Kumo Desu ga, Nani ka? – Uma aranha de outro mundo – Primeiras impressões
Kumo Desu ga, Nani ka? (So I’m a Spider, So What?) é um anime original da Crunchyroll produzido pelo estúdio Millepensee (Berserk, Teekyuu, Cop Craft). O anime está programado para 24 episódios e é um isekai que conta a história de uma aluna que morre em um incidente misterioso e reencarna como uma aranha em um mundo de fantasia no qual outros alunos, e até uma professora, também reencarnaram. Aliás, as imagens promocionais e trailers Já entregavam a associação da heroína com essas figuras. Foi um bom primeiro episódio? Sim, mas praticamente só por causa de uma característica. É hora de lançar teia no Anime21!
As circunstâncias da reencarnação não fogem muito do que ocorre em outros animes de premissa similar, a única coisa que não gostei foi de não informarem o nome humano da heroína (não é falado em nenhum momento, né?), assim como não terem mostrado minimamente como era sua personalidade, então não dá para saber se quando humana ela era tão despojada quanto é como aranha. Ao menos na escola duvido que era, mas aquela introdução pobre, até porca na verdade, não dá margem para comparação. Não estou querendo dizer que ela era falsa quando humana ou é falsa como aranha, mas seria legal entender as nuances de sua personalidade.
Até porque o que salvou essa estreia foi a personalidade da heroína, magistralmente interpretada pela talentosíssima Aoi Yuuki (Youjo Senki, My Hero Academia, Boogiepop wa Warawanai, Healin’ Good Precure), uma seiyuu não só de voz forte e marcante, mas também desenvoltura e criatividade. A aranha a qual ela dá vida é muito divertida de acompanhar tanto quando se dá mal, como quando se dá bem. Ela passa mais verdade que a massiva maioria dos protagonistas de isekais devido as suas reações mais desenvoltas, às vezes assustada e surpresa, às vezes conformada e esperta. Tirando as idas e vindas da aranha tentando sobreviver e evoluir, o que mais o anime entregou de interessante?
Pois o CG foi meia boca, poderia ter ficado horroroso (não acho que foi para tanto), mas certamente não foi “orgânico”. Sabe o que é mais engraçado? Berserk e Cop Craft são dois animes desse estúdio que também apelam para o CG. Só vi o segundo, mas não vejo tanto demérito nesse isekai quanto a esse quesito. Contudo, não dá para negar que é preocupante, ainda mais para um anime de dois cours que deve ter cenas de ação, diria até que precisa. Ao menos os designs dos outros reencarnados realmente me agradaram. Quando foi só animação 2D achei o anime bem decente, mas como será quando a animação for mais exigida? Fica o questionamento.
Enfim, a habilidade inútil adquirida foi uma boa saída cômica que deu vasão a personalidade irreverente da heroína, o que o canibalismo também fez, mas este já se aproveitando mais do sentido de urgência da aranha. Por esse episódio cheio de adversidades e perigos deu para sacar que a tendência do anime não é investir em drama e nem acho que teria como, pois a graça desse tipo de isekai é justamente o quão inusitado é seu herói ou heroína reencarnar em um corpo de monstro não humanoide. Inclusive, o sucesso do anime do slime talvez seja o que abriu caminho para outro anime nesses moldes e mais uma vez com mais que apenas um cour.
Voltando a trama ainda nada profunda e não exatamente interessante de se comentar, a primeira luta da protagonista foi difícil, mas funcional a fim de passar uma ideia de como a heroína pode lutar e upar mesmo começando sem muitos recursos. A habilidade que ela “comprou” pode ter sido inútil, mas as características do corpo em que reencarnou a ajudaram a não só sobreviver, mas conseguir melhorar um pouquinho. Eu não duvido que logo ela descobrirá uma forma de ficar “apelona” relativamente rápido. Aliás, será incomum se ocorrer algo de diferente, é um isekai afinal, “criatividade” de verdade é algo raro.
O isekai me ganha quando um personagem me cativa ou a obra não se leva a sério. Não acredito que vai ser exatamente o segundo caso aqui, então fico com o primeiro. Na verdade vários conhecidos da protagonista são apresentados como figuras importantes daquele mundo, então eventualmente pode surgir uma justificativa para todo esse ocorrido e como se deu, o que não me parece ter muita justificativa (ao menos não uma séria) é justamente a heroína ter reencarnado como uma aranha. É aquela forçadinha para haver uma piada a ser aproveitada mesmo se ela não fizer o mínimo de sentido de acordo com aquele que parece ser o padrão de invocação.
Por fim, imagino que ter tantos reencarnados como figuras relevantes signifique que há uma trama maior por trás de tudo. Aliás, mesmo que eles tivessem reencarnado como pessoas comuns isso não significaria que não haveria um motivo, o interesse de alguém ou alguma coisa na “invasão” desses seres de outro mundo. Sendo assim, a tendência é de que a trama se desenvolva em torno da protagonista, mas também apresente uma razão de ser na qual ela está apenas inserida, não é a figura mais importante. Qualquer que seja o desenrolar, se a Aoi Yuuki tiver tempo de tela e um cardápio de situações inusitadas sobre as quais se debruçar, garanto que Kumo Desu ga deve ser um isekai no mínimo “legal” de se assistir.
Até a próxima!