Depois de nos cativar com três episódios eletrizantes e bem movimentados – executando com louvor a regrinha básica dos animes -, Runway dá uma leve pausa nos excessos e “se acalma”, apresentando agora novos personagens e desafios, sem deixar de ser interessante.

Acredito que além das novidades, um dos méritos aqui foi a forma como exploraram a família do Ikuto. Todo mundo é muito amável e tudo mais, mas no meio deles a Honoka sempre se destacou por demonstrar insatisfação com o irmão e a condição da família.

O normal seria associar automaticamente a chateação dela com a pobreza, contudo desde o começo a garota mostra que está além disso, a tristeza dela se origina na falta de ambição e “egoísmo” do irmão. Ela não se incomoda com o pouco que eles tem, mas fica mal porque o irmão se desfaz do que pode ter, em nome de todas elas.

Eles têm as suas necessidades e é compreensível que ele queira sacrificar coisas em nome de outras, mas o que ela traz é justamente o lado daqueles que apenas sentem as consequências indiretas desse tipo de gesto.

Eu compartilho do mesmo sentimento que a Honoka porque vim de uma origem humilde, penso exatamente igual e sempre vivi desse modo, buscando e conquistando o que eu queria, sem exigir da minha família mais do que podiam me oferecer – por ter consciência de todo o esforço que já era feito por mim e meus irmãos.

Diz o ditado que ninguém deseja ao próximo o que não quer para si, pois bem, é assim que funciona a mente da irmã do meio, querendo que ele divida com ela o mesmo direito de sonhar e tentar, sem que que se abra mão de tudo.

Um comentário aleatório que achei que devia fazer, é sobre a beleza da família Tsumura. Gente que genética boa essa mãe tem, ela é linda, os filhos são lindos, até a Aoi que é um pouquinho mais descuidada é bonita – bem verdade que não tem gente feia na obra, mas essa família abusa, principalmente a Honoka.

Voltando a minha linha de raciocínio, como eu também já tinha dito, o Yanagida é alguém que precisava entrar na vida do Ikuto, porque acredito que do seu jeito, ele seria capaz de ensinar ao protagonista as qualidades que o seu sonho requeria.

Agora ele não só tem uma motivação maior, como assume de peito aberto que deseja ser um designer, saindo da passividade na qual sempre se escondeu – e que a Chiyuki e sua irmã sempre criticaram.

A experiência real também tem ajudado ele a perceber as nuances desse universo fashion, o que é um plus para alguém que sequer entrou na faculdade ainda. Inclusive digo isso porque essa última não ajuda tanto, quando se trata de entender os detalhes práticos da carreira escolhida.

Em meio a necessidade de contratar mais gente para trabalhar, a diretora da Geika surge não só para solucionar esse problema, como também para criar novas pontes que vão ter sua função mais para frente – vou me conter nos spoilers.

Junto com ela vieram o Ayano e a Kokoro, dois personagens bem curiosos e opostos, já que um é bem proativo, está onde quer e tem o que precisa – incluindo talento -, enquanto a outra é tímida e é reconhecida por aquilo no que não quer trabalhar.

Kokoro é uma senhora modelo, mas no fundo deseja ser uma designer de moda. Ainda não pudemos ver nenhuma das suas habilidades e nem suas motivações, mas ela defitivamente é alguém para se ficar de olho.

Ayano tem um ar misterioso, excessivamente amigável, mas ao mesmo tempo astucioso e manipulador. Como descendente de uma famosa estilista ele tem tudo, mas ficou impressionado com o instinto nato do Ikuto e com isso, ele agora começa a cercar o menino que o fascinou.

Falando nisso um detalhe que tem me agradado bastante, é a forma fluida como eles tentam encaixar os conhecimentos da moda e costura, sem muitos detalhes, mas conciso o suficiente para que se entenda o funcionamento de tudo e o porque de cada coisa ou situação apresentada.

Estou bem curioso e animado para ver o desenrolar da junção dessas três figuras com o Yanagida, porque o pedido do Ayano não foi qualquer coisinha e junto com o olhar “faminto” dele, esse começo de amizade/rivalidade profissional vai render.

Lamentei que a Chiyuki pouco apareceu, porém era algo que eu esperava como leitor do mangá, ainda assim continuo muito satisfeito com o andar da carruagem e a ótima adaptação da obra.

Agradeço a quem leu e até a próxima!

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