Uma das estreias mais esperadas por mim, Kiyo in Kyoto: From the Maiko House – ou Maiko-san Chi no Makanai-san – não me decepcionou e apresentou aqui um episódio caracterizado pela singeleza educativa de sua proposta e uma amizade entre duas garotas que é capaz de amolecer até o coração mais duro. Quem quer saber mais sobre o mundo das maikos através delas?

Confesso que eu tinha boas expectativas para o que esse anime me apresentaria, porque esse é o tipo de história que me encanta, com todas as suas explicações sobre um universo desconhecido, o cenário bucólico, as personagens agradáveis, enfim, muita coisa parecia boa – e não houve animação em CG que me fizesse imaginar o contrário.

Kiyo e Sumire são duas amigas que moram no distrito de Kagai, em Kyoto, local próprio para a formação das maikos. Antes que eu explique mais sobre as meninas, vou situar todos a cerca do que são essas mulheres.

As geishas em si são grandes artistas que detém um alto refinamento e conhecimento cultural, dominando os mais variados tipos de arte, como dança, música, canto, decoração e por aí continua a extensa lista. Durante muito tempo, essas mulheres eram as responsáveis pelo entrenimento exclusivo da nobreza e alta classe no Japão, o que justifica a necessidade de se ter a alta capacidade que tinham.

Por vezes essas são associadas a prostituição por conta das chamadas yujo, ou as oiran, que são mulheres com visuais parecidos, porém com características muito semelhantes a das cortesãs do nosso ocidente e voltadas para essa antiga profissão.

Para quem não conhece muito é fácil confundir uma maiko com uma geisha e achar que tudo é igual, usando nomes diferentes, pois bem, não é bem assim que a banda toca. As maikos são como uma espécie de geisha em treinamento, portanto elas não tem as mesmas atribuições e residem em locais diferentes para a realização desse processo de formação artística.

Dentro desse universo tão rico, as duas protagonistas são jovens na casa dos 16 anos que vivem em uma casa de maikos, trabalhando em prol dos seus sonhos. O que eu acho interessantíssimo nessa dupla é que, Sumire tem um talento nato para as artes, almejando de fato ser uma grande geisha, enquanto Kiyo mesmo estando próxima a ela, não goza das mesmas qualidades e consequentemente trilha outros rumos.

O que me surpreendeu é que em momento algum, as diferenças entre as duas as atrapalham, cria atritos, inveja ou qualquer tipo de sentimento diferente que provenha do que uma tem ou não. A amizade entre ambas é muito pura e saudável, visto que elas se incentivam a crescer, bem como se dedicam incondicionalmente a apoiarem o esforço da outra.

Kiyo é uma excelente cozinheira e como tal, aprecia que todas as maikos gostem de suas produções, em especial a amiga. É muito bonito ver como a menina desenvolveu suas habilidades em cima das próprias necessidades e também as da amiga. A personagem me agradou muito porque a sua natureza bonodosa e naturalmente positiva, são um charme dentro daquele cenário de fofura que as cerca.

Tenho uma curiosidade acerca da origem das duas, mas deixarei que o anime me responda isso. Logo no começo a menina comenta que uma situação urgente a colocou onde está, mas não citou muito. Teorizando longe, tive a nítida impressão de que a menina é órfã e talvez sua amiga também, dado que elas se conhecem a muito tempo, além da forma como chegaram até a sua nova “mãe”.

A Sumire é outra personagem ótima por ser muito simpática, mas principalmente pela sua força e foco no objetivo traçado. Mesmo com o talento, ela não descansa e segue praticando o que precisa. Acredito que mais para frente se desenvolva algo em torno da sua dedicação excessiva, até porque o anime deixou subentendido que ela se prejudica sem perceber, porém tem a sorte de contar com a Kiyo para sustentá-la, quando na verdade ela precisa encontrar o seu ponto de equilíbrio.

No geral a dinâmica do episódio em si é bem agradável, se dividindo entre os três momentos dedicado a história central e pequenas esquetes em que as meninas destrincham as peripécias culinárias da Kiyo, comentando a origem dos pratos e curiosidades sobre cada um. Nesse “entremeio” várias informações sobre esse universo das maikos também são dilúidas, sem que o enredo acabe didático demais para se aproveitar.

Algo que me chamou muita atenção enquanto assistia, era a riqueza dos cenários e a fidelidade ao que estavam retratando ali. A animação de modo geral ficou boa para a proposta, me surpreendi com a arte, a qualidade do CG, a transição orgânica entre ele e o 2D, mas a ambientação local é simplesmente linda, palmas para quem se encarregou dela – bom trabalho J.C. Staff, continuem assim.

Bom, só posso dizer que achei uma estreia animadora no gênero slice, e para quem curte personagens simpáticos, história aconchegante e cheia de cultura, em uma obra educativa como Yuru Camp, delicada como Hakumei to Mikochi e com toques culinários como Isekai Izakaya, essa é uma candidata forte.

Agradeço a quem leu e até a próxima!

 

 

Comentários