Esse provavelmente foi o episódio mais carregado de conteúdo até o momento, com a real apresentação do Liu, o retorno de Yuri e da Shirako, além da introdução de novos personagens e organizações que podem cumprir um grande papel na história. E todos esses elementos, ao lado do trabalho feito com o Joe, reforçam um dos principais temas de Megalo Box: o legado.

O impacto social sempre foi um ponto importante em Megalo. A história de Junk Dog só começou depois que conheceu o campeão mundial e se encantou com sua força, foi esse encanto que aflorou a repulsa do protagonista pela divisão econômica em seu país, o que culminou em sua entrada no mundo profissional e a adoção do nome Joe.

Nessa temporada já vimos como a lenda de Joe afetou seus amigos e pessoas estranhas a ele, e agora vimos como sua queda afetou alguém no meio termo entre essas categorias.

 

 

Liu não me parecia um personagem interessante até então, mas em cerca de 15 minutos desse episódio o anime conseguiu criar um arco interessante e tematicamente relevante para ele.

Incapaz de enfrentar Joe em seu auge Liu ainda é visto por todos como uma mera sombra de Yuri, por isso almeja um real combate com o protagonista, e por coincidência, Joe precisava de alguém para reacender seu espirito de luta.

Com o melhor sakuga que Megalo 2 nos presenteou até o momento, Joe tem mais um aspecto de sua queda explorado e Liu ganha o que mais desejava, tudo isso com uma coreografia de cair o queixo e uma animação que manteve o detalhado design dos personagens ao lado de uma impressionante fluidez.

 

 

Além de todo o arco do Liu, esse episódio também fez um bom trabalho ao introduzir o Mac. Esse personagem foi uma adição muito boa. Sua história foi bem estereotipada em uma tentativa clara de torná-lo um perfeito herói do povo.

Ao contrário de Joe, Mac ainda está em ascensão e seu passado é muito mais nobre e com um arco de progressão de boxeador agressivo a homem respeitável bem mais admirável que o do nosso protagonista.

E com sua reação ao ver Joe no jornal e na plateia, juntamente de seu tom de pele mais escuro, somos levados a pensar que de alguma maneira sua vida foi impactada pelos eventos da primeira temporada.

Da maneira que Mac é escrito, junto do foco dado a Liu, a futura luta desses dois acaba sendo um evento bem agridoce, pois teremos dois personagens carismáticos prontos para destruírem o histórico de vitórias do outro. Particularmente espero que Mac vença, pois dessa maneira poderemos ter mais um confronto que coloque Joe e Shirako em conflito.

 

 

Falando nos aspectos menos desenvolvidos desse episódio, eu curti bastante a Shirako estar conectada a uma fundação que usa os gears para fins medicinais, pois o fim de seu arco na primeira temporada era justamente se virar para os empresários que almejavam militarizar os gears.

Tudo por influência da escolha de Yuri em enfrentar Joe como um homem e não como uma máquina, assim escolhendo a humanidade ao invés do corporativismo desalmado que Shirako representava.

Dessa maneira Shirako, assim como a fundação Rosco, se tornou uma força bem mais benevolente do que era anteriormente, algo que já havia sido mencionado com a informação de que a moça havia ajudado as crianças mais novas que seguiam Joe, dando abrigo a elas em orfanatos logo depois do furacão.

 

 

O tom mais leve e otimista fez muito bem a estrutura desse episódio, com a primeira luta que conseguimos apreciar não só por sua importância temática, mas também pela ação em si e pelo retorno muito oportuno da música tema da primeira temporada, que não funcionaria em qualquer outro momento desta.

Contudo, os atos das crianças para com o Joe me é esquisita, antes eles haviam demonstrado sentimentos confusos com o retorno do protagonista, mas aqui eles bolam um plano para que ele leve uma surra.

Isso é algo que seria bem mais palatável na primeira temporada em que eles eram uns pestinhas que levavam a história com um grau maior de ironia e leveza que os demais personagens, aqui eles só destoam tanto de si mesmos quanto do clima da temporada até agora. Um erro bem estranho, mas no geral perdoável em um excelente episódio.

 

 

Curiosidades:

As ações do Santa como jornalista investigativo podem ser uma referência não apenas aos paparazzis de Ashita no Joe, como também a um personagem exclusivo da segunda temporada do anime chamado Kiyoshi Suga, que também tinha uma relação bem amistosa com o Joe original, assim como a que Santa tem com o Joe atual.

A luta entre Joe e Liu foi uma clara referência ao primeiro confronto entre Joe Yabuki e Carlos Rivera. Alguns detalhes que confirmam isso são: ambos os combates serem um sparring, ambos acontecerem depois do pior momento na carreira dos protagonistas, ambos terem como função demonstrar que os Joes estavam prontos para retornar ao ringue, ambas começarem com Joe em desvantagem, quadro que é revertido com um counter, e além disso, ambas não possuem conclusão já que foram interrompidas por terceiros.

Esse episódio foi terceirizado para o estúdio Nut, responsável pelos animes Deca-Dence e Youjo Senki.

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