Million Lives não será lembrado por sua animação, certamente não, mas a cena inicial desse episódio (antes da abertura) foi um pouco mais sofrível que a média do anime. Pelo menos o roteiro seguiu nessa toada e logo de cara trabalhou com algo pesado, mas realmente interessante já que a proposta é claramente “colorir” o protagonista da trama, o Yotsuya, um cara que pode ser um pouco duro às vezes, mas…

Sabe o que é pior? O Yotsuya não estava errado, mas também não estava certo porque ele não pode esperar que os seus companheiros de aventura façam o mesmo que ele, que se esconde por baixo da capa de assassino, quase um herói trágico a fim de justificar seu distanciamento emocional das situações, o que em certa medida me parece denotar mais imaturidade emocional que o contrário, convenhamos.

E mesmo assim ele também não estava errado, afinal, a Kusue poderia ter ferrado com todos ali com sua hesitação. Qualquer um pode pôr tudo a perder e é justamente para evitar isso que o Yotsuya toma a dianteira e procura liderar a party, uma liderança que se moldou as necessidades e a cada arco se prova cada vez mais necessária. A questão é, como ele se comunica é o melhor? Não seria bom demonstrar fragilidade também?

Vamos ver se até o fim da temporada ele “quebra” e muda a forma como se relaciona com seus companheiros, se tornando mais íntimo deles e um líder mais carismático, capaz de falar de maneira não tão formal (como a Iu pediu) com os outros e também convencer alguém como a Kusue a pedir ajuda quando precisar, pois a gente sabe que dificilmente ela vai ter a coragem que ele tem de matar alguém se for preciso.

Enfim, a Jezby conta sua história (que menina azarada, parece protagonista de battle shounen) e não tenho muito o que falar dela além do jogo de palavras entre a jornada da esperança e a verdade por trás dela, a jornada da morte. O mais legal é que a “letalidade” do arco não está vindo dos monstros como eu pensava a priori devido ao goblin fortão do episódio anterior, e sim dos próprios humanos, centrado na figura do chefe.

Minha única decepção com os heróis foram os dois mais safos entre eles terem caído tão fácil em uma armadilha tão óbvia, dos outros quatro eu confesso que não esperava muita coisa, no máximo espero que não caiam no pântano e fiquem fora o resto do arco todo. Isso não deve ocorrer, assim como a garotinha não deve morrer, não após perder o pai e a mãe meio que no mesmo episódio. Que coadjuvante azarada, hein?

Ademais, gostei da conversa entre eles, Yotsuya e Glen, por como ela “abriu” um pouco o herói, aproveitando a deixa do trecho inicial para tanto. Eu não esperava ver o Yotsuya se preocupando por não ter salvo alguém que ele nem conhecia, mas depois de ter posto o pai da garota para descansar e ter visto o sofrimento dela entendo que até mesmo alguém como ele se sensibilize, se culpe, se sinta fraco por não conseguir ajudar.

Porque até mesmo alguém como ele, que se esconde sob uma capa de indiferença, é capaz de sentir, é capaz de entender que pessoas não são ferramentas, que sozinho ele pode até ser crucial para cumprir o objetivo, mas não é o único fator determinante. Inclusive, saber que as pessoas do outro mundo são mesmo pessoas pode fazer bater o remorso, mas também leva a considerar seus sentimentos, a não ser indiferente a eles.

Por fim, voltando ao chefe da vila, que netinha chata a dele, né? A garota apareceu só para ferrar o rolê, espero que pelo menos compense indo contra as maldades do avô, um personagem inesperadamente interessante, afinal, é só um velho feio e cínico que conseguiu encurralar seis heróis. Tudo bem, são seis heróis meio patetas, e que foram ainda mais patetas nesse episódio, mas não podemos desprezar seu feito.

Além disso, ainda tem os monstros e a própria dificuldade em que a vila se encontra, claramente motivada por mais que a geografia do local. A política é sempre um fator determinante em qualquer microcosmo social e na vila que não pode sumir não é diferente. Eu só queria entender o que o chefe ganha com esse isolamento e essa caça as bruxas. Vamos ver o que justifica as mortes e as mentiras que ele conta aos quatro ventos.

Até a próxima!

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