Kobayashi-san Chi no Maid Dragon S é a segunda temporada do maior sucesso da carreira de Cool-kou Shinja, autor que emplaca três animes só nessa temporada de verão, sendo um deles Peach Boy Riverside (cujo segundo episódio até já saiu) e Heion Sedai no Idaten-tachi (que vai estrear alguns dias após a data em que sai este artigo).

E o que podemos falar dessa segunda temporada? Que o estúdio Kyoto Animation (Koe no Katachi, Violet Evergarden, Hibike! Euphonium) fez jus ao legado do diretor Yasuhiro Takemoto, falecido no incêndio que atingiu um prédio do estúdio em 2019. Além disso, a aparição de uma nova dragão traz contornos interessantes a trama, os quais devem dar vazão não só a sua comedia característica, mas também ao drama.

Sem mais delongas, vamos falar de um dos melhores slice of life de comédia da última década?

Que a Tohru é a melhor empregada do mundo acho que nem tem discussão, mas trabalhar em um maid café com certeza seria uma experiência “peculiar” para ela e foi justamente o que vimos na parte mais descontraída desse episódio. Legal que a Kobayashi, que é uma otaku de empregadas (não de “maids”) respeita o ofício e até traz uma experiência pessoal para dar o contraponto as loucuras da amiga.

Esse contraste entre as personalidades e mesmo entre as experiências de vida das duas muito me diverte porque gera situações meio doidas resolvidas de formas mais doidas ainda. E não só isso, o complemento ofertado pela trilha sonora, a animação e as quebras de tempo cadenciam muito bem o ritmo da narrativa. Maid Dragon é um anime fofo sem ser irritante, pelo contrário, acho muito gostosinho de assistir.

E essa segunda temporada segue na mesma pegada da primeira, muito porque o estúdio sabe que precisa dar uma caprichada na animação mesmo nas cenas de comédia pura (como no trecho da ida da Kobayashi ao café das maids), mas também porque o roteiro sabe falar ao menos um pouco sério de vez em quando, como fez muito bem na parte seguinte, e até alternar ambos os elementos, como acontece no terço final.

Mas para concluir meus comentários sobre esse trecho inicial, preciso elogiar a escrita da Tohru porque a falta de noção dela realmente dá o tom do anime ao prover um contraste entre tudo que de impressionante uma maid dragão consegue fazer e tudo que sua falta de leitura das situações em que se encontra propicia. É a Tohru quem abastece os elementos cômicos da obra para a Kobayashi aparar as arestas.

Quanto a Kanna, ela expande o universo das duas, mas, infelizmente, pouco apareceu nessa estreia. Menos mal que foi por um bom motivo, pois a nova dragão, prometida há muito para os fãs, já chegou chegando, destruindo montanha e comprando briga com a heroína. Ela é peituda (peituda até demais, mas depois da Lucoa só dava para dobrar a aposta mesmo), baixinha (o que a torna mais fofa) e violenta (mas nem tanto).

Digo, a Ilulu até ataca a cidade diretamente, mas ela parecia mais querer testar a determinação da Kobayashi em protegê-la, e fica mais fácil apostar nisso com a construção da personagem ao longo do episódio. Por ora, não podemos contar com mais do que pistas, mas suas memórias de um garoto e uma garota com uma boneca de pano (na qual se baseia a forma humana dela) e depois um fogo intenso dão a entender algo.

Além disso, e ainda mais importante, teve a conversa da garota dragão com a Kobayashi. Mas antes de falar melhor disso, preciso voltar a elogiar a animação dessa estreia, que foi até boa pela coreografia de ação, mas arrasou mesmo foi pelo uso artístico das cores nas magias e o cuidado com os detalhes, principalmente no que se refere a heroína, em algumas cenas, transitando suavemente da comédia para o drama.

Drama esse que reacendeu velhos temores na Tohru, os quais podem parecer uma quimera quando o anime não está falando sério (e isso é a maior parte do tempo), mas se tornam palpáveis quando surge alguma oposição a vida diária construída pelas heroínas. A Ilulu é bem isso, e mesmo que seu discurso seja construído em cima de frases feitas, algo bem exposto pela Kobayashi mais tarde, é inegável seu impacto.

Pois o problema não é só o perigo que vem de fora, mas também o que vem de dentro. A Tohru sente esse risco ao se imaginar, mesmo que só por um instante, abrindo mão da cidade pela segurança de sua pessoa mais querida, no que pode ter sido apenas uma breve cena do episódio, mas que dá a dimensão de como a relação tranquila e amável das protagonistas pode sofrer revezes (se o autor assim desejar, claro).

Como o anime é prioritariamente um slice of life de comédia, eu imagino que problemas surgirão, mas duvido que desembocarão em tragédia. Outro detalhe muito bacana que surgiu em meio a luta foi o que a Elma contou sobre as facções do mundo dos dragões e, claro, o suborno que a Kobayashi ofereceu a colega. Esse lance de dragões não poderem se misturar com humanos é realmente coisa de dragãozinho limitado, hein.

Algo que a Ilulu nem é exatamente, pois, reforço, ela apenas repete um discurso que não é dela, mas que ela adotou após uma experiência traumática que viveu. E suas tentativas de persuasão para cima da Kobayashi vêm para comprovar essa ideia, de que os humanos não são confiáveis, que um dragão só se machucaria ao se envolver com eles. Como ela se machucou, mas, creio eu, devido a um mal-entendido.

Não à toa ela se dá a oportunidade de interagir com a Kobayashi a fim de descobrir o que de tão bom a Tohru vê nela, como se inconscientemente quisesse ser “conquistada” de novo. Essa construção de personagem pode ser simples, mas difere do que ocorreu com os outros dragões dessa história, então consigo ver a Ilulu como uma adição positiva a trama, e que deve equilibrar mais a comédia com o drama.

Inclusive, adorei a conversa dela com a Kobayashi no trem pela forma desligada como a heroína trata qualquer dragão que se aproxima dela, mas, claro, principalmente por seu conteúdo. A Kobayashi tenta abrir os olhos da Ilulu para os furos na opinião que a garota reproduz com bastante tranquilidade e confiança, o tipo de coisa que a Kobayashi, do alto de sua personalidade madura e tranquila, é capaz de fazer.

Diferente dela, a Ilulu não é lá muito madura e se eu não entendi errado ela deu um p**** a nossa heroína? A reação da Kobayashi no box do banheiro e o título do próximo episódio só reforçaram a impressão que ficou, o que cai na galhofa, mas não surpreende dado ao que é o anime, ainda mais pela associação fácil que a Ilulu fez entre a Kobayashi e a figura masculina; erro justificável, convenhamos.

Ainda assim, duvido muito que o relacionamento da Kobayashi com a Tohru evolua para algo mais “romântico”. Não que eu queira forçar isso as personagens, nem que eu ache necessário para o progresso ou a melhoria da trama, mas a gente sabe que a Tohru não se importa com algo assim, ela gosta é da pessoa. Esse “presentinho” não deve durar muito também, mas confesso estar curioso para ver a zoeira que vai render.

Por fim, me compadeço com o Fafnir pelo banimento dele. Não que eu seja muito banido em jogos, mas já fui impedido de logar em redes sociais e sei o quanto é chato. Quem nunca quis destruir o mundo por uma pequena coisa (se a conta não tiver sido resetada), não é mesmo? Felizmente, animes como Kobayashi-san Chi no Maid Dragon S nos fazem mudar de ideia rapidinho.

Até a próxima!

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