O Fushi é a chave para preservar o mundo, mas como exatamente isso ocorrerá? É algo que só sua jornada poderá responder, e em mais um estágio dela ele conhece Gugu, seu irmão “monstro” que após algumas circunstâncias acaba em uma posição “peculiar”, podendo com ela andar lado a lado de Fushi mais facilmente. Mas a que preço? Gugu deve mudar porque está errado, ou é o “mundo” que tem errado com ele?

A história triste de Gugu vem para nos lembrar algo que esse anime nunca nos deixa esquecer, que se trata de uma série dramática, mesmo com suas ceninhas de comédia e momentos mais amenos. Quando vi os irmãos trabalhando e juntando grana em meio a uma pindaíba danada não foi de surpreender a forma como se separaram, ou melhor, que o irmão mais velho agiu como um “adulto” e se aproveitou do mais novo.

A história de que ele foi atrás de um futuro melhor para os dois a gente já conhece, então vamos aos fatos, esse baque que o garoto levou foi justamente o que o deixou atordoado e o levou a se envolver com o acidente da tora de madeira. Episódio no qual o entorno que cercava sua amada, a superficial Rean, escancarou o abismo entre alguém que tem boa aparência e dinheiro e alguém “insignificante”, marginalizado.

Aliás, a bondade desmedida com a qual ela respondeu a ajuda dele já era um sinal de que ela tinha tanto e para ela não fazia diferença dar uma joia, é não só isso, as palavras que ela disse tiveram um peso, não pareceram maldosas, mas certamente inconsequentes porque desdenharam da dignidade do garoto. Uma criança trabalhar vendendo frutas para sobreviver não é o melhor cenário, mas é um cenário digno sim, por que não?

Tratar com certo desdém, ainda que com boa intenção, foi um sinal do quão superficial essa garota é, e do quão errado não é o Gugu, mas o mundo, ou melhor, as pessoas com as quais ele cruza e se aproveitam de sua boa vontade, ainda que sem se dar conta porque foi justamente isso que o irmão faz ao deixar o caçula com uma mão na frente e outra atrás e a garota também fez ao sequer reconhecer seu salvador.

Na verdade, a cena dela pagando de surda enquanto o garoto gritava foi bizarra por si só, ou foi uma forçada de barra ou foi mais um sinal da desconexão da garota com a realidade. Se for o segundo caso não me surpreenderei até pelas ações daqueles no entorno dela, que se preocuparam com a filha do nobre, mas sequer olharam ao redor para ver que um garoto pobre precisava de ajuda após tê-la salvado.

 

 

Com isso Gugu acaba sendo transformado em monstro sem optar por isso, mas era isso ou morrer e eu acho que no final ele se sente mais grato ao véio da pinga que qualquer outra coisa, o que também se deve a personalidade desse garoto, que, repito, não está errado, não é ele quem precisa mudar, ou melhor, ele não precisa mudar onde e pelos motivos que imagina. Ele tem valor mesmo sem ser lindo ou esperto.

O problema será ele entender isso, além de que, mesmo que entenda, pode ser tarde demais. Acho que a gente já entendeu um pouco como To Your Eernity funciona, né? Em todo caso, mesmo que a tendência seja ele pagar um preço pela sua bondade, não pela falta de alguma coisa que o dê valor, quanto isso ele já tem, não dá para negar que alinhar a história do simpático Gugu a do Fushi foi mais uma excelente sacada.

Com a chegada do “verdadeiro monstro” Gugu acaba encontrando um amigo, e alguém que pode tratar como um irmão caçula, tentando projetar em sua relação com o Fushi o que gostava no irmão ou ao menos como o via. Além disso, há o contraste entre os dois, pois enquanto um esconde o rosto devido a uma deformação e por isso se considera um monstro, o outro tem bela aparência apesar de ser um ser imortal.

Isso acaba mexendo mais com o complexo do Gugu, coisa que a gente vê muito claramente na cena em que a Rean entra na loja e pede por seus serviços, mas não demonstra interesse nele e sim no Fushi, que ela não conhece nenhum pouquinho como conhecia ele. Rean se guiou pela aparência, não pelo conteúdo. O pior é que ela sequer entendeu o que aconteceu em seu acidente e/ou reconheceu que foi ele quem a ajudou.

A cena teve toda uma roupagem cômica que eu curti, mas foi extremamente desconfortável se pensarmos na maneira como a Rean agiu e como isso impactou o Gugu. Ela confirmou, até piorou, as minhas suspeitas, e ele também, afinal, seguiu achando que o problema era com ele quando na verdade é mais das pessoas que o cercam. Ela não era obrigada a morrer de amores por ele por tê-la salvado, mas nem reconhecer? Sério?

Talvez o problema esteja na confusão da hora do acidente, mas duvido muito isso justificar tudo, afinal, se não entendi errado os olhares dos dois se cruzam, então ela deve saber quem a ajudou, talvez até tenha ido atrás para agradecer, mas se passaram apenas três meses e ela não se lembra da voz ou do jeito dele, mas foi capaz de dar um anel caro para ele em retribuição a um pequeno ato de gentileza. Não é absurdo?

 

 

Percebe como escrevendo não faz muito sentido? Denota que ela não dá tanta importância, e que o Gugu vai ter seu coração quebrado por isso. Mas, honestamente, a longo prazo esse não é um cenário ruim para ele, a questão é, essa garota que ele gosta será uma ameaça? Consigo ver ela, diretamente ou não, como sendo a responsável pela dissolução dessa família bastante pitoresca que se formou entre os velhos e monstros.

A prévia dá a entender isso, que a partir de algo peculiar no corpo do Gugu a coisa pode perder o trilho e desgraçar a vida dele, no que deixaria um puta gosto ruim na boca do público de novo, mas, convenhamos, vai ser difícil o Fushi se envolver com pessoas “comuns” em sua jornada, então toda a construção do drama acabar em tragédia até faz sentido, só espero que esse direcionamento não se mantenha em todos os arcos.

Sendo assim, digo que mal posso esperar pelo próximo episódio, pois adorei o Gugu e, apesar de querer o melhor para ele, sei que ele ainda vai precisar sofrer um pouco para que chegue a ter mais ou menos a compreensão da ideia que destaco no título. Gugu não está errado pelos motivos que imagina, mas sim o mundo ao seu redor, que muito dificilmente dá o devido valor a pessoas incrivelmente gentis como ele.

Por fim, falando um pouquinho do Fushi agora, adorei ver ele aprender novas palavras, sentidos e expressões e exercitar tudo isso com seu novo companheiro. Se antes tinha uma mãe e conheceu seu pai, agora ele está diante de um irmão mais velho (talvez a Parona seja a sua irmã mais velha?) que com sua própria história triste deve provocar novos estímulos nessa esponjinha cada vez mais consciente que é nosso protagonista.

Até a próxima!

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