Por incrível que pareça, eu adorei esse episódio focado no Império. Por quê? Porque não só apareceu uma boa nova personagem, como as movimentações pelo poder foram bem interessantes e mais que isso, melhor ainda foram as reações do Reinhard a elas. É hora de LOGH no Anime21!

Na verdade, é até um pouco injusto chamar de reação as coisas que o Reinhard fez porque em quase nenhum momento o protagonista loirinho foi pego desprevinido no jogo de poder. Pelo contrário, tudo pareceu correr de acordo com seus planos.
O que ele não poderia prever era a aliança proposta pela Hilda em nome de sua família, mas isso certamente nào veio do nada. Seus feitos militares, sua capacidade de liderença e sua clara posição chave na guerra de sucessão tinham tudo para atrair a atenção de uma jovem no mínimo “antenada”.
Aliás, de onde surgiu essa moça? Não sei se posso cobrar um background para ela, mas não me pareceu que ela vai aparecer uma vez e sumir. A forma como ela se impôs na trama praticamente torna um erro não aproveitar a personagem e fico pensando se não poderia ter havido uma introdução a ela e o que fez.
Em todo caso, o importante mesmo é que sua proposta veio bem a calhar para o Reinhard e que seu pedido de um resguardo legal, de algo que não a deixasse desamparada em caso de derrota, denota o que eu espero de uma personagem assim. Alguém que arrisca sem tirar os dois pés do chão.
A moça cresceu tendo oportunidades dado o seu berço nobre e me pareceu ter sido criada em um ambiente amoroso (é só observarmos a forma como é recebida em casa), mas é até mais relevante seu pai confiar o destino da família em suas mãos.
Ela não é a chefe da família (talvez seja a futura, não sei se tem irmãos), mas tem a confiança do pai para tomar as rédeas da situação em um momento no qual uma escolha precisava ser feita e, quer o Reinhard seja o estrategista genial que é, esta continha sua parcela de risco.

A personagem que nós não sabíamos que precisávamos, mas precisamos! ❤️

O aparecimento dessa personagem melhorou um bocado o que me desagradou em episódios anteriores por parte do Império, pois não só mostrou uma relação mais normal (de pai e filha), mais emocional, como mostrou que no Império mulheres podem ser mais que donzelas a serem protegidas ou objetos de manipulação de poder.
E isso nem foi uma indireta a Annerose (longe disso, por favor), é mais que mesmo as netas do Imperador nada fizeram e nada devem fazer, têm tanta voz altiva quanto o Imperador mirim, quando poderiam pelo menos se impor um pouco. Elas são só a desculpa para a guerra mesmo, para a manutenção dos privilégios de nobres podres até o caroço.
E não posso mentir que o meio militar pouquíssimo ou nada povoado por mulheres no Império também me desagrada. Não como se fosse um defeito da história, é uma retratação até esperada de um regime desse tipo.
É mais porque ainda assim não é possível que tantos anos no futuro as mulheres não tenham ações relevantes mesmo “nesse” Império. Alguma hora uma mulher teria que fazer mais que o papel de musa inspiradora (sim, agora foi uma indireta).
A inserção da Hilda na trama veio em boa hora e ela trouxe um ar mais humanizado, mais palpável até, para um núcleo em que os ambientes mostrados careciam de vida, humamidade, de algo além das manifestações de interesses escusos dos nobres “traidores”.
O que faz todo sentido, afinal, o que o Reinhard está tentando fazer só é possível se esse anseio pela mudança for em algum nível compartilhado por aqueles que o cercam.
Não é nem que ele esteja dando voz ao “povo”, que na verdade são mais os nobres de casta inferior e valores de alguma forma diferentes, mas o pano de fundo da guerra civil certamente é uma diferença de valores que vai além dele, mas da qual ele certamente faz parte.
Não fosse o caso ele não teria feito o que fez para chegar aonde chegou tendo a motivação que tem.

Se jogador de futebol já tem o rei na barriga, imagina nobre de nascença…

E essa inversão de valores é proposta de uma maneira muito interessante visto que tem como meio facilitador o herdeiro legítimo da dinastia que se quer mudar.
Aliás, não fosse o Imperador tão jovem certamente ele não seria tratado somente como um objeto de manipulação de poder e essa situação teria tudo para ser completamente diferente.
Aposto até que ele nem precisaria ter a idade das primas para exercer algum poder real, o que, repito, não é uma crítica. Ao menos não a história, mas sim a natureza humana como um todo.
No final, acho até bem inteligente como tudo se resolveu, porque não só facilitou muito o caminho do Reinhard para fazer uma reforma de valores e gradativamente trazer o poder efetivo para mais perto de si, como nos permite enxergar o lado dos “traidores”, que na prática não são coisíssima nenhuma traidores dos valores cultivados pela dinastia que detém o poder. Ao menos não dela.
Nào que eu esteja aqui buscando justificar a podridão de quem defende sua posição privilegiada acima de tudo e/ou está do lado de quem faz isso, mas é importante reconhecer que há pessoas do outro lado que têm seus próprios valores e estas podem muito bem ter sua dignidade e coerência.
Inimigos em uma guerra não são vilões, não exatamente, não como na ficção. O que LOGH faz é nos levar a perceber isso em situações bem específicas, mas que podem muito bem ser usadas para caracterizar o todo.
Como o caso do militar que tentou sequestrar a Annerose e trocou de lado até fácil ou do leal militar que assumiu tudo o que disse e fez, mantendo sua hombridade, sem “esquecer” de valorizar a própria vida. O Yang ficaria feliz vendo algo assim.
Esqueçamos os caricatos personagens que morrem abraçados a causas estúpidas, o que vemos aqui é a retratação de seres humanos que seguem seus princípios, mas também dão valor as suas vidas.
Uma coisa não precisa estar dissociada da outra, pelo contrário, faz mais sentindo é que andem de mãos dadas e, repito, isso até ajuda a passar uma ideia de que o outro lado da moeda, seja ele qual for, não é assim tão diferente.
Em uma guerra não existe bem ou mal, certo ou errado, justo ou maligno; existem apenas interesses e aqueles que conseguem realizá-los ou não. Não é como se ter interesses em teoria mais “justos” fizesse com que a censura ao que se faz não devesse existir.
A manipulação dos descendentes do Imperador caído, por exemplo, e passível de crítica tanto por parte dos lordes insatisfeitos, quanto do regente e do Reinhard. Talvez até menos do protagonista, porque ele não usa o garoto diretamente como faz seu tutor.
Por fim, só o que posso comentar é que esse quarto episódio foi bem legal de se acompanhar, pois ele trouxe elementos novos a trama e manteve um certo dinamismo sem me passar a sensação de que estão rushando a adaptação. Ao menos não muito…
Achei que ele foi bem mais conclusivo que o final da primeira temporada. Não que isso seja relevante. Gostei também da nova personagem apresentada e dos desdobramentos dos acontecimentos.
Foi outro episódio mais “político”, mas que trouxe um pouco do que estava faltando ao anime e como há se igualar as instâncias quero ver de que jeito Yang lidará com os seus próprios burburinhos de guerra.
Considerações maiores, ou mais específicas (até mesmo de detalhes que deixei passar esse episódio, mas tenho certeza de que poderei retomar em oportunidade futura) ficarão para meus artigos posteriores.
Até a próxima!

Este é o homem que quer conquistar o universo.

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