E finalmente depois de meses separadas por um muro quase intransponível chamado Kyle, as protagonistas conseguem se juntar para assim iniciar uma nova amizade, porém essa libertação e união também traz novas responsabilidades a elas, especialmente para a Sei. Como a santa lidará com tamanha pressão – essa que ainda está sendo aliviada por seus amigos – em sua jornada?

Toda ação tem uma consequência e esse episódio é bem revelador nesse sentido, por apontar os rumos que as coisas terão a partir daquilo que cada um fez. Por exemplo, agora que usou seus poderes santos em um nível além – mesmo que uma vez só e involuntariamente -, a Sei não pode mais evitar o peso de seu papel, ou mesmo se esconder dos olhos das pessoas ao redor.

De igual forma, em algum momento o Kyle precisaria ser contido, para que suas ações parassem de causar mal estar ao reino e a Aira – muito embora sua intenção caminhe para outro lado.

Voltando um pouco ao argumento do episódio 7, algo que é visível na adaptação, é o esforço do anime em pintar o príncipe como alguém super legal e incrível, quando na verdade não é bem por aí.

De fato Kyle tem suas qualidades e como dissemos antes, isso é louvável e constrói a possibilidade para que ele se torne um grande rei, contudo isso não limpa a barra dele completamente. Independente de ele ser jovem e naturalmente estar propenso a própria imaturidade, lembremos mais uma vez que os problemas que surgiram para a Aira e para ele mesmo, são consequências do que ele fez desde sempre.

A arrogância, tolice e orgulho do personagem nunca o permitiram agir como ele deveria agir, do contrário muita coisa seria diferente, não seria necessário “piorar” as coisas para consertar os próprios erros. Felizmente ele é honesto e no fundo tem um coração nobre, o suficiente para entender tudo e procurar reparar isso para quem de fato merecia.

Outro ponto que bem interessante sobre o príncipe é que assim como o ministro diz, sua honestidade é semelhante a do pai e embora o Rei talvez não tivesse os mesmos defeitos, saber que ambos partilham das mesmas virtudes nos alegra, pois abre ainda mais a margem para que ele amadureça, evolua como ser humano e futuro monarca.

A discussão entre ele a Liz deu fim a separação que o mesmo impôs, de um modo que nos agradou, porque além de resolver o principal problema corrente, deu a nobre moça a chance de brilhar como ela merece ao defender sua amiga e a coitada que estava “cativa” com o seu noivo.

Foi gratificante ver uma noiva em fúria, defendendo aquilo em que acredita e uma amiga querida, sem ligar para o restante, porque isso mostra como ela é alguém forte. Ao descobrir o plano do Kyle, o fato dele também confiar nela para seguir cuidando da Aira – mesmo que não expresse isso abertamente -, mostra que a moça tem algum valor para ele, o que ela aparentou querer corresponder se tivesse a oportunidade.

Bom, ao fim de tudo temos uma Sei interagindo com a Aira, graças a ajuda da Liz que costura a ponte entre as duas desconcertadas moças. A sabedoria, bondade e articulação da personagem, a tornam essencial no núcleo feminino, justamente porque é ela quem vai a luta pelas demais, apoia e as une – ainda mais agora que as coisas mudaram nos dois lados.

A Aira tem as suas inseguranças para lidar, especialmente depois de ver a Sei ser reverenciada pelos demais, o que destaca o fato de ela ainda não ter encontrado o seu caminho. A Sei do mesmo modo se sente levemente desconfortável, por também ter a estranheza de como desenvolver um diálogo simples com outra mulher – já que nunca se comunicou muito -, principalmente uma mais jovem.

Ainda sobre as duas, nos chamou atenção um detalhe que foi inserido no episódio quanto a posição pública em relação a elas. Eu já havia comentado com o Flávio que em mim imperava uma preocupação sobre as cobranças que começariam a surgir conforme a Sei e a Aira se tornassem necessárias como santas invocadas – com destaque para a primeira.

Assim como em alguns outros trechos, no diálogo do Rei pudemos perceber que as ações dos amigos delas, visam proteger ambas da opinião negativa dos nobres, que elogiam e destroem com a mesma facilidade. Ao realizarem – ou não – novos feitos, as duas ficam expostas as exigências que vem de toda a parte e se não atendem a essas demandas, o peso vem.

Isso já começa a ficar mais claro para elas, porque agora a Sei virou um alvo, ainda que de forma muito sútil pelo menos por enquanto. Obviamente que ela querer viajar com o Albert e sua tropa é mais por uma intenção pessoal do que por obrigação, mas o Johann também deixou dito que o palácio já tinha cogitado lhe convocar, ou seja, provavelmente ela iria por um meio ou por outro.

Não sei quando que esse fardo vai começar a pesar para as protagonistas, porém não é justo que elas sejam obrigadas a nada, sendo aqui o momento em que entendemos o porque do pedido do Kyle sobre preservar a liberdade da Aira, os esforços da Liz e a tentativa da dupla Albert/Johann de manter a Sei fora de certas jogadas. É bom saber que elas tem pessoas em quem podem depositar sua confiança, por conta do que são e sem depender do título de “santas”.

Gostaríamos de ter visto um pouquinho mais do desenrolar desse novo grupo feminino, mas estamos satisfeitos com os rumos tomados pelas duas nesse primeiro instante decisivo. Agora, só nos resta torcer pelo melhor, enquanto a santa e o capitão iniciam uma nova expedição rumo ao desconhecido domínio Klausner, que parece bem encrencado.

Agradecemos a quem leu e até a próxima!

Comentários