E aí, curtiu a abertura? Curtiu o encerramento? Curti um pouco mais a abertura, mas gostei mesmo foi de algumas coisas no episódio, mais do que desgostei de outras. A referência musical preponderante dessa vez eu tive que pesquisar, pois não conhecia a banda que fez a música referenciada no título. Let’s go rock!

Assim como na estreia, a referência contida no título do episódio não me pareceu dialogar profundamente com a narrativa, entretanto, fez o seu papel ao agir de pano de fundo para o que foi apresentado em tela. Eu não tenho dúvida alguma disso, mas antes de chegar lá acho melhor comentar alguns pontos pertinentes…

Por um instante achei que o desempenho pífio da Mu ao lidar com os monstros se deveu a falta de comida, mas não, o buraco parece ser mais embaixo, passou-se a impressão de que seus poderes dependem mais de seu psicológico; naturalmente afetado pela falta de memória, a falta de conhecimento que tem de si.

Isso é bem melhor que cair na bobagem da estamina ou qualquer coisa desse tipo. É serio, isso é anime, e um que já no início mostrou que a emoção deve ser o fator mais importante para definir o poder. Isso, claro, se o problema não for tão simples para ser resolvido apenas com a nomeação de um golpe. Seria “pobre”.

Enfim, o diálogo da duplinha dinâmica me divertiu e, tirando os momentos cômicos voltados a nudez (dos quais nem desgostei, mas não acrescentaram nada a trama), foi bom ser reforçada a necessidade de saber quem é a Mu. O Echo indicou o caminho, inclusive, os Players apontados no livro devem aparecer no anime.

Aliás, já estão aparecendo. O trio estranho e a própria floresta saída de uma história de terror casaram bem com o trecho inicial do Echo criança. E, diferente dos filmes ou da infância, ele se arriscou ao caminhar por um parque desconhecido, menos por ter superado os medos da infância, mais porque requisitava o roteiro.

Afinal, se assustou feito uma criancinha depois, mas, como faz estereótipo de otaku, focou em tietar suas ídolas. Até aí tudo bem, o episódio precisava de alívio cômico e teve, mas, certamente, não era ao Echo que o título, “homem pela metade”, fazia referência. Não à toa, a “mulher pela metade” sofreu com as ilusões.

Porque aquilo que a atacou obviamente eram ilusões, ainda que os monstros não fossem. Como eu duvido que exista algo consciente por trás da floresta, o que foi falado para ela ali deve vir de seu íntimo, o que ela teme. Por isso foi aterrorizada pela ideia de matar os monstros, que imaginava serem pessoas. Seguindo…

Gostei da forma como usaram o trio, mas achei bem bobinha a teatralidade delas, ficou claro que elas não são bem aquilo e espero que não sejam antagonistas propriamente ditas, porque além de não fazer sentido Playeres lutarem entre si, a possível sucessão de que falam passou a ideia de que elas podem ajudar a Mu.

Apesar de parecer mais provável que a Mu seja irmã ou filha (ou clone de outro sexo?) do cara que abalou Liverchester, porque a aparência bate e ficou clara a conexão entre eles. A sucessão da qual elas falam é bobagem, o importante é a Mu se “achar”, e para isso é imprescindível que conheça seu passado, quem é.

Ou quem era, mas duvido que quem ela era diverga muito em personalidade, o que pega com memórias são que elas podem, e até devem, mostrar a ela um propósito diferente do que ela tem no momento, que é justamente descobrir quem ela é. E sei que ela não vai alcançar isso em um episódio, o fim indicou que…

Devem ajudá-la, outro Player deve salvá-la e é melhor que seja assim mesmo, pois ela não está pronta para fazer algo grande por si só (a estreia foi adrenalina pura), mas com mais tempo, reflexão e pistas sobre si não duvido que logo dê nome ao golpe e se sinta confiante para passar a agir como Player de verdade.

Ela lutou na base do feeling na cidade antes de fugir e esse momento foi bem pontual mesmo, só agora que ela está sendo introduzida a um mundo que não facilita para quem é inteiro, imagina para quem está pela metade, né? Mu é uma garota pela metade, por não saber quem foi ela não sabe quem ela pode ser.

No máximo ela sabe quem é no momento, mas ainda que tenha tal certeza, a depender das memórias e do quão problemáticas essas memórias forem, pode ter sua frágil base abalada. A menina foi encontrada em um lixão, no mínimo foi descartada, possivelmente a mando de um vilão ou por ser uma Player defeituosa.

Então não acharei estranho se ajudarem ela, se ainda fizerem isso por um tempo. Quanto a parte técnica, a animação continua ótima, no nível do estúdio, e faço questão de destacar a criatividade no encerramento. Usar as cenas do episódio não fica ruim se oferecem ao público pontos de vista alternativos dessas cenas.

Além de ter tido uma ou outra “pincelada”, foi tipo um remix de música. Conceitualmente não ficou legal? A música se esparrama pela obra, seja diretamente, por meio de belas faixas instrumentais que acrescentam as cenas, ou indiretamente, por meio de ideias que se espalham e se misturam a forma de contar a história.

Mais um exemplo disso foi a banda ostensivamente homenageada na obra, e ainda mais nesse episódio, afinal, o trio de malucas tem seus nomes baseados em integrantes do grupo e o título desse episódio é o mesmo de uma música desse conjunto. A banda de rock experimental alemã, Einstürzende Neubauten.

De rock alemão conheço mais krautrock (vertente do rock progressivo), thrash metal e algumas outras bandas, principalmente de metal como o Rammstein, então não conhecia a banda (é ruim de eu repetir o nome kkk) até escrever o artigo, mas pelo pouco que ouvi (e você pode escutar abaixo) eu gostei bastante.

A título de curiosidade foi feito um documentário do álbum de mesmo nome em que sai a música Halber Mensch e este foi dirigido por um japonês. O diretor do anime? Não, não chega a tanto. Sogo Ishii é quem assina a produção. Eu nunca ouvi falar desse diretor, então não tenho o que indicar dele, ficarei na música.

Ademais, o episódio me divertiu e instigou. Não acho que o trio, mais cômico que tudo, estragou nada, até porque no fim o episódio ganhou um rumo mais sério e o final foi um baque bom, que confrontou a heroína com dificuldades e imprevistos que precisará superar para crescer. Aposto que ela não quer ser só metade, né…

Até a próxima!

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