takt op.Destiny é um anime original do estúdio Madhouse em colaboração com o estúdio MAPPA. Segue a sinopse da Crunchyroll (streaming oficial do anime).

 

“Atraídos para a Terra pela música dos humanos, estranhos monstros conhecidos como D2 agora assolam a Terra e a humanidade. Para impedir seu avanço, a música é proibida em todo o mundo. Entretanto, surgem aqueles dispostos a combater os monstros: Musicarts, garotas que manejam a música como arma, usando as grandes óperas e partituras da história a seu favor para derrotar os D2s, e os Conductors, que as orientam e guiam. Em 2047, um Conductor chamado Takt e uma Musicart chamada Destiny viajam pelos EUA, tentando reviver a música e aniquilar os D2 restantes.”

 

O conceito de takt op.Destiny é interessante, afinal, quem não se interessa por música? Contudo, não é a primeira vez em uma lembrança recente que pego um anime envolvendo música e ação para assistir (Oi Listeners) e posso dizer que é natural que eu tenha um pé atrás.

Listeners foi uma decepção e, na boa, temo o mesmo aqui. Apesar disso, é inegável que takt teve uma estreia razoavelmente consistente. As principais personagens da trama foram apresentadas, assim como os “vilões”, informações foram dadas sobre o mundo e sabemos o objetivo.

Mas convenhamos, os D2 (por que choras Marcelo D2?) são só um artifício de roteiro para explorar a dinâmica de música versus sua ausência. Sendo assim, o que resta ao anime são suas personagens e a mensagem e nenhum dos dois me cativou tanto assim nessa estreia.

Ainda assim, é inegável que o anime tem ótimos valores de produção e que há potencial para mais se apoiando em uma direção que se não fez nada de surpreendente em um episódio, também não comprometeu a ponto de eu não vislumbrar possibilidades.

Mas antes de ver o copo meio cheio e tocar na ferida, nem preciso ir muito além nas referências do anime, né? Até porque não foram muitas, diferente de Listeners, que perdeu identidade justamente ao depender demais de suas referências.

Tem um Jimmy em uma página da estreia, uma sinfonia de Beethoven na quinta, e mais popular, sequência do episódio e eles não vão para New York para serem bonecas, né?

Espero que fique nisso mesmo, em coisinha pouca, e que o foco se dê justamente a esse contraste entre o “silêncio” agonizante de um mundo sem uma nota de música e um mundo novo, sem D2, criaturas que perseguem a arte que aquece aos ouvidos. Carrascos censores.

Aliás, o Takt também é meio babaca, né? Se os D2 atacam qualquer sinal de música minimamente elaborada, então o que atacou a cidade veio por causa do piano que ele começou a tocar no meio do centro comercial.

Tudo bem, eu sei que ele luta para derrotar os monstros ao lado da Cosette, sua Musicart, mas o quanto disso ele faz para as outras pessoas e o quanto disso ele faz por ele, para saciar sua paixão ardente pela música, seja aquela que ouve ou aquela que toca?

É claro que ainda há espaço para o desenvolvimento da personagem, mas por que tenho a impressão de que essa não é tanto a intenção aqui? Pega a interação dele com a Cosette, que ele chama de Destiny (Destino), e a própria personalidade da garota e perceba como é tudo “clichê”.

Não à toa há a Anna, que vem para equilibrar as coisas no grupo, podar as arestas de personalidade dos combatentes, dirigir o carro que os leva aonde querem ir e lembrá-los sempre de que eles têm deveres, e que mesmo com poderes, um deles não necessariamente é salvar o mundo.

Digo, eles não deixam de enfrentar os D2 porque precisam chegar a New York, é só que mesmo da perspectiva dela a coisa não é urgente, não é como se tivessem o objetivo de eliminar cada D2 existente para devolver a música a todo o mundo o mais rápido possível.

E isso, mesmo se souberem não ser capazes, passa a impressão de que takt também não é muito sobre personagens. Suas personalidades são simplórias até demais, seus objetivos individualistas. Okay, a Cosette quer destruir todos os D2, mas aí deve ser a programação dela.

Não há um grande objetivo, ou melhor, uma grande inquietação (ou pelo menos ela ainda não apareceu) em nenhum dos personagens, ainda que o Takt ame a música e isso seja belíssimo. Mas, por exemplo, ele seria capaz de perder sua audição para devolver a música ao mundo?

Duvido. Não que o anime precise ou vá ser sobre isso, é só que se for o caso, então o que sobra é a mensagem, a importância da música, o valor que precisamos dar a ela antes de perdê-la (mesmo que nunca a percamos), algo que precisa ser muito bem trabalhado ou…

Ou corre o risco da animação muito bem produzida (e bastante consistente), além do roteiro conciso (mesmo que pouco interessante) junto de uma direção competente (e um tanto criativa) não serem capazes de fazer isso, pois, por melhores que possam ser, o importante aqui é a música.

Que vai salvar o mundo ou ser salva por ele? Pois por mais que o mundo sem música seja mais triste, posso mesmo dizer que não há vida sem ela (surdos de nascença vivem sem)? Não é capricho tentar recuperá-la, de forma alguma, mas o quanto é culpa dela e o quanto é nossa culpa?

Afinal, o mundo mudou devido a perseguição dos D2 a música, e tem super heróis (Conductors e Musicarts) que bagunçam essa ideia da música ser a vítima ou a vilã. Okay, dois deles, mas são os protagonistas. E nem acho que a música é a vilã. Vamos ver o que a produção acha também.

Até a próxima!

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