Essa segunda temporada só tem elevado o nível de excelência da obra a cada episódio, e neste último em especial, acredito que se fecha todo o desenvolvimento da Akira. Aquela que começou como uma rancorosa erva daninha, agora se devolve a sua bela e floral forma original.

Considerando todo o processo ao qual foi submetida junto ao clube de koto, e somando isso ao seu amor natural pelo instrumento, era mais do que óbvio que a moça eventualmente acabaria desistindo do mal que pretendia fazer incialmente – principalmente se lá no fundo ela fosse mesmo uma boa pessoa, como dava para sentir.

Encarar o professor e pedir sua retirada soou como uma ação da sua consciência humana dando o seu grito de basta. Dentro dela muitos sentimentos estavam em conflito, mas para a felicidade de todos, a honestidade dela foi mais forte que seu “desejo de vingança”.

As palavras do Takinami por sua vez, não só alimentam a minha tese de que ele tinha algo em mente, como também mostram que ele imaginava os prováveis resultados disso e esperava que, tanto ela quanto os alunos, reagissem de forma positiva a esse novo aprendizado e convívio – o que no fim deu certo.

A partir do momento que deixou seu coração mais aberto, Akira conseguiu enxergar o grupo com outros olhos, sendo surpreendida e tocada por eles – como o seu colega também foi. Eles por sua vez já evidenciam o quanto cresceram, graças ao seu apoio e também demonstram afeição e respeito para com ela, sua história e habilidade.

Para a professora, os elogios que sempre recebera nada mais eram que palavras vazias ou de conforto/piedade – e meio que era isso mesmo -, mas os gestos gentis e sinceros de cada aluno representavam muito, porque eram uma prova de que alguém realmente apreciava o seu empenho e que o mesmo sempre valeu a pena.

A transição da personagem fica ainda mais clara, quando ela própria se compadece da situação do Sane. Quando começou a se amarrar as dificuldades da peça tocada, ele estava involuntariamente assumindo a mesma postura derrotista que ela, pelo desejo de fazer melhor sem se dar conta das demais coisas e das suas próprias conquistas ao longo do caminho.

Foi interessante ver a reação dela porque como nós sabemos, quem vê as situações de fora sempre enxerga melhor e no caso da moça, ainda tem o adendo de que ela conhece a fundo todo esse calvário. Akira sabia que qualquer passo em falso, o rapaz seria mergulhado na mesma torrente de infelicidade e trevas nas quais esteve presa.

Felizmente naquele instante ele teve o que ela não encontrou na época – graças a tragédia -, que são os bons amigos, a força para saber reconhecer suas limitações e como pode crescer com elas, lutando com o apoio deles.

Aqui mais uma vez eu destaco o papel negativo da sua avó, pois o Keishi infelizmente já carregava o mundo nas costas, mas e ela, que encargo tinha? Ela estava sofrendo? Óbvio que sim, mas na sua condição de família, humana e adulta, ela poderia ter feito muito mais pela neta, ao invés de alimentar na menina coisas que não devia.

Esse trecho de reflexão sobre o Sane tem um peso importante, porque além de trazer as recordações dos bons tempos ao lado de seu irmão, ele a fez perceber onde se perdeu e os pequenos detalhes que deixara passar quando se deixou vencer por si mesma. O seu choro não é de arrependimento ou saudosismo, mas é uma libertação, como a própria desconstrução do seu “mundo negro” revela.

O momento de ouro do episódio com certeza foi o dueto entre a professora e a Hozuki – mais uma sacada genial do Takinami, vale salientar. A beleza da música acompanha a da explicação, que reforça a ideia de que através dos sons se transmitem os sentimentos, pessoas se aproximam, conectam e mudam pra melhor.

Essa parte é emblemática não só pela lição que ensina a todos, quanto a importância de se tocar entendendo o conjunto entre si mesmo e as pessoas ao seu redor, mas também pelo que mostra as duas que não acreditavam que sua música – e o esforço que empregavam nela – tivesse tal poder e impacto emocional o Chika que o diga.

Babei muito ali, mas no fim as cenas finais foram igualmente ótimas, primeiro pela aceitação da Akira e sua resolução frente ao professor. Me digam, quem imaginaria que os dois seriam tão parecidos? Ele também já teve o mesmo instinto de destruir o clube, porém a mesma gentileza e desejo de vencer que o transformaram e cativaram no passado, agora a mudam para uma defensora do time.

De brinde, comemoro a forma como ela se desvencilhou dos ideais da velha tóxica, que tentou jogar seu veneno e ficou no vácuo. Como essa última já percebeu a mudança, decidiu fazer algo, mas espero que ela se lasque bonito – até porque não nego que a preview me deu alguma esperança de vê-la pagar um pouco pelos seus erros.

Protejam esse sorriso!

Agradeço a quem leu e até o próximo artigo!

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