Housekishou Richard-shi no Nazo Kantei – Jóias revelam mais do que beleza, elas contam histórias
Alguns animes que envolvem mistérios ou investigações, por vezes apresentam temas bem diferentes e incomuns para o padrão mais policial que é mais comum no gênero. Housekishou Richard-shi no Nazo Kantei é um desses exemplos de obras inesperadamente interessantes e apresenta algo muito diferente, através do mundo das jóias e pedras preciosas.
Usando de uma narrativa bem serena e diria até que elegante, a história gira em torno do cotidiano de Seigi, um universitário japonês e Richard, um joalheiro inglês que estava abrindo a sua loja na cidade do rapaz. Com o encontro não convencional de ambos, uma jornada de crescimento se inicia e lições importantes sobre a vida são aprendidas a cada “caso” que recebem.
Para além do trabalho como vendedor e especialista, Richard vai junto a Seigi, desvendando mais do que o valor físico das pedras, pois muitas delas guardam histórias tristes, sentimentos pendentes, significados que perduram por gerações e tudo isso vai moldando não só o futuro dos donos de cada peça, como o caráter do protagonista mais jovem.
O universitário é um rapaz ingênuo, talvez bom e justo demais para o seu próprio bem, não entendendo muitas coisas sobre como lidar com certos sentimentos e situações delicadas. Uma das questões mais recorrentes inclusive, é o fato de lhe faltar tato para saber quando se envolver na vida das pessoas e até onde se intrometer – porque apesar da boa intenção, a falta de experiência o prejudica.
Do outro lado, o joalheiro é um homem mais reservado, de boa aparência, inteligente e conhecedor de muitas coisas. O domínio que ele tem sobre tudo o que se refere a gemas, é simplesmente impressionante, porque é com esses conhecimentos que ele elucida problemas absurdos e coisas íntimas com uma facilidade notável.
Como opostos trabalhando juntos, a dinâmica entre os dois é muito boa e a forma como o Richard dialoga para ensinar seu funcionário e amigo é bacana. Ele percebe as deficiências do rapaz e vai ajustando aos poucos e com sabedoria cada uma delas. Por outro lado, ao mesmo tempo em que é inocente, com o vínculo que vão criando, Seigi também vai descobrindo e captando as nuances do comportamento do outro.
Acho incrível o desenvolvimento de ambos os personagens e o modo como articulam isso aos personagens secundários que vão passando por eles a cada caso. Assim como acontece com as pessoas que auxilia, o japonês também cresce e enquanto isso, seu parceiro vai revelando suas camadas, mostrando que não é perfeito, exibindo suas mazelas internas e todo o dilema que envolve o seu oculto e turbulento passado – rendendo o melhor arco de todo anime, pois assim como as gemas, ele é mais do que aparenta.
Falando um pouco sobre o papel das jóias na história, as mesmas acabam tendo uma função direcional, por servirem como um vetor que aponta o problema do dia, as vezes algo que dita uma solução e também as suas origens – sempre relacionando essa função ao comportamento e os sentimentos humanos.
Apesar de parecerem meio superficiais no conjunto – em alguns momentos específicos – , as explicações e informações trazidas sobre cada uma, são muito interessantes na composição de cada episódio. Tudo gira em torno delas e quando não gira, elas encontram um meio de ser necessárias como elemento surpresa.
Eu confesso que gostei bastante do ritmo lento da obra, toda a ambientação e as histórias individuais são bem montadas, com algumas até bem emocionantes e tocantes. Os assuntos tratados, sempre envolvendo o caráter de cada indivíduo, suas dúvidas, erros e acertos, te mantém intrigado, preso ao enredo e ainda que não haja uma ação frenética, esse conteúdo se sustenta por si só.
Os personagens em geral, incluindo os secundários, são carismáticos e bem construídos dentro das suas possibilidades, com alguns até mais memoráveis do que o esperado – lembremos do forever alone mais querido da temporada, Homura. Como já tinha dito antes, os protagonistas tem uma relação de amizade que é interessante e boa de se ver e todos esses elementos se conectam legal na hora de cativar e te ligar emocionalmente ao que está acontecendo ali.
Ainda houveram algumas insinuações de romance, tanto do lado dos rapazes, quanto com os demais, mas nada que tivesse um rumo traçado ou que tivesse uma definição positiva – no arco da Tanimoto isso tem até uma outra resolução.
Muitos devem ter torcido para que a dupla principal tivesse um algo a mais, mas pessoalmente eu acho que o fator romance é algo que não faria falta aqui, por conta de toda a amarração presente no resto da história e a química legal de parceiros entre os dois na maior parte do tempo – para mim ficou bom como estava, mas para quem gostar de shippar tudo, esse talvez seja o calcanhar de Aquiles da adaptação.
Tecnicamente eu não tenho do que reclamar, pois a série não só é agradável aos olhos, como consistente no que exibe. Nos outros setores ela é igualmente competente sendo sólida como um todo. Se gosta de slice of life, essa experiência é uma boa oportunidade, se não, fuja para as montanhas.
No geral, essa é uma obra que eu definitivamente recomendo para quem quiser ter uma experiência mais relaxante e diferenciada com o gênero, fora os conhecimentos sobre uma nova área – porque eu achei a gemologia riquíssima assistindo ao anime. Housekishou Richard-shi no Nazo Kantei faz juz ao seu tema e é uma jóia preciosa que ninguém deve deixar passar batida.
Agradeço a quem leu este artigo e até a próxima pessoal!
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