Dia de final de campeonato brasileiro de futebol, mas é hora de falar de corrida de cavalo. Aliás, de corrida de garotas-cavalo, isso em um episódio para lá de bacana pelo foco que teve e pelos inúmeros acertos da produção.

Principalmente sobre algo nada surpreendente, e que até por isso me agradou muito, que foi o aproveitamento das coadjuvantes.

Sem mais delongas, é hora de ver uma vilã que na verdade é uma heroína no Anime21!

A verdadeira história da Rice Shower não me surpreendeu exatamente, mas também não era a minha aposta e posso dizer que gostei muito do que foi contado sobre a garota.

A Rice tem a Bourbon como uma verdadeira ídolo da corrida, mas isso, como a garota cavalo corredora que também é, não a impediu de competir, e melhor, objetivar derrotá-la, cumprindo o feito e gerando com isso uma pressão inesperada para si.

A Rice é um exemplo maravilhoso de que dá para admirar e rivalizar ao mesmo tempo e que é perfeitamente normal fazê-lo, diria até que é o devido.

Por quê? Porque qualquer outra coisa contrária a isso fere o espírito esportivo, o qual senti falta na interação de rivalidade entre a Palmer e a Helios, mas faço aqui minha retratação já que o breve trecho que remete a elas nesse episódio dá uma ideia menos “estranha” de como elas são correndo.

Voltando a Rice, ela sentiu o peso de ser uma “estraga-prazeres” e por um momento pensei em comparar as reações do púbico, que ela notava e a incomodavam, as reações de torcedores de futebol em redes sociais, mas, pensando bem, não há margem de comparação, pois há muitas diferenças.

É até por isso que a Rice se sentiu tão “atacada” pelas reações do púbico, o que seria diferente se houvesse uma base de torcedoras sólidas ao seu favor, como há em um time de futebol, por exemplo.

Se ela tivesse seus próprios fãs não pensaria que sua vitória desagradou a todos, mas esse não é bem o ponto aqui, o que pegou com ela foi a sensação de que ninguém ficou feliz com sua vitória, que ela atacou uma narrativa que estava pronta para ser alçada ao pódio.

Enquanto isso, a dela não estava, o que acontece também por causa da personalidade retraída da Shower, convenhamos…

Enfim, antes de falar mais sobre isso gostaria de pontuar alguns aspectos sobre o time Spica.

Primeiro, as tentativas de convencer a Rice a falar o que a fez desistir da Tennoushou em que iria se defrontar com a McQueen foram hilárias, me diverti bastante em um episódio com um cunho de drama bem razoável, reforçando uma qualidade da equipe de produção desse anime, que é balancear bem os gêneros.

Segundo, adorei o papel da Teiou e da McQueen nessa problemática envolvendo a Shower por tanto aproveitar a nova função de uma, quanto reforçar a competitividade da outra.

A Teiou está se realocando nessa nova realidade em que ela não é nem a protagonista dos páreos e nem alguém que realizou seus sonhos, e faz isso muito bem ao ajudar suas companheiras e com isso aprender com as vivências alheias, quer elas sejam parecidas com as dela ou não.

Sobre a McQueen, ela mostrou o quanto é orgulhosa e o quanto isso é bom para a competitividade das corridas como um todo.

Ela poderia achar bom ter uma rival forte a menos na disputa, mas não, ela quer vencer com o melhor possível contra ela, para provar que ela realmente é a melhor, não que só teve a maior nota porque alguém faltou a prova.

Ainda sobre a Teiou, foi muito bacana ver ela conversando com a Bourbon, a outra garota-cavalo que perdeu a Tríplice Coroa não muito após ela, e de uma forma ainda mais cruel, quando estava ao seu alcance.

Essa troca de experiências mostrou a Teiou que ela mesma pode e deve buscar algo que a motive mesmo após ter seus sonhos destroçados, afinal, não foi o que a Bourbon fez?

É ainda mais incrível que a Bourbon converta a dor pelo fracasso em cumprir as expectativas de seu mestre não em raiva, mas em motivação para superar a Rice, que a superou bem na hora H.

É preciso muita maturidade para ter esse tipo de mentalidade e, ainda que eu ache que a cena final se empolgou um pouco demais com toda a história da Rice não ser vilã, é inegável que a ideia de transformar frustração em motivação para seguir correndo é algo super necessário em um anime que trabalha constantemente com o insucesso.

Insucesso esse que é sim um puta artifício de roteiro para alavancar drama e desenvolver personagens, mas o detalhe é que é bem mais crível uma carreira de esportista que tenha lesões e derrotas, mesmo que as vitórias ainda sejam a maioria, né?

Sendo assim, é bem melhor o que Uma Musume faz. Inclusive, é muito por isso que o anime tem um diferencial além da bizarrice que garotas-cavalo parecia aquela altura em que descobrimos a franquia.

Em todo caso, voltando as protagonistas do episódio, Rice e Bourbon, foi legal ver que a segunda também tem seu lado fofo e a primeira é teimosa que nem uma mula (apesar de ser uma garota-cavalo), o que faz até sentindo visto o nome que tomou para si e o sonho que se esforçou para alcançar. Rice Shower é uma garota muito dedicada, mas também bem medrosa.

Não fosse seu temor de não ser reconhecida era de se esperar que seguisse afim de disputar a corrida e vencê-la. Aliás, a insistência da Teiou e da Bourbon partem justamente disso, do quanto reconhecem a força que ela tem.

E se ela acha ruim não ser preterida pelo grande público, que se imponha ao ponto de conquistá-lo, né? Não sei se ela será capaz de fazer isso pelo externo, mas internamente, na pista, ela pode muito bem se mostrar alguém assim.

Não duvido que ela vença a Teiou e que em uma disputa acirrada cative o público, se livrando desses seus temores.

Mas antes de tudo, para que se decidisse por ainda correr, ouvir opiniões diversas de rivais com certeza a ajudou a encarar a rejeição. Se ela é uma corredora como a Bourbon, que é marcada (no bom sentido) por suas rivais, não tem como não ver valor no que ela faz, né?

Quanto a forma que ela ouviu esses comentários, gostei porque não foi aleatório, as garotas que falaram da Rice tinham sido perguntadas sobre ela pouco antes e como a Rice estava por perto ouviu. Ela acabou sendo encurralada em todos os aspectos, tanto que acabou cedendo no final.

Se por um lado ainda acho estranho uma rival falar que a Rice é uma heroína, por outro entendo o que a Bourbon quis dizer muito bem porque no fim toda vencedora é mesmo uma heroína, quer ela inspire suas rivais ou não.

Ao mesmo tempo em que também faz sentido vê-la um pouco como vilã, ao menos para quem torcia por quem ela derrotou, só que não deve ser essa a narrativa dominante, até porque ela não compactua com a verdade.

A partir do momento em que em uma competição alguém se sobressai por meios legítimos não tem como vilanizar essa vitória.

E era isso que a Rice precisava entender mesmo que fosse na base da bronca. A tradução da CR foi perfeita porque a gente pode até encarar os temores da Rice como algo que faz sentido que não são fúteis, mas também pode encarar como uma fuga, uma que não combina com quem já fez tanto.

Fazer o discurso motivacional suceder a pura e simples bronca foi bem legal e definitivamente mostrou que Uma Musume consegue ter o equilíbrio ideal nesse tipo de situação até recorrente em sua narrativa, mas dessa vez não proporcionada pela derrota e sim pela possível vitória.

Ademais, foi lindo o encerramento especial para a Rice, coroou outro episódio excelente no qual foi dada vazão ao que tanto vinha comentando nos artigos anteriores, o tempo de tela dado as coadjuvantes.

Por mais que a protagonista Teiou possa e ainda deva definir outro objetivo para si, é inegável que essa temporada já dava pinta de que podia dar vazão as coadjuvantes como está dando e esse episódio foi o ápice disso até aqui, mas também não foi algo paralelo, afinal, a Rice galgou parâmetros quando derrotou a Bourbon, não à toa foi a estrela de um belo episódio.

Até a próxima!

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