A vingança do Gugu me fez dar boas risadas e eu aproveitei porque já sabia que o episódio seria mais dramático, ainda que a coisa só tenha ficado alarmante mesmo mais para o final. Quais as chances de um final trágico para essa família em formação? Altas. Ainda assim, isso não quer dizer que não valha a pena se machucar por causa desses personagens, ainda mais após conhecê-los melhor como estamos fazendo. Vamos lá?

Antes de focar no Gugu, achei interessante a explicação sobre a capacidade de replicação do Fushi, mas destaco o questionamento do Gugu sobre estímulos, se ele responde só aos físicos ou os emocionais teriam a capacidade de mexer com ele também. Acho que logo teremos a resposta, afinal, não deve ter sido à toa que o Gugu abriu o coração e pediu ao Fushi para se metamorfosear nele, para ser lembrado por alguém.

Gugu é solitário e não gosta dessa solidão, mas o que ele pode fazer se as pessoas que o cercam o abandonam, o ferem? Ele se encontra em um ciclo de perdas e decepções que pode ser quebrado graças a ajuda da Rean e do Fushi, mas o quanto isso vai durar? Não acho que muito. O fato é, a metamorfose também pode ser encarada como um ato de gentileza, de homenagem a alguém que partiu e sempre poderá ser lembrado.

Por um momento até achei que o Gugu havia morrido após encher a pança. Felizmente, não se tratava de nada disso, ele estava é descansando antes de um furação atingir sua barraca. Primeiro veio o cachorrinho Meer, depois sua dona, Rean, a garota que de começo me pareceu apenas uma figura fútil e desinteressante, mas foi melhorando com o tempo e nesse episódio posso garantir que conquistou de vez meu coração.

Achei incrível como a reação do Gugu com a chegada da Rean foi tão real, pois não dá para esperar menos de alguém apaixonado, mesmo após ele ter virado a cidade sem máscara exibindo suas cicatrizes. Para a Rean ele quer passar a melhor impressão possível e manteve esse desejo pelo menos visualmente, mas o roteiro foi tão sapeca que estava na cara que isso não se manteria, pelo menos não no que se refere a personalidade.

 

 

Mas antes de falar do atrito entre os dois, não tenho como não defender a Rean, pois apesar de ter achado sua história de vida aparentemente menos grave do que ela fez parecer em um primeiro momento, a verdade é que, pensando bem, deve ser muito sofrido viver uma vida de bonequinha de luxo como ela vive, tendo desconsiderados os seus reais desejos e ceifada a sua liberdade sem chance de discussão.

Não à toa, como previ em outro artigo, ela fugiu. Tudo bem que a cicatriz dela é piada comparada a como aparentemente ficou o rosto do Gugu, mas sua história de vida não é desprezível de forma alguma, até porque ela faz um contraponto com a do Gugu. É como se cada um estivesse em dois extremos. Um rico, um pobre. Um bonito, um feio. Um sem liberdade, outro sem apego. Ambos infelizes com suas próprias mazelas.

Foi até por isso que brigaram, por suas histórias de vida distintas, as quais ainda assim não impedem que se entendam, tanto que acabaram entrando em bons termos após muito discutirem. E como escrevi em meu artigo anterior, não importa se ela foi atrás dele pensando no que ele faz de bom para todos, é óbvio que você só quer por perto pessoas que fazem algo de bom para você, que impulsiona você a ir atrás delas.

Quando alguém faz algo de bom nasce uma dívida de gratidão com a pessoa, esse sentimento provoca uma sensação de responsabilidade e com a convivência esses laços podem se fortalecer e se tornar mais deliberados, até desinteressados. Gugu e Rean ainda estão engatinhando nisso, mas com o garoto tendo a salvado de seu raptor não estranharia se esse processo fosse acelerado, se ele puder acontecer direito, claro…

Pois ficou clara a ameaça ao Fushi e aos outros, apesar de ser coisa do seu criador, então nada de drástico deve acontecer. O que me amedronta mais é uma caçada mais intensa a Rean e mesmo aos “monstros”. Eles apareceram tocando o terror na cidade, se expondo, e apesar da casa do velho ser bem escondida, alguma hora alguém vai aparecer para acabar com a família estranha, mas até afável, que está se formando entre eles.

 

 

Eu só me questiono se essa opção narrativa de recorrer as “intervenções” do criador para testar o Fushi é mesmo uma boa ideia, pois parece uma maneira não natural de avaliar o desenvolvimento do personagem, algo que ocorreu super bem no arco da March sem a necessidade desse tipo de artifício. Talvez já bastasse a intromissão humana no home sweet home deles, que com sorte acaba só com cada um indo para um lado.

Foi só aí que o episódio pecou para mim, nesse finalzinho meio deslocado, um verdadeiro acúmulo de desgraças quando esses personagens já têm mazelas e problemas suficientes com os quais lidar. Fushi quer virar um adulto, Gugu não quer ficar sozinho, Rean quer fugir de seu cárcere e viver uma vida real, já os velhos envelhecer sem maiores problemas. Quase nada deve dar certo, mas torcerei por todos eles até o final.

Até a próxima!

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