Major 2nd 2 – ep 7 – O treinamento do amor
Major 2nd deveria ser um elogio, algo como “Você está tão Major 2nd hoje”, porque o anime não cansa de marcar home run e abaixo explico porque escrevo isso. É hora do melhor anime de basebol no Anime21!
O perfeccionismo chato, mas necessário, do Daigo não foi uma surpresa, ainda mais em um treinamento focado para lidar com um time ágil, que usa e abusa de um tipo de jogo menos plástico (com rebatedores que buscam controlar o jogo e não ser o destaque), mas potencialmente eficiente. Por não ter técnico o jeito é ele acumular essa função com a de capitão, então se não for ele para puxar a orelha nos treinamentos nunca a excelência virá.
Aliás, mesmo que ele seja o mais perfeccionista possível e extraia o máximo do potencial de cada jogador e do time como um todo, nada garante o sucesso pleno e é justamente essa a graça do esporte, sem competitividade nada faria sentido, não haveria recompensa a altura para o esforço e o uso do talento. Sendo assim, eu entendo treinar após um jogo e às vésperas de outro, sem essa dedicação extra não vejo uma equipe limitada vencendo.
Digo, falta material humano, como não há reservas, não há competitividade interna por posição, esse desafio tem que ser instigado com o que ocorre fora, então tentar avançar ao máximo no torneio, o que passa diretamente por vencer a Seiwa, é praticamente a única forma que o time da Fuurin tem para se testar e se provar. Para vermos como a falta de opções encurrala, como foi decidida a posição de arremessadora titular? Por tentativa e erro.
Na verdade, não só isso, também com a percepção do Daigo, apesar de a princípio ele ter sido lesado por não ter pensado na Mutsuko logo de cara. Inclusive, essa é uma característica comum nele, se focar em algo e perder um pouco de contato com o que há ao redor, mesmo que ainda seja coisa do basebol. Imagino que isso tenda a melhorar com seu trabalho de capitão/treinador, afinal, ele precisa se atentar a todos os detalhes.
Enfim, o Daigo reconhecer qualidades na Mutsuko sem deixar de apontar suas deficiências é o tipo de desenrolar que espero com relação aos dois, porque ele pode ser tapado para corresponder os sentimentos românticos dela, mas a tem como uma companheira confiável, formando com ela um laço bem mais forte que apenas a atração entre homem e mulher. Daigo e Mutsuko são amigos, parceiros, companheiros de time e talvez bateria?
Um dia queria de ver os dois formando uma bateria, sei que a bateria predestinada é do Daigo com o Hikaru, mas que mal faria vê-lo em sintonia total (em se tratando de um jogo para valer) com a futura mãe dos filhos dos dois? A gente sabe que até o fim (espero que bem antes) do mangá/anime eles vão formar um casal, então a expectativa é até normal. Isso é clichê, eu sei, mas depois desse episódio tem como não curtir o “enlace” deles dois?
Enfim, os Shigeno são tão vidrados em basebol que trocaram a piscina por campo de treino, para a gente ver que o Daigo ser esse otaku de basebol está no sangue. Não à toa pediu a irmã que treinasse a amiga e esse treino com a futura “irmã” fez bem a garota em vários aspectos. Não só no romântico, mas também no atlético, afinal, diversificou seu leque de jogadas e aproveitou o melhor de suas qualidades, controle e agilidade para aprender.
Aliás, eu nem lembrava que a Mutsuko não conhecia a Izumi, assim como não tinha me tocado que ela mudou a forma de tratar o Daigo entre temporadas. Para você ver que quando o foco no esporte é real, o público não se apega a detalhes menores. Não que Major 2nd despreze eles, acho que é justamente o contrário, pois a fofa cena em que a Mutsuko fala o nome do Daigo pela primeira vez por estar encurralada provê um certo equilíbrio.
Na trama o aspecto esportivo é amplamente explorado, mas não se ignora o desenvolvimento pessoal do personagem, ainda que ele sempre ande de mãos dadas com o basebol (o que faz sentido dada a temática). Isso nós pudemos conferir pela maneira como o treinamento da heroína balanceia as duas coisas, alternando entre momentos que dão recompensas ao público ao demonstrarem que tem evolução tanto no esporte, quanto no amor.
Pelo menos pelo lado da Mutsuko, porque o Daigo ainda segue e receita de bolo do protagonista que não pensa em garotas. Lembro da cena lá do comecinho da temporada em que ele se incomodava com o desleixo da irmã e espero que eventualmente comece a dar crédito a Mutsuko não só como esportista, mas também como mulher. Não que queira ver Major 2nd se tornado um romance, é só que proatividade de ambos seria bacana.
Enfim, o reconhecimento da Mutsuko como a ás do time e o desejo do Daigo de fazer o possível para vencer mais uma vez levantam a bola do protagonista, mas sem tirar espaço da heroína, afinal, ela é a ás do time e só com ela, com o jogo melhorado que ela for capaz de empreender, que a vitória será possível. As mulheres não são o elemento surpresa da trama, elas são realidade, a base que dá consistência e qualidade ao time da Fuurin.
Sendo assim, é esperado que a arremessadora tenha um episódio focado nela (assim como eu imagino que deva acontecer eventualmente com todas as outras jogadoras) e que os vários aspectos da pessoa que ela é (de sua personalidade, seus objetivos, seus gostos) seja explorado. As emoções mais afloradas dela quando se sente contrariada ou seu jeitinho meigo ao se aproximar do crush, tudo dá forma a uma Mutsuko em constante e interessante evolução.
Não tenho o que reclamar da obra na maneira como aborda as personagens femininas (tão negligenciadas em mangás da demografia shonen) em posições de destaque. Inclusive, elogio o tratamento dado a Kandori, ela não é tratada como inferior aos outros só porque é gorda, tendo qualidades técnicas características e o mesmo apelo mais fofo dado as garotas no encerramento. Eu mal posso esperar para desenvolverem a personagem.
Por fim, o velho, e nesse caso bom, clichê do rival que quer se provar vai ser tendência próximo episódio e eu tenho certeza que isso é nada mais que o adequado se lembrarmos como ver o Daigo e o Hikaru brilhando no jogo mais importante dos Dolphins mexeu com o Urabe e o Andy, principalmente com o primeiro. Investir nessa rivalidade/amizade para perpetuar a evolução dos jogadores daquele time mirim foi uma jogada de mestre.
Em Major 2nd o presente conecta o passado e o futuro, passando a ideia de que são os esforços de ontem o que garante um amanhã. Sendo assim, vou me esforçar para segurar minhas saudades do anime que só retorna em julho após a reexibição dos últimos três episódios (maldito corona, não saia de casa e se sair use máscara), porque sei que assim a recompensa pode não ser certa, mas me sentirei merecedor, como a Mutsuko é, se recebê-la.
Até a próxima!