Apesar de já terem revelado antes quem estava por trás das tentativas de incriminar o Souma Kujo, ainda pairava a dúvida sobre as razões que levaram o “vilão” da história a tais ataques, e por fim o resultado de toda essa tramóia.

Já adianto aqui que o anime me surpreendeu em alguns pontos na resolução, assim como também falhou em outros, mas no geral acredito que o desenrolar desse trecho foi satisfatório, fechando o mistério com decência e coerência dentro do que eu esperava.

Quando por fim descobri a façanha do Miyase, pensei que mediante as provas apresentadas, ele seria somente mais uma vítima do Caso Anônimo, e dentre todos a mais vingativa, mas me enganei em parte.

Apesar de não ser um dos prejudicados diretos nos incidentes relacionados a droga Square, ainda sim as mesmas exercem uma grande influência no seu tormento e obstinação, uma vez que sua mãe está associada a alguns eventos e pessoas ligadas ao produto – consequentemente guardando segredos.

Admito que nesse tópico o enredo me deu a volta, pois não imaginei que a revelação master seria o fato do rapaz ser herdeiro ilegítimo do “Kujo pai”, e mais espantado ainda, por saber que na verdade a bomba era um triângulo amoroso com o chefe da família, no qual a outra ponta prejudicada era o pseudo defunto Yuki – que não pode viver o seu romance com a pobre mulher.

Entendendo a origem do sofrimento do antagonista, tive que dividir minhas atenções quanto ao que sentir, pois se naquela situação – junto com a sua mãe que penou muito – ele se configurava como um sofredor, depois de suas descobertas ele se tornou tão sujo quanto a família que despreza.

Ainda que não tenha sido aceito por todos, ele sempre foi o alento que Souma precisava no meio de tanta sujeira envolvendo os negócios e as intimidades de seus pais. Os dois de fato se davam bem e ele jogou tudo isso para o alto em nome de uma vingança contra uma pessoa que nada tinha a ver com seus problemas, exceto pelo nome que carrega.

Acho sim que o outro pecou pelo silêncio – o que aumentou o ódio -, mas nada justifica a ação do Miyase. Ele acha que os Kujo são uma raça imunda, não importando quem os lidere, mas para fazer sua justiça escolheu um caminho que jogou fora sua dignidade, agindo na “cocó”, pelas sombras e se valendo de outros inocentes.

O plano dele foi bem inteligente, movimentando a droga Plus como um meio de trazer a tona, alguns dos pecados da poderosa família, mas o problema é que para isso ele pôs em risco a vida de muitos – e indiretamente deve ter dado fim a outros. O que choca é que mesmo indo contra a bondade que esconde lá no fundo, ele tem plena consciência de seus atos – ainda que cego em sua própria vingança -, achando que o preço a ser pago compensa e ainda sobra.

Do mesmo jeito que compreendo suas motivações, também entendo a situação do Souma. O irmão mais velho precisa manter muita coisa e se sente pecador pelos atos da família, mesmo quando inocente na maior parte dos problemas. A única coisa verdadeira que ele tem é o amor pelo Miyase, ainda que pouco tenha feito para acabar com o circo, rendendo na sua proteção agora – estando ciente dos planos dele.

No final como não conseguiu destruir o adversário por conta da bondade da Rei, ele decidiu eliminá-la e foi curioso ver que as coisas terminaram exatamente onde tudo começou para eles, e de forma invertida. Quem socorreu a Rei criança foi o “vilão” – quando ainda era feliz e não sabia -, e agora o antigo salvador estava sendo a sua maior ameaça naquele parque, vejam a ironia da vida.

Confesso que depois de toda essa agonia, não sei dizer se gostei dele ter fugido, tenho sentimentos mistos quanto a abertura desse final. Ele podia até não ser preso por conta de uma justificativa qualquer, mas acho que precisava de uma conclusão mais definida, até porque foi ele que reacendeu a coisa da droga proibida – e ela continua circulando.

A cota de momento “hã?” fica com os representantes dos Ministérios, que tentaram colocar a culpa da fuga na Rei, só porque ela é mulher. Achei engraçado porque pelo modo como eles se colocam, dá para ver que eles realmente se levam a sério nessa posição.

Gente, em pleno século 21 ter esse preconceito contra um funcionário só por ser mulher? Haja paciência. Ali ficou bem claro que a incompetência de muita coisa, era resultado da desunião e ganância deles afetando o trabalho dos grupos da STAND – que funciona bem melhor sem o apoio desse pessoal.

Voltando a quem interessa, no meio tempo em que foi capturada, a Rei ganhou um presente bem informativo, e eu acredito que ela tomou a decisão de guardar para si, em consideração a quem merecia, enquanto continua buscando a sua forma de justiça para resolver o que ficou em aberto – apesar de ainda estar se encontrando, posso dizer que ela se desenvolver bem no decorrer da história.

O anime termina com um gancho interessante e problemático, onde Miyase encontra aquele que lhe dera as provas que revelavam toda a verdade: Ida Masayoshi. Se fosse o caso de anunciarem uma segunda temporada, isso teria sido perfeito, mas sinceramente não acredito muito nessa possibilidade, já que esse gênero costuma criar obras que se encerram em uma temporada só.

Assim como essa, outras questões ficaram pendentes, pois diferente do outro personagem que citei, não sei se o Yuki está mesmo vivo ou morto – e se com a mãe do antagonista -, não tenho os detalhes do que acontece agora com os Kujo e a Farmacêutica Omori, e nem sei o que será da própria Plus, já que nada se resolveu.

Enfim, mesmo desenrolando o final do mistério de uma forma legal e coesa, ficaram devendo por não sanar ao menos o que era mais importante nos últimos minutos. Se tiver uma nova temporada verei? Evidente que sim, pois apesar dos percalços na falta de molejo da direção com o excesso de personagens – alguns completamente inúteis -, o plot central soube segurar a marimba e ainda tem o que render.

Me despeço agora, satisfeito de um modo geral, e agradecendo a todos que me acompanharam nessa jornada. Até a próxima!

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