Blade – A Lâmina do Imortal – ep 19 – A derrota é a bainha que cegou as espadas de seu espírito
Nesse episódio, logo na primeira cena, apresentaram algo extremamente importante para a consistência em geral da obra. Maki está doente, muito doente. Ao que tudo indica, ela sofre de tuberculose, e a debilitação que essa doença lhe causa, mais a frente no anime, nos apresentará a mais bela situação de combate de Blade. Desculpe pelo spoiler.
Para além disso, temos a consolidação, em uma linda cena, da paixão de Anotsu por sua melhor e insuperável guerreira, e o desfecho final do laço que os une. Maki é uma pessoa imersa em sofrimento, um ser insensível a carnificina que não consegue dar um passo em frente sem cair no vazio e no desespero. Anotsu lhe dá um propósito em vida, uma luz, um rio de sangue, ele a abraça e aceita a sua natureza, incentiva e ama a sua magnífica existência.
Sem Anotsu, quem seria Maki? Infelizmente a resposta é a pior possível, ela é efêmera, uma flor indefesa e envenenada pelo próprio passado, ela não tem para onde voltar, não pertence a nenhum lugar e não sabe para onde ir.
O episódio avança e nos apresenta a consolidação dos planos de Habaki, que monitora e rastreia a Itto-Ryu através das ninjas maratonistas. Já a Itto-Ryu, por sua vez, implementa o seu plano final. Separada em duas frentes, uma desempenha o papel de isca e ponta de lança, e a outra, representa a vingança e o acerto de contas de Anotsu, ele escolhe deixar sua marca ao humilhar o símbolo máximo de poder do xogunato, o pilar de uma sociedade e de um sistema samurai decadente, que comanda a cultura guerreira estéril da época em que habita.
A invasão, efetuada pela elite dos sobreviventes do bando, aniquila incontáveis samurais e responde, em palavras banhadas a sangue, que a superioridade da Itto-Ryu, como estilo e filosofia, é inquestionável. Hanabusa, responsável pelas tropas e pelo castelo, sofre o pior tipo de derrota que um comandante pode sofrer.
Em paralelo a isso, temos Manji e Rin, que partem em jornada como espectadores do conflito entre Habaki e Anotsu. Rin chega até mesmo a entrar em acordo com o líder do bando, ao protegê-lo de seus perseguidores como uma distração, chegando a conclusão de que a filosofia que ele protege pode não estar errada, mas mesmo assim ela irá, para além de observar o seu destino, cobrar o acerto de contas final, em seu devido momento. Perdoá-lo é impensável, mas não deixa de ser estranho o como a relação de ambos deságua em um respeito mútuo denso e singular.
Temos também a participação de Blando, que agora busca a redenção como um monge, prometendo a si mesmo dedicar o resto de sua vida em devoção a sua profissão de médico, retomando as origens de sua fé e crença em seus preceitos, que uma vez abandonou.
Hyakurin, também, assim como Rin, interessada no desfecho da situação, escolhe por continuar a caçada aos Itto-Ryus, ainda mais devido ao que fizeram com ela. É uma jornada de expiação e acerto de contas. Gyiti, por livre e espontânea pressão, a acompanha.
O tabuleiro e as peças estão montados para o espetáculo final. O desfecho venenoso que Anotsu desencadeou ao assassinar os pais de Rin, uma família samurai diluída de sua glória, o qual Habaki intensificou, ao caçar o bando de espadachins, que ofendiam a estética guerreira e moral da época, e depois, novamente, Anotsu, em um cheque mate ao sistema, provou que a ruína do decadente sistema xogunal, era nada mais do que inevitável.