Peço desculpas pelo atraso, To Your Eternity (Fumetsu no Anata e) é uma de minhas obras favoritas e não queria ter falhado com meus artigos do anime. Ao mesmo tempo, também confesso não querer que o anime terminasse, pois temo sofrer com o final e sentirei saudades. Felizmente, a segunda temporada já foi anunciada para o outono do ano que vem. Sem mais delongas, vamos maratonar os artigos finais dessa obra-prima?

Os problemas de animação desse episodio foram evidentes, tanto que eu, como otaku velho que sou, esperei pelo pior quando vi a recapitulação se estendendo demais. Felizmente, é fato que se tinha um episódio em que dava para “avacalhar”, era esse. Teve muitas cenas que me lembraram os designs dos animes dos anos 90, para a gente ver como o estúdio terceirizado (certo que foi um) fez o bagulho nas coxas.

Isso com certeza não ajudou a aproveitar o episódio, mas também não acho que o comprometeu de todo, afinal, a ideia de alongar o desfecho do arco foi bem interessante pelo que de novo trouxe a trama. Além disso, convenhamos, nunca que o Fushi venceria e tudo acabaria bem ali. A Hayase não foi trazida de volta a história por acaso, mas para ligar o começo e o fim do anime e, creio eu, abrir outros caminhos.

Digo, o fim da primeira temporada. Fato é que ela distorceu a história que contou ao povo, mas não mentiu de todo, pois nem precisava, Quanto a jogar a Tonari “aos leões”, isso é fácil de entender, ela precisava ter alguma forma de segurar as crianças aliadas do Fushi, as quais ela mesma colocou no caminho do imortal. Aliás, não vai ser “engraçado” se a Tonari for justamente o fator determinante para o fracasso da vilã?

 

 

Voltando ao Fushi, seu sonho etéreo lembra aquele estado de “suspensão” em que ele entra quando uma vida é “anexada” ao seu catálogo. Eu sei, falar assim torna as coisas meio frias, mas não deixa de ser uma verdade. A diferença é que o Fushi vai além, ele não apenas herda as formas dos seres vivos com os quais teve contato, mas de alguma forma continua seus legados. Não é isso que fazemos com aqueles que amamos?

Isso não quer dizer que ele vai realizar todos os sonhos das pessoas que cruzaram seu caminho, mas que vê-lo feliz era também um desejo deles e, como tal, o garoto deve buscar realizá-lo. A March, a Parona, o Gugu e a Tonari não arriscaram o pescoço para protegê-lo à toa, o Fushi herdou as vontades dessas pessoas, que contribuíram para moldar a pessoa que ele é, um verdadeiro humano, no sentido subjetivo da palavra.

Do outro lado da história temos uma Hayase que quer se deitar com o Fushi, e sobre isso tenho duas hipóteses. Primeiro, ela quer realizar seu desejo, meio que um fetiche, de “tomar” o Fushi para si, o que, convenhamos, a gente pode associar ao sexo e justificaria a postura de “dona” dele que ela assumiu antes. Segundo, ela quer procriar e ver o que sai disso, mas não sei se para ajudar o país ou ganhar poder ela mesma.

A única coisa da qual tenho certeza é de que a Hayase é louca, e sim, sei que se ele tivesse a matado, sem dar chance para acordo, um cenário bem diferente se criaria a partir dali. O problema é que o Fushi não iria matar, isso jogaria pelo ralo toda a construção do personagem até aqui, então, na medida em que ele surpreendeu ao enganar sua algoz, não foi surpresa ele ter caído no teatrinho dela, que não foi de todo teatro, né.

 

 

A Tonari assumiu o posto passado a ela como uma “armadilha” e usou isso ao seu favor ao mandar crianças e chegados para fora da ilha, o tipo de acontecimento que nos prepara para o desenrolar que a abertura entrega desde o início, uma tragédia de proporções cavalares, coisa para a qual a prévia do episódios seguinte também alerta, mas sobre a qual não vou me debruçar, afinal, não tenho mais tempo para especulações.

Repetindo o que comentei mais acima, todo o desenrolar desse episódio foi previsível, diria até clichê, mas não acho que isso seja ruim, afinal, o que mais poderia ocorrer nesse tido de situação? No mundo real talvez a Tonari não tivesse voltado e sim focado na própria sobrevivência, mas é no mundo real que os humanos podem ser incoerentes com o que eram até dois minutos antes, na ficção você espera significado para as coisas.

E o ponto em que a Tonari chegou foi o da maturidade, não que ela já não fosse demasiadamente madura para alguém da sua idade, mas falo isso em um sentindo mais amplo, por sua capacidade de sentir empatia pelo próximo, de se enxergar nele (ao se reconhecer na ira do imortal) e se desviar do caminho para ajudá-lo. Para retribuir, verdade, mas também para desperdiçar os esforços de seu herói. Ainda assim, ela está certa?

Sim, pois é isso que a torna humana, a força para decidir seu próprio destino, tendo dignidade suficiente para estender a mão a quem estendeu a sua. Tonari é uma personagem encantadora e espero não chorar muito quando ela se tornar parte do Fushi. Uma história curta, incompleta, mas bela, nem pior nem melhor que qualquer outra, apenas mais um dos muitos legados que o Fushi carregará pelo resto de sua vida imortal.

Até a próxima!

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