Me parece interessante tal adição as investigações, justamente pelo fator econômico que pode ajudar nos detalhes, mas principalmente pelas conexões e influência de cada um, o que forma uma rede de inteligência bem eficiente nos bastidores.

Apesar dos outros parecerem mais dignos socialmente, o líder Hiyama deixa brechas para que o identifiquemos como um lobo disfarçado no meio das ovelhas, já que a sua ligação misteriosa com Kujo não parece muito “benta”. Pode ser só uma isca falsa, mas também pode ser indicação de trairagem no esquema da polícia.

Hatori é bem receptivo, mas diferente do Sosei que não levou a Izumi a sério por conta da questão profissional, Maki e Kagura agem de forma mais hostil por questões pessoais, chegando o último a propor aquele desafio sem pé nem cabeça e ainda quebrou a cara. Isso é curioso se pararmos para pensar que aqui, aquele dito popular “dinheiro não traz felicidade” se torna real. Eles são jovens, bonitos, financeiramente bem sucedidos, mas internamente pessoas quebradas por diferentes razões – o que também não é diferente com os Tsuzuki.

Cada um de nós reage de modo diferente a certos tipo de problemas, alguns inclusive criam traumas pela intensidade daquilo que encaram e aqui isso acontece com Maki – vítima de um sequestro aleatório -, que guarda psicologicamente as marcas desse passado junto ao amigo. A prova disso está na reação dele aos “ataques” que Kagura e Rei sofrem, um indicador do seu sofrimento.

Aqui eu consegui me solidarizar com ele e com a superproteção do outro, porque essa vivência intensa de fato não é algo que se apaga fácil da memória, ainda mais de uma criança. Felizmente a perseverança e gentileza dão a volta por cima rápido e ela as usa para apoiar o rapaz, ganhando uns pontinhos que vão ser úteis no seu trabalho mais adiante  – é clichê, mas ainda funciona.

No episódio seguinte chegamos no ponto que eu esperava, com uma rápida introdução da droga misteriosa que altera a condição fisica e psicológica do usuário – uma arma excelente para tráfico e execução de crimes. Aqui também é feita a introdução dos outros dois “recrutandos”, Makoto e Kyousuke Tsuzuki.

O mais velho é um escritor famosíssimo e o mais novo tem uma carreira de ator em ascensão, aparentemente não podendo oferecer tanto quanto os demais candidatos. Nisso eu achei bem pertinente a pergunta que a Rei faz sobre o tipo de colaboração que os dois poderiam fornecer quanto as suas profissões, já que a Revel cobre bem o papel de informante e quem sabe patrocinadora.

Bom, a STAND está buscando novos métodos de investigação, usando diferentes “especialistas” auxiliares, e isso é uma manobra bem esperta. No caso do escritor ele seria uma espécie de mentalista, lidando com perfis suspeitos e interpretando os detalhes que apenas alguém com alto entendimento do instinto criminal humano poderia trabalhar.

Sendo sincero me perguntei porque não um psicólogo ou psiquiatra da área específica, já que esses são bem mais preparados para o tipo de serviço que queriam, mas pelo reconhecimento geral que o mesmo tem e a qualidade de suas obras, consigo entender a razão dele ser um dos escolhidos – fora a conveniência roteirística.

Makoto é bem rude, se negando de imediato por suas questões pessoais que envolvem sua irmã e a incompetência dos narcóticos. A sua realidade é uma outra situação perfeitamente compreensível e muito comum, afinal quem gosta de ter sua família destruída, vivendo a sombra da injustiça, enquanto um criminoso circula livre, leve e solto mundo afora.

Para a sorte dela, a simpatia do irmão mais novo e o péssimo estado de saúde do escritor lhe dão a oportunidade que precisava para descobrir os mistérios deles, ajudá-lo e ganhar a melhora na relação entre eles. Esse ocorrido também faz com que o autor finalmente possa se abrir e quem sabe aceitar a proposta dos investigadores, porque o irmão dele já parece bem mais interessado de uma forma estranha.

A Rei me impressionou também com sua capacidade dedutiva, conseguindo amarrar com uma pista simples, as possíveis relações entre os Tsuzuki, Maki, Kujo e as drogas esquisitas, que por sinal acredito terem causado tanto o acidente da Sara, como o crime misterioso e sequestro do Maki.

Ainda que o anime não tenha aproveitado suas habilidades por completo, a moça tem se mostrado eficiente dentro do possível e espero que ela continue investigando e não desista agora dessa hipótese, porque se isso for real, vai dar é pano para a manga quando a STAND juntar esses membros “indiretamente” associados pela tragédia.

Acho que o anime cresceu pouco, mas ainda sim avançou, me deixando esperançoso para ver se o quarto episódio dá o arranque que essa história precisa. Agradeço a quem conseguiu ler até o final e até o próximo artigo!

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