Kiruru Kill Me é o mais novo mangá de Yasuhiro Kano (Kiss x Death) lançado na Shounen Jump+, a plataforma digital da Shueisha no Japão, e no Manga PLUS, em inglês e espanhol, no ocidente.

Na história acompanhamos o jovem ricaço Aoi Nemo e a assassina de aluguel Akaumi Kiruru. Aoi se apaixona a primeira vista pela moça, mas ao invés de cortejá-la contrata seus serviços para que ela tente matá-lo e assim ele consiga se aproximar de sua amada. Isso que é um amor de matar, não?

A louca paixâo do protagonista “perfeito” (rico, bonito, simpático e inteligente) é o que move a história e a torna uma deliciosa comédia (meio) romântica para lá de inusitada. Tudo bem que o protagonista relata sua total inexperiência em se relacionar ativamente com outras pessoas (e isso é razoavelmente justificável pelo berço de ouro e todos os talentos com os quais nasceu), mas partir para uma aproximação em que põe em risco a própria vida é muito coisa de prota de mangá, né?

Contratar o crush para matá-lo foi muito doido e denota o quão distorcida é a vida para o Aoi, que tem (quase) tudo que quer a disposição e quando quer algo que ainda não possui (o amor da mulher pela qual se apaixonou) não se priva de tomar o caminho mais difícil, e absurdo, a fim de obter. É uma premissa tão, mas tão ridícula que só funciona se o mangaká abraçar o absurdo com bom humor e criatividade e acho que o autor faz isso bem. Ainda não li outro mangá dele, mas até onde eu sei suas obras costumam ter essa pegada absurda mesmo.

Para coroar a proposta e dar uma palinha do que deve ser pelo menos boa parte do mangá a ideia do “primeiro encontro” ser a tentativa de assassinato da heroína para com o herói foi sensacional, pois além de divertir com o absurdo da situação deixou claro o quanto o protagonista se preparou para o evento. Em uma premissa comum as tecnologias que ele usa para não morrer soariam forçadas, mas aqui não, afinal, Aoi é um magnata com know-how suficiente produzir e usar medicina experimental.

Porque mesmo no mundo de Kiruru Kill Me o que ele faz com fibras e órgãos, até os produzindo em laboratório, não deve ser algo comum, não parece. Essa elevação nos parâmetros do que ele pode ou não fazer a fim de seguir com a dinâmica perigosa pela qual quer conquistar sua amada é o que deve sustentar o mangá por um tempo, mas só isso não será o suficiente, então a única ressalva que faço é que uma interação “real” entre eles será necessária em algum momento, ainda que entenda isso ainda não ter ocorrido nesse belo e divertidíssimo piloto.

Aliás, foi só um capítulo, mas nele já podemos ver todo o talento do autor, seja no traço ou na forma de conduzir uma trama absurda e violenta, tanto que o contraste entre a paixão platônica e a morte, ou a tentativa de matar, é uma das sacadas mais legais da obra porque mexe com duas coisas muito pungentes, muito viscerais, da natureza humana (o amor e a morte) e segue por caminhos distantes do previsível no trato para com ambas. A história de amor de Aoi e Kiruru será tudo menos comum, assim como a tentativa de assassinato da heroína.

Enfim, a jura de morte da heroína é igual a jura de amor do herói? Acho que não. Só o que eu sei é que para um a situação é toda planejada para alcançar um certo objetivo, enquanto para a outra não e é essa a diferença no nível de envolvimento dos dois e aquilo que deve criar a abertura para o riquinho maluco, pois eles vão passar a se ver regularmente, ela deve se incomodar com seus fracassos e não é possível que ele não tente trocar algumas palavras com ela ou ao menos responda quando ela o fizer.

Por fim, o que esperar de Kiruru? Algo tipo o clímax do piloto com algumas variações e, espero eu, um desenvolvimento mínimo de uma relação entre a assassina e seu alvo porque de outra maneira os esforços do protagonista não vão se justificar e só com os dois progredindo de alguma forma em meio as tentativas de assassinato que deve surgir um sentimento também do lado dela. Por vias convencionais é ruim do Aoi conquistar a Kiruru. Inclusive, o Aoi ser um alvo que ela não consegue matar deve mesmo atrair a atenção da garota, pois não vejo de que outra forma ele se conectará a ela.

Até a próxima!

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