Como eu já esperava a Katarina não é a peste que se apresentou, na verdade ela é até mais sofrida do que sua beleza e posição social aparentam. Nesse nono episódio ainda não temos todos os elementos que envolvem a história e o passado da menina, mas vimos pistas suficientes para entender de onde vem os problemas que ela silenciosamente encara.

A pequena nobre mantém uma fachada indiscplinada, porém não sem motivos, já que assim como a Arte tem seus objetivos e motivações, ela também tem os dela fortemente ligados ao que ama fazer e as imposições familiares, que por sinal são até bem mais pesadas que as da sua tutora – já que diferente dela a aprendiz tinha o amor e apoio incondicional do pai, criando uma dualidade até interessante no desenvolvimento delas.

Katarina é a filha mais nova, dentre um trio composto por mais dois homens e como eu já esperava que fosse acontecer, ela também é vítima não só do seu status, como da intolerância masculina em relação ao seu papel na sociedade veneziana antiga.

Conforme ela vai demonstrando para a protagonista as habilidades que tanto esconde, vai ficando claro para mim que essa ação não é só um meio para ela conseguir estudar, mas também uma forma dela se impor perante a rudez opressora de seu pai e a omissão da mãe.

É engraçado que a Sofia se sente culpada por não ser para a menina o apoio que deveria, mas acredito que no fundo a Katarina sabe disso e acaba desculpando a mãe, cabendo mesmo a ela tomar uma providência, daí a pirraça para agir como uma nobre mulher treinada apenas para casar e ser submissa.

Como a Arte enfrentou um problema parecido, certamente o Yuri viu nela a competência para tirar da menina a mesma determinação em realizar seus sonhos, coisa que as outras com a mente mais fechada obviamente não poderiam fazer, por seguirem os padrões sem se importar com mais nada.

Já entrando nesse assunto, gosto de como a Daphne está começando a ser explorada, já que ela também vem percebendo como a artesã é especial. Acredito que além da questão da amizade entre as duas, talvez a empregada acabe se encontrando na força da moça, pois no momento em que ela a defende dos pintores grosseiros, senti que podia ter uma ponta escondida na história dela.

Voltando a Katarina, fiquei surpreso com o seu lado mais simplório e curioso por esse passado na vila, que provavelmente influenciou nesse seu sonho culinário. Não consigo imaginar como uma nobre feito ela, acabou sendo criada numa vila simples, muito embora o pai dela pareça ter cagado sobre ela ir para qualquer lugar que fosse – se dependesse dele não tinha nem voltado.

Bom, a Arte é bem lenta e ainda não entendeu de fato o que cerca a menina, mas acho que com o ato falho da invasão ao quarto, ela já pegou o suficiente para entender que ambas são iguais em muitas coisas, cabendo a ela o papel de “irmã mais velha” que ensina a mais nova a lutar pela conquista da sua independência.

A prova disso vem no diálogo mais amistoso entre as duas, pois ali a protagonista partilha de suas experiências e abre os olhos da Katarina, que percebe nela um extra para além da tutora, podendo ver nela uma parceira e assim dando uma chance a aprendiz.

Mantendo o gancho, outra coisa que venho gostando é a mudança de ares nessa viagem, pois como eu disse em outros artigos, acho fundamental a Arte experimentar mais do que esse ambiente masculino sufocante e constante. Ok que é pelo trabalho e considerando as circunstâncias não tem muito o que se fazer, mas essa quebra dá um respiro não só pra nós, como para ela.

Enfim, estou bem curioso quanto ao passado da Katarina na vila, o surgimento do sonho e como vão desenrolar esse elo quebrado entre ela e a família, porque potencial para um bom arco existe aqui.

Agradeço a quem leu e até o próximo artigo!

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