Eis a melhor estreia da temporada, sim ou com certeza? Bom, como gosto bastante do mangá e da temática diferente sobre o universo fashion, sou suspeito pra falar dessa obra, mas farei o possível para ser imparcial.

Runway de Waratte – ou Smile Down the Runway – é um anime sobre moda, direcionado ao público shounen. Sua adaptação promete muita luta pelo sucesso, poder da amizade, protagonistas carismáticos e todos os clichês que adoramos ver. Quem embarca nessa?

A introdução por si só é bem agradável, porque nos apresenta a conclusão do objetivo, o sonho alcançado em um salto de alguns anos. Chiyuki desde pequena – sem trocadilhos – almeja ser uma supermodelo digna da Paris Fashion Week, e isso carregando o nome da empresa do pai que tanto a incentivou no passado, a Mille Neige.

O porém aqui é que apesar de ter a aparência necessária, a moça tem uma altura muito inferior ao que a indústria da moda aceita, mesmo para modelos pequenas. Hoje dá para dizer que muita coisa mudou nessa questão do tipo físico de modo geral, mas o tamanho ainda é algo que se desenvolve aos poucos. Quem quer entrar pequena nesse mundo, precisa ter o seu “tchan” para mostrar que o diferencial é sucesso.

Já que seu sonho parece tão impossível, por que ela o persegue quando já faz parte da moda, como herdeira de uma agência de modelos? Aliás, vou responder isso com outra pergunta: se todo ser humano tem direito a ser o que quiser, por que a Chiyuki devia se conformar em seguir o curso?

Imagino o quão ruim deve ser acordar todos os dias disposto a agarrar seu destino, ouvindo palavras de desencorajamento pesadas daqueles que se admira. Alguns devem achar que o que ela enfrenta, apenas se configura como um problema bobo de uma patricinha, mas nessa questão profissional, a menina é tão sofredora quanto seu colega Ikuto – o segundo protagonista dessa história.

O garoto é um rapaz tímido, humilde e que assim como a outra tem um sonho difícil, o de ser um grande designer de moda. Seu objetivo seria relativamente mais passível de conquista, caso ele não tivesse um obstáculo chamado pobreza no seu caminho.

Vindo de uma família sem pai, uma mãe debilitada e três irmãs, é de se imaginar que nada seja fácil e não se tenha muito espaço para sonhar. A decisão dele de desistir inclusive é perfeitamente compreensível, a sua família já estava se sacrificando o suficiente, logo não teria como ele ser o único beneficiado, permitindo que elas passassem por mais perrengues no processo.

A situação dos protagonistas se complementa, o que falta em um, o outro tem, e no final os dois querem fazer parte do mesmo universo. Felizmente o caminho deles se cruza e os sonhos de ambos recebem um pontapé e mais força para seguirem existindo.

Os novos parceiros são talentosos e já mostraram que tem brilho próprio para marcar seu nome no mundo, só falta saber o quão difícil será esse caminho aqui. Como leitor do mangá, aviso que o negócio não vai ser moleza – até quando parecer que vai – e os desafios não são poucos.

Ainda que eu goste bastante do Ikuto, devo dizer que também simpatizo muito com a personalidade efervescente da Chiyuki, sua determinação e coragem. Ela é sincera e meio grosseira, mas não deixa de ser uma boa pessoa, capaz de apoiar os amigos e corrigir seus erros quando os percebe – sua ações nesse primeiro momento evidenciam um pouco do que ela irá mostrar.

Foi interessante a forma como a última frase do pai dela se encaixou bem ao que virá adiante, pois já esclareço que mesmo indicando a Chiyuki como protagonista “maior”, a história – ao menos no mangá – acaba focando um pouco mais na luta do Ikuto, do que na dela, ainda que ambos dividam o mesmo protagonismo e problemas.

Fico curioso para ver como a adaptação pretende dividir os holofotes, já que pelo histórico do estúdio, é um padrão seguir com fidelidade o material original e dependendo da duração do anime, o desenvolvimento de um pode acabar engolindo o do outro. Aproveitando a deixa, achei o ritmo do episódio muito bom, acompanhado de uma produção linda e consistente – apesar de faltar um pouco mais de ousadia em alguns detalhes.

Na verdade analisando os trabalhos do Ézola, creio que essa seja uma decisão pessoal das equipes de animação, sacrificar um pouco desse “a mais” em nome da consistência, o que não critico e pessoalmente até prefiro em algumas situações.

Enfim, estou mais do que satisfeito com o primeiro episódio dessa obra que tem sido uma delícia de acompanhar desenhada e que agora vejo animada. Acredito muito no potencial do enredo, torço para que a staff se saia bem, e espero que muitos curtam, assim como eu devo aproveitar cada minuto. Até o próximo artigo!

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